24. Ganga Bruta
(1933), de Humberto Mauro
Sinopse: Na noite de núpcias,
um homem descobre que sua mulher não era virgem e, enfurecido, a mata.
Absolvido, vai para uma pequena cidade, contratado para prestar serviços de
construção e acaba apaixonando-se por uma jovem inocente.
Em sua primeira
exibição, Ganga Bruta renderia pouco menos de 15 mil réis, sendo que os
cinéfilos cariocas da época chamaram o filme de “Abacaxi da Cinédia”, “o pior
filme de todos os tempos”. Humberto Mauro ficou conhecido como “Freud de
Cascadura” (referindo-se a cidade onde nasceu) e sobre a Cinédia diziam que
daria uma “esplêndida fábrica de goiabada”. Assim eram recebidos os filmes que
fugiam do senso comum, ditos de vanguarda, consequentemente o filme logo saiu
de circulação e caindo no esquecimento. Porém, foi preciso que os anos
passassem e o acaso para que Ganga Bruta tivesse outra chance na história. Carl
Scheiby, remexendo nos arquivos da Cinédia encontrou os negativos, remontou-os
(com aprovação de Humberto Mauro) e exibiu-os, no ano de 1952, na 1a
Retrospectiva do Cinema Brasileiro e, finalmente, obtendo sua consagração.
Ganga Bruta é um dos
mais belos filmes já feitos. Não apenas pelo roteiro que apresenta a trama de
forma não linear, através de Flashbacks, como também pelo apuro técnico, pela
inventiva utilização de técnicas cinematográficas de vanguarda em união com uma
linguagem sensorial, instintiva, sensual. Usavam pela primeira vez três câmeras
para filmar uma sequência, além do criativo uso do som, pontuado de ruídos, sussurros
e uma intervenção musical. Curiosamente o filme transita pelo mudo e o sonoro,
já que naquele o cinema falado estava começando a dar os seus primeiros passos
no Brasil e no mundo.
25. BANG BANG (1971)
Sinopse:Nas palavras
de um dos personagens “Era uma vez três bandidos muito maus. Dizia-se que um
deles era a mãe dos outros, mas nada se sabia ao certo. Roubavam tudo, matavam
tudo, comiam tudo. Mas isso também não se sabia ao certo”.
Experimental, confuso, desconexo, dinâmico,
alucinado. O filme de Andrea Tonacci
esbanja planos sequências de longa duração que, quase sempre, não estão
diretamente relacionados com o plano anterior ou seguinte. Um espectador
desatento poderia até pensar que não existe relação alguma, o que não estaria
de todo errado. O grande segredo de Bang Bang, para mim, é justamente esse caos
narrativo. A história é o que menos importa, e Tonacci deixa isso bem claro no
final quando pela primeira vez a “mãe” dos ladrões começa contar a história do
filme, mas é interrompida por uma torta sem remetente. O destinatário é claro:
a todos aqueles que precisam e procuram uma narrativa transparente. Para eles o
diretor manda uma torta, a lá "Gordo e Magro ou os Três Patetas".
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