Sinopse: Uma garota acaba de se mudar com a
mãe, uma controladora obsessiva que deseja definir antecipadamente todos os
passos da filha para que ela seja aprovada em uma escola conceituada.
Entretanto, um acidente provocado por seu vizinho faz com que a hélice de um
avião abra um enorme buraco em sua casa. Curiosa em saber como o objeto parou
ali, ela decide investigar. Logo conhece e se torna amiga de seu novo vizinho,
um senhor que lhe conta a história de um pequeno príncipe que vive em um
asteróide com sua rosa e, um dia, encontrou um aviador perdido no deserto em
plena Terra.
Às vezes a nossa vida real é muito mais
fascinante do qualquer ficção. Porém, quando ambas se misturam, gera então algo
genuíno, do qual acabamos não sabendo separar esses dois lados. Em alguns
casos, realidade e fantasia sempre andaram de mãos dadas e O Pequeno Príncipe
talvez seja um dos melhores exemplos vindo do início do século 20.
Antoine de Saint-Exupéry (1900 – 1944) era um
piloto francês que acabou sendo abatido pelas tropas alemãs durante a Segunda Guerra
Mundial. Um ano antes, ele havia e escrito a sua obra prima O Pequeno Príncipe,
que há quem diga ele criou se inspirando num momento em que ele ficou perdido
no deserto. Em 2004 o avião abatido do qual se encontrava Exupery foi encontrado, mas o corpo jamais foi
localizado.
A partir da idéia da possibilidade do
escritor não ter morrido na época em que foi dado como morto acaba servindo de
estopim para a criação desse filme, em que uma trama original é criada e
enlaçada com a que todos nós conhecemos a partir do livro. Dirigido por Mark
Osborne (Kung Fu Panda), a trama começa nos apresentando uma pequena menina,
que por sua vez é moldada a todo custo por uma mãe que sonha em ver a filha ser
bem sucedida na vida. No seu primeiro dia em uma nova casa, a menina conhece um
velho aviador que mora ao lado, que tenta a todo custo tirar do chão o seu
velho avião e para sim conseguir reencontrar o pequeno príncipe que ele havia
conhecido no passado.
Claro que, a partir do momento em que a
menina fica curiosa com relação aquele universo daquele velho aviador, ela
acaba também conhecendo a história do menino que vivia num asteróide e que
cuidava de sua querida rosa. Todas as passagens da obra que nós conhecemos
estão lá: a saída do protagonista de seu asteróide e sua ida em outros
planetas; o encontro dele com a raposa; amizade que ele cria através do aviador
perdido no deserto e o encontro com a famigerada cobra.
Porém, é preciso ressaltar que o filme não
reproduz com exatidão a obra como um todo, mas sim adapta o que é de mais
essencial que se encontra nela. As passagens filosóficas são muito bem
adaptadas e elas funcionam muito bem, mesmo nos dias de hoje: “Só se vê bem com o
coração, o essencial é invisível aos olhos”. Se essa frase Fez uma
geração inteira pensar décadas atrás, no mundo contemporâneo de hoje, sua
mensagem e efeito ainda funciona e nos toca profundamente.
Exupéry com certeza era alguém que possuía
uma mente a frente do seu tempo, pois o seu livro dá valor as simples coisas da
vida, ao invés de simplesmente almejar por algo mais que ela possa oferecer.
Isso se enlaça com a proposta apresentada na sub-trama da mãe e filha, sendo
ambas presas ao futuro inserto, e que acabam lutando desnecessariamente para
adquirir uma vida bem sucedida, mas esquecendo do que realmente faz delas
felizes. Isso se fortifica ainda mais no terceiro e ultimo ato final da trama,
aonde os roteiristas transformaram numa espécie de continuação dos eventos do
livro e se criando uma espécie de metáfora sobre a corrida desenfreada pela
riqueza, profissionalismo e consumismo do mundo contemporâneo de hoje.
Se a trama já nos fascina, visualmente o
filme não fica nenhum pouco atrás. De forma rara, acompanhamos a trama da
menina da forma de animação computadorizada tradicional, mas no momento em que
entramos nas passagens do livro, o filme se transforma em stop motion e gerando
inúmeras belas imagens: a passagem do conto em que o príncipe se encontra com a
raposa e aprende um novo significado sobre o amor que ele teve por sua rosa,
são de uma beleza enlouquecedora e que nos faz desejar que esse tipo de
animação continue no cinema sempre.
Embora seja um filme em que possua uma
linguagem da qual os pequenos de hoje pouco estão acostumados, O Pequeno
Príncipe é um filme que merece ser visto por todos, pois nunca é demais os pais
de hoje mostrar aos filhos os velhos e bons ensinamentos do qual esse conto lhe
proporcionaram no passado.
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