Sinopse:Julia (Marina
Person) e Eduardo (João Miguel) são casados e têm filhos. Eles estão juntos há
muito tempo e os conflitos são grandes empecilhos para a continuidade do
relacionamento. Tudo piora com as tentativas de suicídio dela.
A realidade pode se tornar cruel no decorrer do tempo, fazendo com que
passemos por adversidades, das quais testam os nossos limites físicos e
mentais. Quando não passamos na prova, a nossa mente por então quebra, fazendo
com que ela se torne a nossa pior inimiga. O terror psicológico de filmes
passados (Repulsa do Sexo) e filmes recentes (Cisne Negro) representa essa
minha teoria e Canção da Volta, mesmo não indo a fundo nessas questões, nos
apresentada um ensaio para esse possível quadro.
Dirigido pelo estreante Gustavo Rosa de Moura, acompanhamos o passado e
o presente da vida de Julia (Marina Person) e Eduardo (João Miguel) que,
aparentam ser um casal perfeito ao lado dos seus filhos, mas que possuem cicatrizes
físicas e mentais muito piores do que se imaginam. Em certa ocasião, Julia
comete uma tentativa de suicídio, levando a família por inteira para um caminho
sem volta e revelando então uma nova faceta de cada um deles até então
desconhecida.
Inspirado na típica família contemporânea, o filme destrincha o dia a
dia de cada um desses seres, dos quais se veem consumidos pelo aceleramento da
rotina, ao ponto de esquecerem-se do que é mais importante. Bem sucedidos, o
casal central procura uma forma para se sentirem vivos, mas não pensando nas
consequências que irá atingir um ao outro. Uma vez que Julia comete tal ato do
suicídio, Eduardo se apresenta aos poucos como uma pessoa paranoica, tentando
compreender o porquê dela ter tentado tirar a própria vida, mas fazendo com que
saia da linha e machucando tanto ela como consigo próprio.
No decorrer do filme, testemunhamos alguns momentos que levantam mais
perguntas do que respostas e fazendo com que nós criemos as nossas próprias
teorias: a cena em que Eduardo enxerga (ou sonha) com as saídas da casa todas
coberto por terra, talvez venha a ser a representação sobre o que ele pensa com
relação a Julia, dela sempre usar uma camada protetora, se isolando dentro do
seu próprio mundo e jamais explicando com exatidão as suas ações. Isso faz com
que nasça dentro de Eduardo uma pessoa que até então ele desconhecia, ou que
estava simplesmente adormecida e fazendo nos perguntar quem foi realmente o
causador de toda essa realidade acinzentada na vida do casal.
Se João Miguel (Estômago) nos brinda novamente com uma ótima atuação, a
surpresa fica por conta da própria presença de Marina Person na área de
atuação. Conhecida popularmente como Vj da MTV Brasil na década de 90, Marina
foi abraçando inúmeras áreas culturais, até chegar ao ponto de recentemente
dirigir o seu primeiro longa metragem intitulado Califórnia. Já aqui, Marina
não se intimida na frente da câmera, ao ponto dela se transformar por completo,
criando para a sua personagem um ser que anseia por adquirir asas e tentar se
encontrar na vida após um passo em falso que poderia ter lhe custado muito.
Tanto Person como Miguel se entregam por completo, em momentos de pura
tensão e que testam à química um pelo outro em momentos distintos: a cena de
sexo entre o casal surge inesperadamente e passando um momento de prazer, mas
ao mesmo tempo uma confusão interna da qual passa os seus respectivos
personagens. O sexo, aliás, se torna no decorrer da trama, tanto como uma
válvula de escape para que os personagens se sintam um pouco mais aliviado,
como também uma espécie coroa de espinho que vai encravando na mente já
debilitada de cada um deles.
Embora com um tempo curto para apresentar uma trama cheia de camadas,
Canção da Volta é um pequeno estudo sobre o comportamento e estado de espírito
do indivíduo atual, do qual se encontra cada vez mais ansiando pela sua
individualidade, mas que no fundo não deseja estar sozinho no final do
percurso.
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