Nos dias 12 e 13 de
novembro eu irei participarei do curso Abbas Kiarostami: A invenção do real,
criado pelo Cine Um ministrado pela jornalista Ivonete Pinto. Enquanto os dias
da atividade não chegam, por aqui eu irei relembrar um pouco de cada um dos
seus filmes, dos quais ele transmitia o seu lado mais criativo. Algo que infelizmente se encontra cada vez
mais raro no cinema atual.
O Relatório (1977)
Sinopse: Um
funcionário público do Ministério das Finanças é acusado de corrupção; ao mesmo
tempo, seu casamento está em crise. Após uma violenta discussão com a esposa,
ela tenta o suicídio.
O negativo original
de O Relatório foi aparentemente destruído durante a revolução, ou golpe, iraniana.
A única cópia sobrevivente é uma master de vídeo feita a partir da cópia do
lançamento na Inglaterra. Exibido na sessão Raros da sala PF Gastal de Porto
Alegre deste ano, o público teve o privilegio de assistir um Irã não muito
diferente do que se via com relação aos costumes do ocidente, mas já dando indícios
de que algo de diferente iria mudar no país como um todo.
Neste que é uma de suas primeiras obras, Kiarostami
já demonstra dotes de um grande cineasta que viria a ser reconhecido anos mais
tarde pelo mundo.
Onde Fica a Casa do Meu
Amigo? (1987)
Sinopse: Menino de
oito anos precisa devolver bloco de anotações que pegou por engano de um amigo
ameaçado de ser expulso da escola.
O diretor Kiarostami,
já nos créditos iniciais, prepara o caminho para um ensaio visual de ritmo
lento sobre o cotidiano de uma pequena aldeia no interior do Irã. Através do
pequeno herói protagonista da trama, podemos passar de porta em porta, onde
vemos ele pedindo às pessoas que o ajudem. Em cada parada Ahmad vai construindo
sua jornada e adquirindo informações. Nós que assistimos, ficamos apreensivos
pela possível punição que ele sofrerá quando retornar para casa. Não só isso,
mas tememos também que algo de muito pior aconteça. Em pouco tempo, nos
encontramos nervosos, sem nunca sabermos o que iremos encontrar no próximo
beco. É nessa idas e vindas que testemunhamos um cotidiano pacato de pessoas
simples e de como estas sobrevivem ao longo do seu dia a dia.
Close-up (1990)
Sinopse: Jovem
cinéfilo apaixonado pelo trabalho do diretor iraniano Mohsen Makhmalbaf acaba
preso ao se fazer passar pelo famoso diretor e vai a julgamento, acusado por
uma família rica de falsidade ideológica, roubo e extorsão.
Abbas Kiarostamis
sempre preferiu trabalhar com amadores e fora dos estúdios. O som direto, a
falta de música e os silêncios prolongados compõem o espaço sonoro do cinema
deste realizador. Detrás do silêncio, existe uma atitude reflexiva vinda dele.
O cinema de Kiarostami se concentrava na economia das palavras e oferece-se uma
alternativa viável ao excessivo cinema dito de mainstream. Close Up de 1990, é
um documentário com atores reais de uma historia também real, em que um homem
se faz passar por um realizador Iraniano famoso.
O filme tem imagens
reais como foi no tribunal ou quando o personagem principal estava na prisão, às
restantes imagens são fictícias, embora sempre com as personagens reais.
E a Vida Continua
(1991)
Sinopse:Após a
tragédia do terremoto de Guilan, na busca de pessoas que trabalharam com ele
anos atrás, um diretor de cinema e seu filho encontram a fé e a esperança em
pessoas que perderam tudo após o acontecimento.
Embora muitos
considerem esse filme como parte de uma trilogia que o cineasta criou (ao lado
de Onde fica a Casa do meu Amigo? e Através das Oliveiras) é uma obra que pode
ser vista também independente de ter ou não visto os filmes anteriores. A busca
dos dois protagonistas da trama por pequenos atores é feito com um velho
automóvel percorrendo a árida paisagem devastada pelo terremoto no Irã. Tudo
apontará para o trágico. Mas não trilha por esse caminho, certamente mais
fácil, Kiarostami. Ele prefere a vida. A reconstrução dos seus moradores a
partir dos escombros, com o barulho intermitente de caminhões, britadeiras,
marretadas, todos os sons e imagens se dirigem para os elementos vitais, como
se a vida fluísse involuntariamente aos sentimentos que poderíamos impingir
pelas milhares de mortes que sabemos presentes.
Através das Oliveiras
(1994)
Sinopse: Uma cidade
no norte do Irã, arrasada por um terremoto, serve de locação para um filme. O
diretor contrata atores locais, sem saber que os intérpretes dos protagonistas
foram impedidos de se casarem, na vida real, pela família da moça. Durante as
filmagens, ele tenta conquistar a amada.
A lente de Kiarostami nos
mostra uma história de amor que surge gradualmente entre um casal de atores. Há
um forte caráter metalingüístico e há também um apurado e pessoal olhar do
diretor para as pessoas simples que são recrutadas para trabalhar no filme.
Através das Oliveiras é uma obra que passa uma grande sensibilidade e beleza. E
que não perde o seu principal foco que é apresentar o lado mais humano de cada
um dos personagens.
Mais informações e inscrições
você confere clicando aqui.
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