Sim, o gênero de
horror existe no Brasil e ele será tema do próximo curso de cinema, criado pelo
Cine Um e ministrado pelo Jornalista, crítico, historiador e pesquisador
dedicado a tudo que se refere ao cinema de horror mundial Carlos Primati. O
curso ocorre nos dias 29 e 30 de Agosto no Cine Capitólio. Enquanto os dias da atividade não chegam,
irei postar por aqui sobre os filmes de horror que eu tive o privilegio de
assistir, seja em DVD ou no cinema.
O Estranho Mundo de
Zé do Caixão (1968)
Sinopse: Elevado ao
estado inatingível dos seres sobrenaturais, Zé do Caixão desfia sua filosofia e
apresenta três contos.
O estranho mundo de Zé do Caixão (1968) é
composto por três curtas-metragens: O fabricante de bonecas, Tara e Ideologia.
O primeiro narra à história de Mestre Bastos, um idoso fabricante de bonecas
reconhecido pelo seu trabalho aprimorado e detalhista, sobretudo, pelo aspecto realista
dos olhos de suas criações. Ao saber que o idoso guardava seu dinheiro em sua
oficina, um grupo de assaltantes planeja invadir o local para roubá-lo. Ao por
em prática o plano, eles se deparam também com as belas filhas do mestre, que o
ajudavam na confecção, e decidem estuprá-las. Porém, as coisas não caminham
como eles esperavam. Esse conto, que termina de uma forma bem previsível,
imediatamente me lembrou alguns dos filmes que eu assistia na saudosa sessão
cine trash da Band, que alias apresentado pelo próprio Mojica.
O segundo (e melhor)
seguimento, Tara, conta a história de um vendedor de balões obcecado por uma
bela e jovem mulher. Ele a persegue e observa dia a dia sem que ela perceba.
Por fim, ele só tem a oportunidade de concretizar os seus desejos após a morte
da jovem. De todos os três, este é o curta que reúne elementos e referências ao
cinema clássico, principalmente do período do expressionismo alemão. A pequena
trama não possui palavras, sendo que sua estética, que se aproxima ao mais puro
naturalismo, faz com que agente nos lembre facilmente do clássico Nosferatu de
1922.
Ideologia é o
seguimento mais forte e tipicamente trash. O professor Oãxiac Odéz (José Mojica
Marins) convida um professor rival e sua esposa até a sua sombria casa para que
possa comprová-los a sua absurda teoria materialista contra a razão e o amor,
na qual o ser humano se reduz ao instinto. Odéz submete o casal convidado a uma
série de experiências sádicas que envolvem dor, tortura física e psicológica,
canibalismo, resistência física e outras bizarrices que buscam provar uma
animalização do ser humano. Não há duvidas de quem assiste que essa é a parte
mais forte da obra, que desafia a força mental da pessoa que vê e mais
recomendada para pessoas de mente aberta.
No saldo geral, era
um filme que realmente ia contra a maré das obras brasileiras que eram lançadas
naquele tempo e que lembra mais os contos sombrios do escritor Edgar Alan
Poe.
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2 comentários:
Bom, o único filme do Zé do Caixão que eu assisti do início ao fim até hoje foi Exorcismo Negro. Mas achei interessantes esses que você mencionou nos 4 posts sobre o Cinema de Terror Brasileiro.
É curioso que esses filmes foram meio precursores das cenas splatter, né? Pelo que você descreveu, esse aqui principalmente ganha de um slasher italiano chamado Antropophagus, que é considerado um dos filmes mais splatter de todos os tempos.
Continue acompanhando as postagens Bússola, pois eu somente estou começando.
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