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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 11 de maio de 2015

Cine Dica: CINEMATECA CAPITÓLIO EXIBE MOSTRA DE ANDRÉ TÉCHINÉ


A partir de sexta-feira, 15 de maio, a Cinemateca Capitólio exibe a mostra 8x André Téchiné, com oito filmes de um dos mais importantes realizadores franceses. A mostra é uma realização da Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia e da Vai & Vem Produções Culturais, com apoio da Embaixada da França no Brasil e o Consulado da França em São Paulo. Os ingressos custam R$ 10,00.
A primeira grande mostra da Cinemateca Capitólio apresenta obras célebres como Hotel das Américas (1981), Rendez-vous (1985) e Rosas Selvagens (1994) em cópias em 35mm. Na quarta-feira, 20 de maio, após a sessão de As Testemunhas (2007), acontece um debate com o crítico e pesquisador Luiz Carlos Oliveira Jr, autor do livro A Mise En Scène no Cinema - do Clássico ao Cinema de Fluxo.
O projeto de restauração e de ocupação da Cinemateca Capitólio foi patrocinado pela Petrobras, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES e Ministério da Cultura. O projeto também contou com recursos da Prefeitura de Porto Alegre, proprietária do prédio, e realização da Fundação Cinema RS – FUNDACINE
  
8x André Téchiné

André Téchiné, cineasta francês, iniciou sua carreira como diretor cinematográfico em 1967 com o filme Paulina s'en va (que seria lançado apenas em 1969). É apenas, contudo, a partir de 1975, ano de seu segundo longa-metragem, que sua carreira vai de fato deslanchar e alcançar uma continuidade regular. Vindo da crítica, com passagem pelos Cahiers du Cinéma, o jovem faz parte de uma geração de cineastas que se lança na profissão num momento em que a Nouvelle Vague, maior movimento cinematográfico surgido na França do pós-guerra, já havia atingido certo esgotamento e se desmembrado em diversas subtendências. Nomes como Benoît Jacquot, Chantal Akerman, Jacques Doillon e o próprio Téchiné se engajam na profissão trazendo, a partir dos anos 1970, um novo fôlego ao cinema jovem francês que, alguns anos antes, já havia ganhado o reforço de uma geração que trouxe à cena nomes cruciais como Maurice Pialat, Philippe Garrel e Jean Eustache. 
Hoje, mais de quarenta anos depois de sua estreia, Téchiné é um dos mais reconhecidos cineastas franceses ainda em atividade. Dono de uma obra relevante realizada praticamente em fluxo contínuo, ele acumula em sua carreira mais de duas dezenas de longas-metragens. Nas últimas décadas, Téchiné lançou uma média de um filme a cada dois anos, o que, para além do sucesso de crítica que seus filmes sempre alcançaram, confirma igualmente seu talento, revelado ainda muito cedo, para travar fértil diálogo com o público. 
No Brasil, sua obra recente não é totalmente desconhecida do público cinéfilo. Porém, o que este evento propõe é colocar em perspectiva toda a sua carreira sob a forma de uma homenagem, focando principalmente em filmes menos recentes, sobretudo das décadas de 1970 e 1980, certamente pontos altos da carreira do diretor e que são menos óbvios para o público brasileiro. 

