Sinopse: O longa nos
mostra que o casal Charlie e Gemma Bovery morava na Inglaterra e acabaram de se
mudar para um vilarejo da França. Ela fica encantada com a gastronomia do país
e quer explorar o lugar ao máximo. Os dois conhecem um padeiro da região, que,
por sua vez, fica fascinado com o fato deles terem o sobrenome Bovery, o mesmo
do casal do clássico livro Madame Bovary e também pelo fato de se mudarem
justamente para o lugar onde o livro foi escrito por Gustave Flaubert. E assim
como na obra, Gemma desperta a atenção dos homens do vilarejo.
A diretora e
roteirista Anne Fontaine (O Preço da Traição) se tornou conhecida pelos cinéfilos ao criar longas
com as tão conhecidas damas fatais, aonde esbaldam na tela os seus olhares e físicos
sedutores para os demais personagens da trama. No seu mais novo longa, ao criar
uma trama inspirado num livro de Posy
Simmonds, a cineasta acabou formando um palco para um humor tão simples e simbólico,
resultando num filme gostoso de se assistir. Nunca abusando dos cortes bruscos,
com exceção da penúltima cena que é demasiadamente mostrada em inúmeros ângulos,
à diretora nos leva ao já conhecido cinema tradicional da perspectiva, aonde a
imaginação fértil dos protagonistas se explode como um todo, o que faz com que
a trama vai muito mais além do que o esperado.
Sobre o desempenho de
Gemma Arterton (João e Maria: Caçadores de Bruxas) eu somente tenho que esbanjar
elogios, pois tanto a beleza da atriz quanto a sua forma de atuar que, nos hipnotiza,
sem forçar em nenhum momento, não sendo obrigada a ser uma vizinha qualquer,
mas administrando no lado sutil sedutor, do qual se enquadra justamente na
personagem com o mesmo nome do qual indiretamente acabou adotando. Fabrice Luchini (Dentro da Casa) atuou
quase como uma espécie de narrador para nós, com o seu personagem Martin, mas
de uma maneira engraçada, leve, gostosa de assistir, ouvir os seus pensamentos
e nos brindando com momentos cômicos quando tenta falar inglês com um sotaque
carregado. Claro que há outros
personagens secundários na trama, mas sinceramente eles são ofuscados quando a
dupla central se encontra em cena.
Porém é preciso
destacar três personagens que, querendo ou não, foram responsáveis pelos eventos
do ato final da trama. Embora sejam diferentes um do outro, eles se encaixam na
trama da qual envolve Gemma Bovery, por possuírem um estilo de interpretação
bem definidos. Portanto dou os parabéns para Jason Flemyng por seu Charlie, Mel
Raido por seu Patrick e Niels Schneider pelo seu Hervé.
O lado técnico do
filme é outro do seu ponto forte, pois o cenário, cuja trama se passa na
Normandia, faz com que a gente deseja congelar a imagem para admirar cada cena
filmada. Os momentos coloridos em cena são uma representação de algo novo
surgindo, uma vez que quando tudo se torna numa cor tom pastel, é sinal de que
as coisas vão mudando e as mudanças talvez não sejam tão boas assim. O ato final
nos brinda com uma fotografia fria e representando a tragédia grega que envolve
os personagens principais.
Enfim, um filme que irá agrada
tanto gregos como troiano, mesmo quando uma cena, que se torna peça chave para
o filme como um todo, soa um tanto que forçada, devido às diversas vezes que
assistimos o ato em ângulos diferentes e tentando nos explicar desnecessariamente
o que realmente aconteceu ali. É acima de tudo uma comédia leve, deliciosa e
que mostra até que ponto as pessoas se entregam a uma realidade fictícia, ou um
caso amoroso sem futuro, para elas se sentirem pelo menos em alguns momentos da
vida realmente vivos.
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