Sinopse: Adri acabou de se
formar na faculdade de artes e leva uma rotina bem restrita entre o trabalho e
suas idas ao terapeuta. Mas certo dia, na escada do prédio onde mora, Adri
conhece a vizinha Mona, surgindo uma paixão entre elas.
O filme começa já nos dando uma dica de uma
possível tragédia iminente. Quando isso acontece, não temos muito tempo para
administrar, mas sim comprarmos a idéia sem pensar. Quando é mostrado como as
duas protagonistas se conhecerão, imediatamente elas já consumam uma paixão
ardente, sem pensar nas consequências, assim como nós daqui do lado da tela em
comprar facilmente a proposta e sem tempo para pensar sobre ela.
Dirigido e roteirizado
por Fabiano de Souza, o filme explora dois dias de cada mês da vida amorosa de
Adri (Miriã Possani) e Mona (Carina Dias). Quando ambas se conhecem na descida
de um prédio, imediatamente partem para uma paixão envolvendo muito amor e
sexo. Não demora muito para que esse amor surja conflitos com relação a
diferenças, desejos e ciúmes.
Basicamente é um
filme sobre o nascimento, amadurecimento e redenção de um relacionamento entre
duas garotas distintas, mas que em termos de semelhança, ambas possuem o desejo
uma pela outra em pé de igualdade. O charme do filme é em retratar essa relação
das duas somente em dois dias de cada mês que a trama se passa, além de as
vermos subindo e descendo as escadas da cidade, como se cada andança nos
degraus fossem uma passagem de mudanças. Ao mesmo tempo, o filme vai soltando
na tela acontecimentos significativos pelo país e o mundo, como se isso fosse
uma representação de mudanças das quais elas vão passando e testemunhando.
Miriã Possani e
Carina Dias se saem muito bem em cena e a química de ambas vista na tela nos
convence principalmente nos momentos em que o roteiro exige um grau de
verossimilhança para que nós possamos nos identificar com elas. Infelizmente o
filme peca em alguns momentos quando os diálogos soam shakespearianos demais,
como se o roteirista tentasse colocar um pouco de açúcar, quando na realidade
era para ser mais realista: a cena do aeroporto, por exemplo, sofre muito bem
disso.
Contudo, quando o
filme desliza para o previsível, pelo menos a sua montagem engenhosa faz a
diferença. Não há como negar que apresentação de ambas caminhando pelas ruas de
Porto Alegre, faz com que a cidade se torne um terceiro personagem, ou até
mesmo algo que faça parte de suas vidas. Sou suspeito a dizer, já que eu
frequento sempre a capital gaúcha, mas vê-la na tela com todo ar de sua graça,
faz com que se torne uma experiência a mais além da trama principal.
Em seu ato final,
tudo se encaminha para o derradeiro momento do qual foi nos apresentado nos
minutos inicias da trama. Infelizmente o roteiro peca ao nos apresentar algo
bem mais mastigado, mas que vai contra as nossas expectativas. Se isso fosse
apresentado numa comédia romântica qualquer até seria válido, mas destoa com o
restante da obra, como se o roteirista não tivesse coragem de nos levar muito
além das nossas perspectivas.
Apesar dos pesares, Nós Duas
Descendo a Escada é um filme para ser visto mais pela sua proposta, em
aceitarmos a relação de duas garotas como algo corriqueiro, em meio a uma
cidade grande sempre em mudanças constantes.
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