André Téchiné e sua obra

Dez anos após a eclosão da Nouvelle Vague, a geração que começa a fazer filmes no final da década de 1960 já não tem mais um grande inimigo a atacar (“o cinema de qualidade francês”), a revolução da modernidade no cinema já estava feita. É neste momento justamente que a Nouvelle Vague não passará incólume à uma revisão crítica. Os novos cineastas surgidos da ressaca do cinema moderno não verão mais no naturalismo um valor incontornável. Assim, os primeiros filmes de Téchiné são marcados pela busca de uma mise-en-scène antinaturalista guiada pela suas referências teatrais, principalmente no que se refere ao jogo dos atores. Segundo ele, sua relação com os atores no início era excessivamente “teórica” e será completamente transformada a partir de seu encontro com Catherine Deneuve, em Hôtel des Amériques (1981), seu quinto filme que traz ainda Patrick Dewaere em grande atuação. 
O trabalho com os atores é algo de notável na obra de Téchiné; seus filmes são marcados por personagens fortes, além do que, sua mise en scène certamente exige por parte daqueles que os interpretam grande entrega. Assim, desde muito cedo, o cineasta começa a contar com grandes nomes do cinema francês em seus longas; o trabalho com grandes atores acaba invariavelmente se tornando uma de suas principais marcas. Entre aqueles com quem trabalhou, estão Bulle Orgier (Paulina s'en va, 1969), Jeanne Moreau e Marie-France Pisier (Souvenirs d'en France, 1975), Gérard Depardieu (Barocco, 1976) Isabelle Adjani e Isabelle Huppert (Les soeurs Brontë, 1979), Patrick Dewaere (Hôtel des Amériques, 1981), Sandrine Bonnaire e Jean-Claude Brialy (Les innocents, 1987), Emmanuelle Béart (J'embrasse pas, 1991 e Les témoins, 2007), Daniel Auteil (Ma saison préférée, 1993 e Les voleurs, 1996), Juliette Binoche (Rendez-vous, 1985 e Alice e Martin, 1998), Gérard Depardieu (Les temps qui changent, 2004) e Catherine Deneuve, sua musa em diversos filmes. 
Em 1979, com seu terceiro filme, Les soeurs Brontë (1979), Téchiné é pela primeira vez indicado à Palma de Ouro no Festival de Cannes, um feito que se repetiria outras cinco vezes. Ainda em 1985, ele ganha o prêmio de melhor direção por Rendez-vous, um filme sensorial, ainda bastante centrado na força e na presença dos personagens e no potencial destrutivo da relação entre eles, um tema que já havia sido brilhantemente explorado em Hôtel des Amériques, seu longa anterior, e que persistirá na obra do cineasta, sendo também o tema principal de seu último filme L'Homme qu'on aimait trop (2014). A partir da segunda metade dos anos 1980, a obra de Téchiné começa a ganhar ingredientes mais pessoais, o que acompanha seu processo de maturidade artística, e ganham também em refinamento narrativo; suas histórias tornam-se mais complexas e os personagens, mais numerosos. Seu filme mais pessoal (e um dos mais premiados) é sem dúvida Les Roseaux sauvages (1994), inicialmente pensado para ser um telefilme de baixo orçamento, mas que acabou sendo lançado nos cinemas e alcançou um sucesso estrondoso de público e crítica. 
  
FILMES

Barroco, o Jardim do Suplicio (Barocco, França, 1976, 105') 

Com: Isabelle Adjani, Gerard Depardieu, Marie-France Pisier, Jean-Claude Briali, Hélène Surgère

Terceiro longa-metragem realizado por André Téchiné. Samson, um lutador de boxe (Depardieu), tem informações que podem acabar com a carreira de um conhecido político cuja candidatura às eleições presidenciais será lançada nos próximos dias. A fim de impedir que essas revelações venham à tona, o partido do candidato suborna Samson e impõe como condição que ele deixe o país imediatamente com sua namorada (Adjani). Exibição em Blu-ray / Legendagem eletrônica em português


As irmãs Bronte (Les soeurs Brontë, França, 1979, 115') 

Com: Isabelle Adjani, Marie-France Pisier, Isabelle Adjani, Marie-France Pisier, Isabelle Huppert, Pascal Greggory, Hélène Surgère
O filme se inspira na vida das irmãs Bronte: Emily, Charlotte et Anne. As três cresceram numa pequena propriedade no interior da Inglaterra, sob uma rígida educação protestante. Muito cedo, elas vão começar a desenvolver aptidão para a literatura e, sob pseudônimos, publicam obras que alcançam grande sucesso, entre elas, o grande clássico da literatura inglesa “O morro dos ventos uivantes”. Suas vidas, no entanto, foram marcadas pela fatalidade. Exibição em 35mm.

Hotel das Américas (Hôtel des Amériques, França, 1981, 95')
Com: Catherine Deneuve, Patrick Dewaere, Etienne Chicot, Sabine Haudepin

Filme chave na carreira de Téchiné por marcar sua virada em direção a um cinema de mise-en-scène mais realista. É também sua primeira colaboração com a atriz Catherine Deneuve. Determinada noite, Hélène (Deneuve), uma médica anestesista, atropela Gilles (dono de um hotel decadente em Biarritz). Sob o signo do acaso, uma intensa relação tem início. Exibição em 35mm.

Rendez-vous (França, 1985, 87')

Com: Juliette Binoche, Lambert Wilson, Wadeck Stanczak, Jean-Louis Trintignant, Jacques Nolot
Em seu primeiro grande papel no cinema, Juliette Binoche vive uma aspirante a atriz recém-chegada a Paris. Ao buscar um apartamento para alugar na cidade, ela conhece o agente imobiliário Paulot (Stanczak). Este encontro desencadeará uma série de fatos que começarão a movimentar a vida da jovem não apenas no plano profissional, mas também afetivo. Exibição em 35mm.

