Nos dias 08 e 09 de
outubro eu estarei participando do curso Michael Haneke: O lado sombrio do
nosso tempo, criado pelo Cine Um e ministrado pelo jornalista Bruno Maya. Enquanto os dias da atividade não
chegam, por aqui eu irei postar sobre os filmes que o cineasta já fez e
analisar um pouco sobre o porquê do seu cinema chocar, mas fascinar.
A FITA BRANCA (2010)
Sinopse: Às vésperas
da Primeira Guerra Mundial, estranhos eventos perturbam a calma de uma pequena
cidade na Alemanha. Uma corda é colocada como armadilha para derrubar o cavalo
do médico, um celeiro é incendiado, duas crianças são sequestradas e
torturadas. Gradualmente, estes incidentes isolados tomam a forma de um
sinistro ritual de punição, deixando a cidade em pânico. O professor do coro de
crianças e jovens da escola local investiga os acontecimentos para encontrar o
responsável, e aos poucos desvela a perturbadora verdade.
Michael Haneke é um
diretor ousado ao fazer inúmeras analises sobre a maldade e a loucura humana.
Filmes como A Professora e o Piano e Violência Gratuita que são retratos do
lado sombrio e louco da alma humana e que simplesmente não existe explicação do
porque ser assim. Em seu novo filme é mais ou menos isso, não há explicação.
Através de eventos
estranhos que acontece em um vilarejo, o diretor investiga cada traço dos
rostos dos seus personagens que, vão se transformando ao longo da projeção, faz
um verdadeiro retrato dos costumes desse lugar e que vai caindo à máscara aos
poucos, e com isso, seriam eles os responsáveis pelas atrocidades que estão
acontecendo? O diretor não dá respostas, ele simplesmente dá ao espectador,
através da vida de cada uma dessas pessoas do vilarejo, uma pequena dica do que
viria mais tarde, tanto na primeira, como na Segunda Guerra mundial na qual. O país
se enterraria e seria responsável, em parte, por uma das maiores atrocidades
contra a humanidade. Destaque pela fantástica fotografia em preto e branco como
nunca antes vista em muito tempo.
AMOR (2013)
Sinopse: Georges
(Jean-Louis Trintignant) e Anne (Emmanuelle Riva) são um casal de aposentados,
que costumava dar aulas de música. Eles têm uma filha musicista que vive com a
família em um país estrangeiro. Certo dia, Anne sofre um derrame e fica com um
lado do corpo paralisado. O casal de idosos passa por graves obstáculos, que
colocarão o seu amor em teste.
“Pessimismo” é a palavra que melhor define a
filmografia de Michael Haneke como um todo. Nos seus filmes, os seus
personagens nos incomodam, nos fazer pensar e nos surpreendem pelas suas
atitudes imprevisíveis, mas ao mesmo tempo humanas. Em Amor, embora seja um filme
leve se comparado a outras obras do cineasta, não deixa de ser incomodo o fato
que, o que vemos na tela, nada mais é do que um retrato de uma situação que
todos nós um dia iremos passar queira ou não.
O filme já começa com
isso, onde vemos um grupo de bombeiros e policiais arrombando um apartamento,
para então encontrar uma idosa, jaz morta em seu leito. Haneke já de cara nos
prepara o terreno para o que estar por vir e mesmo à gente já sabendo o que irá
acontecer, mas até lá, vemos a degradação psicológica e física que o casal de
idosos protagonista passa, devido ao fato da esposa ter sofrido um derrame.
Raramente outros personagens de fora contracenam com eles (a não ser um
pianista ou a filha), sendo que aquele universo apresentado por nós é somente
eles e o apartamento que, embora esse último esteja cheio de riquezas culturais
como livros e musicas, aos poucos se
torna um cenário mórbido, mesmo não havendo nenhuma alteração.
Não há salvação, nem
esperança, apenas as coisas vão acontecendo e piorando. Nestes momentos, é
quando Jean Luis Trintignant e Emmanuelle Riva se sobressaem e principalmente
ela, que nos surpreende no princípio do filme, onde a sua personagem dá os primeiros
sinais de um mal que estará por vir. Mas não há como negar que Trintignant
é quem rouba o filme da metade para o final, sendo que seu personagem
começa a sentir o grande peso que é de ter que cuidar de sua esposa, que cada
vez mais se distancia dessa vida. O ator
consegue passar para o espectador controle, mas ao mesmo tempo um desespero
interior do seu personagem, que o leva a uma difícil decisão que, embora possa
ser terrível para alguns, fez na verdade por amor a esposa, por mais mórbido
que seja.
Mesmo com esse retrato sobre
o fim da vida de cada um de nós, Michael Haneke nos brinda com momentos nos
quais nos dá certa esperança, mas isso somente aflora dependendo de cada pessoa
que for assistir, sendo crente ou não sobre os significados da vida e da morte.
É um filme que vai junto com a gente quando nos saímos de dentro do cinema e
que, embora não nos traga nenhuma sensação agradável, sabemos que acabamos de
assistir algo diferente e ao mesmo tempo familiar para todos nós.
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