Sim, o gênero de
horror existe no Brasil e ele será tema do próximo curso de cinema, criado pelo
Cine Um e ministrado pelo Jornalista, crítico, historiador e pesquisador
dedicado a tudo que se refere ao cinema de horror mundial Carlos Primati. O
curso ocorre nos dias 29 e 30 de Agosto no Cine Capitólio. Enquanto os dias da atividade não chegam,
irei postar por aqui sobre os filmes de horror que eu tive o privilegio de
assistir, seja em DVD ou no cinema.
Esta Noite Encarnarei
no teu Cadáver (1967)
Sinopse: Após
sobreviver ao ataque sobrenatural do final de 'À Meia-Noite Levarei Sua Alma',
Zé do Caixão continua na busca obsessiva da mulher ideal, capaz de gerar o
filho perfeito. Com ajuda do fiel criado Bruno, ele rapta seis belas moças,
submetendo-as às mais terríveis torturas. Só a mais corajosa sobreviverá ao
teste e poderá ser a mãe de seu filho. Mas Zé comete um crime imperdoável ao
assassinar uma moça grávida. Atormentado pela culpa de ter assassinado uma
criança inocente, ele sofre um pesadelo no qual é levado para um inferno
gelado, onde reencontra suas vítimas.
Se A Meia Noite Levarei Sua Alma já
surpreendia, o que dizer de uma sequência que supera o original em todos os
quesitos. Embora pareça em alguns momentos uma produção barata, o filme possui
um cuidado muito maior do que o filme original, fazendo parecer com que, as
ultimas diabruras de Zé do Caixão vistas anteriormente, parecesse então tímidas
comparadas a essas. Com o sucesso do original, Mojica está muito mais a vontade
interpretando o seu personagem que o consagrou, dobrando em tudo em que ele faz
e o que não fez anteriormente: duplicar o número de suas vitimas femininas, com
seqüências de tortura em seu covil, com direito a inúmeras aranhas reais,
ácidos e armadilhas mortais em que esmaga suas vítimas.
Como no anterior, Zé
vive sempre combatendo as crendices e a religiosidade do povo que ele chama de
ignorante e crente do nada. É Zé do Caixão disparando o seu ateísmo a torto e a
direito, sem se preocupar com nada, mas sim se preocupando em alcançar o seu
único objetivo: achar a sua mulher perfeita para gerar o seu filho perfeito,
para então dar a continuidade do seu sangue. É claro que mesmo parecendo estar
sempre no controle, o personagem há de enfrentar as consequências dos seus
atos, principalmente vinda de uma de suas vítimas mesmo a pôs a morte. A partir
desse ponto, Zé começa a enfrentar conflitos de culpa interiores, onde o leva a
um dos momentos mais interessantes do filme, que era o próprio inferno.
Não resta a menor dúvida
que a sequência do inferno seja a melhor parte do filme, pois o que mais
contrasta com o resto da obra, é que ela foi rodada toda em cores e fazendo das
cenas de terror mostradas (pessoas sendo torturadas por demônios), se torne
muito mais forte. De volta ao mundo dos vivos (na reta final), o protagonista
chega ao ápice da insanidade e desespero em conseguir o seu filho perfeito, mas
é ai então que ele terá que enfrentar as pessoas da vila que desejam a sua
morte. É neste momento que o filme me lembrou um pouco os clássicos filmes de
horror dos estúdios da Universal, onde o povo enlouquecido tenta destruir
monstro incompreendido.
Embora tenha tido liberdade
em quase tudo que fez durante o processo de criação do filme, infelizmente os
minutos finais foram modificados devido uma ordem da famigerada censura na
época, sendo que a bendita modificação torna a cena ilógica e trai
completamente o que personagem foi do começo ao fim. São minutos que não
diminui as qualidades desse filme e que felizmente foi corrigido esse erro
histórico na terceira parte da saga do Zé do Caixão em A Reencarnação do
Demônio, mas isso já é outra historia há ser contada.
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