O Local do Crime (Le lieu du crime, França, 1986, 90')

Com: Catherine Deneuve, Danielle Darrieux, Wadeck Stanczak, Jacques Nolot, Nicolas Giraudi
Numa cidadezinha do interior da França, Thomas (Giraudi), um adolescente de 14 anos, encontra Martin (Stanczak), um criminoso em fuga que pede dinheiro para deixar o garoto em paz. Thomas fará de tudo para dar aquilo que Martin exige, porém o desenrolar desta história não será como planejado. Em particular, os rumos da trama tomam caminhos inesperados a partir do momento em que Martin encontra a mãe de Thomas, Lili (Deneuve). Exibição em 35mm.

Rosas selvagens (Les roseaux sauvages, França, 1994, 110')

Com: Élodie Bouchez, Gaël Morel, Stéphane Rideau, Frédéric Gorny, Michèle Moretti, Jacques Nolot
Filme de baixo orçamento pensado primeiramente como episódio de uma série televisiva chamada “Tous les garçons et les filles de leur âge”, mas que, posteriormente, foi transformado por Téchiné em um longa-metragem e lançado nos cinemas. Considerado um dos mais belos filmes do diretor, esta obra possui também alguns elementos autobiográficos. O local (sudoeste da França) e o período do filme (início dos anos 1960) são exatamente aqueles em que o próprio Téchiné viveu sua adolescência. François (Morel), Serge (Rideau) e Henri (Gorny) são três jovens que estudam na mesma escola e que começam a se deparar com os primeiros impasses da vida. As questões amorosas, assim como diferenças relativas a visões de mundo divergentes terão lugar tendo como pano de fundo o tenso contexto marcado pela guerra da Argélia. Exibição em 35mm.
 
Os Ladrões (Les Voleurs, França, 1996, 117')

Com: Catherine Deneuve, Daniel Auteuil, Laurence Côte, Benoît Magimel, Fabienne Babe, Didier Bezace
A morte de Ivan (Bezace) trará à tona não apenas os negócios escusos com os quais ele estava envolvido, mas também todo o desconforto da relação entre seu irmão, o policial Alex (Auteuil), e o resto da família. Mergulhando no caso da morte do irmão, Alex chegará à Jimmy (Magimel), parceiro de Ivan e também irmão de Juliette (Côte), jovem atraente com quem o policial passa a ter uma relação no curso das investigações. Exibição em 35mm.

As testemunhas (Les Témoins, França, 2007, 112')

Com: Michel Blanc, Emmanuelle Béart, Sami Bouajila, Julie Depardieu, Johan Libéreau
Desde que conhece o jovem Manu (Libéreau), o médico Adrien (Blanc) fica completamente apaixonado. Manu porém prefere preservar a relação apenas no nível da amizade. Adrien apresenta-o então à sua melhor amiga, Sarah (Béart), que acabou de ter um filho e vive uma relação aberta com o marido (Bouajila). Passado em meados dos anos 1980, o filme tem como contexto o momento da descoberta e disseminação da Aids na Europa. Exibição em 35mm.



GRADE DE HORÁRIOS
12 a 24 de maio de 2015

12 de maio (terça)

15:00 – Cuba Libre 
16:30 – Era uma Vez na Anatólia

13 de maio (quarta)

15:00 – Cuba Libre 
16:30 – Era uma Vez na Anatólia
19:30 – Festival Escolar de Cinema (Sessão Fechada)

14 de maio (quinta)

15:00 – Cuba Libre 
16:30 – Era uma Vez na Anatólia
20:00 – A Música de Gion, de Kenji Mizoguchi (entrada franca)

15 de maio (sexta-feira)

15:00 – Cuba Libre 
16:30 – Era uma Vez na Anatólia
20:00 – Hotel das Américas

16 de maio (sábado)

17:00 – Rosas Selvagens
19:00 – As Irmãs Brontë

17 de maio (domingo)

15:00 – Os Ladrões
17:00 – Rendez-vous
19:00 – O Local do Crime

19 de maio (terça)

20:00 – Os Ladrões

20 de maio (quarta)

20:00 – As Testemunhas + debate com o crítico Luiz Carlos Oliveira Jr.

21 de maio (quinta)

20:00 – As Irmãs Brontë

22 de maio (sexta)

20:00  – Projeto Raros: Barroco, o Jardim do Suplício (Sessão na Sala P. F. Gastal/Usina do Gasômetro)

23 de maio (sábado)
15:00 – O Local do Crime
17:00 – Rosas Selvagens
19:00 –  Rendez-vous

24 de maio (domingo)
17:00 – As Testemunhas
19:00 – Hotel das Américas

 Sala P. F. Gastal
Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia
Av. Pres. João Goulart, 551 - 3º andar - Usina do Gasômetro
Fone 3289 8133
www.salapfgastal.blogspot.com

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