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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Cine Dica (breve em cartaz): A Qualquer Custo



Sinopse: Dois irmãos, um ex-presidiário e um pai divorciado, perderam a fazenda da família em West Texas e decidem assaltar um banco como uma chance de se restabelecerem financeiramente. Porém, cruzam com um delegado que tudo fará para capturá-los.
O gênero faroeste já teve sua fase de ouro, estabilidade, decadência, morte e ressurreição ao longo das décadas. Atualmente, uma vez ou outra, surgem títulos promissores e que revitalizam esse gênero, como Os Indomáveis, Appaloosa - Uma Cidade Sem Lei e Os Oito Odiados de Tarantino como exemplo. Nos últimos quinzes anos, surgiu um subgênero dentro desse gênero, que é o faroeste contemporâneo, ou mais precisamente faroestes que se passam nos dias atuais, como no caso de Onde Os Fracos Não Tem Vez e A Qualquer Custo é o mais belo exemplar do momento. 
Dirigido por David Mackenzie (Essa Noite você é minha) acompanhamos a cruzada de dois irmãos que decidem assaltar o maior número de bancos de algumas cidades do interior do Texas. Tanner Howard (Bem Foster de 360) é um ex-presidiário, mas com coração de ouro e que não medirá esforços para ajudar o seu irmão Toby Howard (Chris Pine, de Star Trek), que está endividado após ter se separado de sua esposa. Juntos acabam chamando atenção do policial veterano Marcus Hamilton (Jeff Bridges) e de seu parceiro Albert (Gil Birmingham) e assim começa a caçada de gato e rato.
Mas diferente do que se pode imaginar, não estamos diante da típica história de mocinho contra bandido, mas sim de apenas pessoas comuns, das quais fizeram as suas escolhas e que irão enfrentar as suas consequências. Tanto a dupla de ladrões, como também a dupla de policiais, vivem num Texas vendido por grandes corporações de petróleo, pelo sistema movido pelo dinheiro e cada vez mais se tornando uma imagem pálida se for comparado ao que já foi um dia. O resultado disso é o surgimento em cena de pessoas comuns, cansadas, bem distantes dos ícones do passado, mas ao mesmo tempo dispostos a tocar as suas vidas, mesmo que por tão pouco.
Apesar do clima pessimista, o filme é carregado de um humor negro afiado, do qual nos arranca algumas risadas, mesmo com o clima de incerteza com relação ao futuro dos personagens. Tanto na cruzada dos bandidos, como também dos policiais ao encalço deles, surgem figuras estranhas, mas ao mesmo tempo carismáticas e que roubam a cena mesmo em poucos segundos de presença: o discurso de uma velha garçonete que atende a dupla de policiais é hilário.
Embora o roteiro se encarregue em focar as motivações que levam os dois irmãos a abraçarem o mundo do crime, é na dupla de policiais veteranos que o filme ganha um sabor especial. Jeff Bridges se sobressai ao interpretar esse policial veterano, que está prestes a se aposentar, mas que não sabe fazer nada na vida a não ser isso e infernizar o seu companheiro com comentários preconceituosos. Aliás, é preciso reconhecer o esforço e bom desempenho do ator Gil Birmingham que, não é apenas um mero companheiro índio do personagem de Bridges, como também fala certas verdades com relação ao seu povo, ao homem branco e sobre a terra da qual eles pisam e que cada vez se encontra mais perdida nas mãos de um governo que ignora os seus verdadeiros donos.
O ato final reserva alguns momentos de ação, tiroteio, mas nos brindando com momentos imprevisíveis e que nos deixam em aflito. Mas após o cessar fogo, testemunhamos os dois lados da mesma moeda numa situação corriqueira, como se os conflitos do passado fossem o de menos, mas sim tentam compreender o que levaram ambos a terem chegado aquele ponto. Esse ápice acaba se tornando uma espécie de metáfora de um futuro indefinido, não somente com relação aos personagens centrais, como também do mundo em volta do qual eles vivem. 
A Qualquer Custo é uma pequena joia cinematográfica e que faz uma dura crítica a uma realidade cada vez mais hipócrita, independente de qual lugar que seja.  

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