Aconteceu nesse ultimo final de
semana, no Cine Capitólio de Porto Alegre, o curso horror no Cinema Brasileiro, criado pelo Cine Um e ministrado
pelo entendedor do assunto Carlos Primati. Durante dois dias, eu pude desfrutar
uma parte de nossa história do cinema brasileiro e de como é difícil manter um gênero
como terror em nosso país por exemplo. Até a pouco tempo, quando se falava de
filme de horror brasileiro, somente se pensava no Zé do Caixão, mas a real história não é bem por ai.
Carlos Primati
Nos últimos anos se criou um
verdadeiro estudo sobre diversas fases do nosso cinema e se descobriu de tudo
um pouco: cinema novo; marginal; pornochanchada; retomada e por assim vai. Em meio a
esses períodos, houve cineastas e roteiristas que se aventuraram no gênero fantástico
que, através deles, se criaram muitos clássicos, outros esquecidos, mas redescobertos
com o tempo. Dentre as coisas que foram apresentadas na atividade, duas me
chamaram bastante atenção:
NOSFERATO NO BRASIL
(1970)
Sinopse: Budapeste, século
XIX: Nosferatu (Torquato Neto) é morto por um príncipe. De férias no Brasil,
agora em cores, vampiriza várias nativas. Mítica masterpiece superoitista. Da
série "quotidianas kodaks".
Torquato Neto (Nosferato no Brasil,1970)
Dirigido por Ivan Cardoso (As Sete Vampiras), esse filme que foi rodado em 8 milímetros, tinha a intenção (segundo o cineasta) de ser uma produção séria, mas vendo o Drácula (Torquato Neto) tomando água de coco e posando ao lado de garotas na praia do Rio não tem como a gente levar a sério. O que torna esse curta interessante é forma como ele sintetiza o clima “paz e amor” dos jovens daquele período e é preciso dar palmas para um projeto que, começou com uma proposta diferente, mas se tornando uma curiosidade com relação ao período em que foi feito e se tornando um pequeno clássico.
O
Pasteleiro (1980)
Um dos grandes filmes de
horror brasileiros que de uns tempos para cá está sendo redescoberto por uma
nova geração de fãs do gênero. O
Pasteleiro, produção de cerca de 40 minutos incluída no longa Aqui, Tarados
(1980). Realizado pela Dacar, companhia do ex-galã e ex- rei da pornochanchada
David Cardoso foi dirigido pelo mesmo a partir de argumento e roteiro do grande
Ody Fraga, tendo como protagonista o diretor sino-brasileiro John Doo.
John Doo em O Pasteleiro (1980)
O Pasteleiro trata de um
assassino em série, tema não muito comum na cinematografia brazuca, ainda que
tenhamos os nossos Chico Picadinho, Maníaco do Parque, e outros de trágica
lembrança. Mas não é só isso. O filme de Cardoso é ainda a maior aproximação do
cinema nacional do sangue-e-tripas, subgênero do horror notório pela
explicitação de mutilações, entranhas e desmembramentos. O que faz com
maestria, coroando uma narrativa de desenvolvimento exemplar, apoiada por
personagens muito bem construídos dramaticamente.
Ricardo Ghiorzi
Já na segunda aula, Primati se concentrou
sobre a nova geração de cineastas que estão surgindo e que, mesmo com poucos
recursos, conseguem criar filmes de horror que acabam sendo elogiados e
ganhando prestigio pelos festivais por onde passa como Fantaspoa. Dentre os
mais reconhecidos estão Rodrigo Aragão que, graças aos seus filmes como Mangue
Negro, A Noite Do Chupa Cabra, Mar Negro e Fábulas Negras, fez com que
surgissem apaixonados pelo horror aqui no RS e que arregaçassem as mangas na
criação de longas. Dentre eles que, inclusive
estava presente na atividade, Ricardo Ghiorzi teve a idéia de criar um
longa intitulado 13 Histórias Estranhas, aonde ele convidou amigos e conhecidos
da área (como Cristian Verardi e Cesar Coffin Souza) para que cada um dirigisse uma pequena trama. O filme já está sendo selecionado para ser exibido em 26
festivais.
Com a exibição do trailer Condado Macabro (2015) e de outros filmes que estão prestes até mesmo em ser exibidos em grande circuito, a atividade se encerrou de uma forma bem satisfatória e fazendo com que a gente deseje que o gênero de horror brasileiro se expande no país e que finalmente saiamos da sombra do nosso Zé do Caixão.
Com a exibição do trailer Condado Macabro (2015) e de outros filmes que estão prestes até mesmo em ser exibidos em grande circuito, a atividade se encerrou de uma forma bem satisfatória e fazendo com que a gente deseje que o gênero de horror brasileiro se expande no país e que finalmente saiamos da sombra do nosso Zé do Caixão.
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