Sinopse: Nos anos
1980 no Teerã, durante a guerra Irã-Iraque, mãe e filha tentam sobreviver em
meio a explosões de bombas e mísseis. Com o passar do tempo, o conflito é
intensificado e mãe se torna obcecada pela ideia de que sua filha está possuída
por espíritos malignos chamados Djinn.
O filme Demon do ano passado não
era apenas um filme de terror, como também uma espécie de crítica de uma sociedade
que se encontra cada vez destruindo mais suas raízes e dando lugar ao novo e
sem conteúdo. Nesses casos, o horror acaba se tornando pano de fundo, dando lugar
a inúmeras possibilidades e gerando um ótimo debate após a sessão. Em Sob As
Sombras o horror, aparentemente sobrenatural, por vezes, se torna mero coadjuvante
e dando lugar ao fato de que opressão é muito mais perigosa do que a própria
figura de um fantasma.
Estamos nos anos 80, onde irã e
Iraque travam uma feroz guerra. Em meio essa situação, uma iraniana (Narges
Rashidi) tenta seguir os passos da mãe como médica, mas é impedida de
concursar por ter pertencido à oposição e contra a revolução de 1979. O marido
é convocado para ajudar os feridos na guerra enquanto ela e sua filha ficam
isoladas no apartamento onde vivem. Enquanto a maioria das pessoas abandona o prédio
devido aos bombardeiros, eventos ocorrem, fazendo com que as duas permaneçam no
apartamento e ao mesmo tempo coisas estranhas começam a acontecer.
Dirigido pelo estreante Babak
Anvari, o filme começa com um cenário nada acolhedor para as mulheres que vivem
naquele país, pois basta não usar véu na rua, que a mulher pode ser presa, ou
até mesmo apedrejada. O que gosta de fazer, ou até mesmo apreciar algo de fora
(como fitas de vídeo de aeróbica americana) tem que ser às escondidas e fazendo
com que o seu dia a dia se torne uma prisão. Com esse cenário, nem seria preciso
uma entidade sobrenatural para assombrar a protagonista, mas eis que essa
situação imprevisível acontece e fazendo com que tenhamos inúmeras interpretações
do porque elas surgem.
Na realidade, o horror pode
estar acontecendo em duas frentes na trama, onde a crença dá indícios de que
realmente algo sobrenatural no ar. Porém, o cenário de opressão pode-se criar
muito bem um terror psicológico, já que as duas personagens centrais podem
muito bem estarem sendo enganadas por suas próprias mentes. O filme nos dá
então essa possibilidade de escolher sobre o que pode estar realmente acontecendo,
convidando tanto o crente como o descrente a assistir e debaterem então juntos.
Em meio a isso, o cineasta
nos brinda com todos os ingredientes para um bom filme de terror. Como vivemos
num tempo em que vultos no escuro, madeira rangendo e figuras fora de foco
amedrontam o cinéfilo, aqui não poderia ser diferente, mas tudo acontecendo a
serviço de uma boa história, da qual nos manténs ligados a ela até o final de
sua projeção. É claro que haverá alguém que irá comparar o filme com O Chamado,
Água Negra e até filmes recentes como Invocação do Mal, mas nenhum deles possui
ao fundo um teor crítico tão forte nas entrelinhas e fazendo então toda a diferença
para a história.
Com pouco mais de uma
hora meia, Sob As Sombras é um exemplo de filme de horror do qual não é necessário
haver litros de sangue na tela para nos assustar, pois basta o nosso mundo real
não ser tão acolhedor para já nos deixar apreensivo com relação ao que vem a
seguir.
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