Sinopse: Dois irmãos, um ex-presidiário
e um pai divorciado, perderam a fazenda da família em West Texas e decidem
assaltar um banco como uma chance de se restabelecerem financeiramente. Porém,
cruzam com um delegado que tudo fará para capturá-los.
O gênero faroeste já teve
sua fase de ouro, estabilidade, decadência, morte e ressurreição ao longo das décadas.
Atualmente, uma vez ou outra, surgem títulos promissores e que revitalizam esse
gênero, como Os Indomáveis, Appaloosa - Uma Cidade Sem Lei e Os Oito Odiados de
Tarantino como exemplo. Nos últimos quinzes anos, surgiu um subgênero dentro
desse gênero, que é o faroeste contemporâneo, ou mais precisamente faroestes
que se passam nos dias atuais, como no caso de Onde Os Fracos Não Tem Vez e A Qualquer Custo é o mais belo exemplar do
momento.
Dirigido por David
Mackenzie (Essa Noite você é minha) acompanhamos a cruzada de dois irmãos que
decidem assaltar o maior número de bancos de algumas cidades do interior do Texas.
Tanner Howard (Bem Foster de 360) é um ex-presidiário, mas com coração de ouro
e que não medirá esforços para ajudar o seu irmão Toby Howard (Chris Pine, de
Star Trek), que está endividado após ter se separado de sua esposa. Juntos
acabam chamando atenção do policial veterano Marcus Hamilton (Jeff Bridges) e
de seu parceiro Albert (Gil Birmingham) e assim começa a caçada de gato e rato.
Mas diferente do que
se pode imaginar, não estamos diante da típica história de mocinho contra
bandido, mas sim de apenas pessoas comuns, das quais fizeram as suas escolhas e
que irão enfrentar as suas consequências. Tanto a dupla de ladrões, como também
a dupla de policiais, vivem num Texas vendido por grandes corporações de petróleo,
pelo sistema movido pelo dinheiro e cada vez mais se tornando uma imagem pálida
se for comparado ao que já foi um dia. O resultado disso é o surgimento em cena
de pessoas comuns, cansadas, bem distantes dos ícones do passado, mas ao mesmo
tempo dispostos a tocar as suas vidas, mesmo que por tão pouco.
Apesar do clima
pessimista, o filme é carregado de um humor negro afiado, do qual nos arranca
algumas risadas, mesmo com o clima de incerteza com relação ao futuro dos
personagens. Tanto na cruzada dos bandidos, como também dos policiais ao
encalço deles, surgem figuras estranhas, mas ao mesmo tempo carismáticas e que
roubam a cena mesmo em poucos segundos de presença: o discurso de uma velha garçonete
que atende a dupla de policiais é hilário.
Embora o roteiro se encarregue
em focar as motivações que levam os dois irmãos a abraçarem o mundo do crime, é
na dupla de policiais veteranos que o filme ganha um sabor especial. Jeff
Bridges se sobressai ao interpretar esse policial veterano, que está prestes a
se aposentar, mas que não sabe fazer nada na vida a não ser isso e infernizar o
seu companheiro com comentários preconceituosos. Aliás, é preciso reconhecer o
esforço e bom desempenho do ator Gil Birmingham que, não é apenas um mero
companheiro índio do personagem de Bridges, como também fala certas verdades
com relação ao seu povo, ao homem branco e sobre a terra da qual eles pisam e
que cada vez se encontra mais perdida nas mãos de um governo que ignora os seus
verdadeiros donos.
O ato final reserva
alguns momentos de ação, tiroteio, mas nos brindando com momentos imprevisíveis
e que nos deixam em aflito. Mas após o cessar fogo, testemunhamos os dois lados
da mesma moeda numa situação corriqueira, como se os conflitos do passado fossem
o de menos, mas sim tentam compreender o que levaram ambos a terem chegado aquele
ponto. Esse ápice acaba se tornando uma espécie de metáfora de um futuro indefinido,
não somente com relação aos personagens centrais, como também do mundo em volta
do qual eles vivem.
A Qualquer Custo é uma
pequena joia cinematográfica e que faz uma dura crítica a uma realidade cada
vez mais hipócrita, independente de qual lugar que seja.
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