Nos dias 22 e 23 de
outubro eu estarei participando do curso Cinema Explícito: Êxtase, censura e
transgressão, criado pelo Cine Um e ministrado pelo escritor e crítico de
cinema Rodrigo Gerace. Enquanto os dias da atividade não chegam, por aqui eu
irei relembrar um pouco dos principais filmes do cinema explicito, dos quais
não só nos excita como também nos provoca e nos faz pensar.
A SERBIAN
FILM: TERROR SEM LIMITES (2011)
Sinopse:Na Sérvia, o ator pornô apostentado Milos (Srdjan Todorovic) tem uma vida tranquila com sua amada esposa Marija (Jelena Gavrilovic) e seu pequeno filho Peter, que só lhe dá orgulho e alegria. A família vem enfrentando problemas financeiros e por isso Milos decide voltar à ativa. Ele recebe uma proposta para participar de um filme pornô experimental e é apresentado ao diretor Vukmir (Sergej Trifunovic). O ator assina um contrato às escuras, sem saber que o iria participar de um filme snuff, repleto de pedofilia, necrofilia, tortura física e mental. Ele tentará proteger a sua família e a si mesmo quando perceber no que está envolvido, mas nem todos os filmes tem um final feliz.
Nem vou me alongar
sobre a vasta polêmica que se alastrou na época de lançamento desse filme e que
acabou sendo censurado por aqui em nossos cinemas por algum tempo. O que eu
irei falar aqui é sobre as qualidades e os pontos negativos que esse filme
possui e que deu o que falar. Para começar, o filme não faz uma apologia à
pedofilia, mas sim é uma espécie de grande denuncia do qual faz contra esse
mundo obscuro que se esconde dentro do gênero pornográfico, mais precisamente
os tais snuff movies onde contem estupros, espancamentos e até mesmo (há quem
diga) mortes reais filmadas.
Em seu primeiro
filme, o diretor sérvio Srdjan Spasojevic não poupa nem o espectador e tão
pouco o protagonista (Srdjan Todorovic). Ao adentrar neste território que,
mesmo saindo vivo, o protagonista ficará marcado pelo resto da vida, devido aos
momentos terríveis onde o diretor pornográfico da história (Sergej Trifunovic) o
leva a cometer atos terríveis e o drogando com altas doses para torná-lo um
zumbi descontrolado por sexo. É nestes momentos que o ator Sergej Trifunovic
rouba cena, pois ficamos perplexos em vê-lo falar com a maior naturalidade e
defendendo o que ele faz, pois segundo ele, é arte e que deveria ser respeitada.
É nesses momentos em que
há sequências que vão do chocante ao hilário, principalmente em tiradas que,
por mais absurdas que sejam as situações, são de humor negro puro, como a frase
que ele dispara em determinado momento da trama (“meu filme esta fugindo pela
janela”). Visualmente, Serbian film é bem interessante, devido aos seus
cenários excêntricos dos tais atos, mais parecendo uma representação de um
sonho que, gradualmente, vai se tornando em pesadelo na medida em que o filme
começa a ficar cada vez mais e mais pesado. Mas acredito que não havia uma
forma de ser diferente.
Muito embora haja partes
que realmente chocam somente por chocar, como a tão polêmica cena de estupro de
um recém nascido que, mesmo que todo mundo saiba que aquilo é um boneco
eletrônico (visto recentemente no youtube), não há como não ficar desconcertado
e enjoado, tanto na versão censurada (onde é mais sugestiva) como a sem cortes
que chega ser horrível demais para ser vista. É aí que o diretor falha em seu
filme denúncia, ao fazer cenas chocantes somente para horrorizar,
principalmente no ato final em que o protagonista cai numa armadilha que custará
sua sanidade, mas quando chega a esse momento, o espectador já tem uma base do
que ira acontecer. Isso logicamente acontece porque já termos tido uma dose de sequências grotescas e, com isso, a cena chave do filme se torna previsível e
nada surpreendente se comparada a outros filmes que tocaram com o mesmo tema
como Old Boy do qual foi anos luz melhor em querer surpreender e chocar.
Entrando para o rol dos
filmes polêmicos da história do cinema, Serbian film poderia muito bem ter se
tornado somente um pequeno filme cultuado pela sua produção de altos e baixos,
mas que não sabe ao certo se veio para se criar uma reflexão ou simplesmente
chocar em alguns momentos. De qualquer forma, isso foi o suficiente para causar
barulho e inúmeros debates acalorados naquele período.
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