A partir de sexta-feira, 15 de maio, a
Cinemateca Capitólio exibe a mostra 8x André Téchiné, com
oito filmes de um dos mais importantes realizadores franceses. A mostra é
uma realização da Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia e da Vai
& Vem Produções Culturais, com apoio da Embaixada
da França no Brasil e o Consulado da França em São Paulo. Os ingressos
custam R$ 10,00.
A primeira grande mostra da Cinemateca Capitólio apresenta obras célebres como
Hotel das Américas (1981), Rendez-vous (1985) e Rosas Selvagens
(1994) em cópias em 35mm. Na quarta-feira, 20 de maio, após a sessão de As Testemunhas (2007), acontece um debate com o crítico e pesquisador
Luiz Carlos Oliveira Jr, autor do livro A Mise En Scène no Cinema - do Clássico ao Cinema de Fluxo.
O
projeto de restauração e de ocupação da Cinemateca Capitólio foi
patrocinado pela Petrobras, Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social – BNDES e Ministério da Cultura. O projeto também
contou com recursos da Prefeitura de Porto Alegre, proprietária do
prédio, e realização da Fundação Cinema RS – FUNDACINE
8x André Téchiné
André
Téchiné, cineasta francês, iniciou sua carreira como diretor
cinematográfico em 1967 com o filme Paulina s'en va (que seria lançado
apenas em 1969). É apenas, contudo, a partir de 1975, ano de seu
segundo longa-metragem, que sua carreira vai de fato deslanchar e
alcançar uma continuidade regular. Vindo da crítica, com passagem pelos
Cahiers du Cinéma, o jovem faz parte de uma geração de
cineastas que se lança na profissão num momento em que a Nouvelle
Vague, maior movimento cinematográfico surgido na França do pós-guerra,
já havia atingido certo esgotamento e se desmembrado em diversas
subtendências. Nomes como Benoît Jacquot, Chantal Akerman,
Jacques Doillon e o próprio Téchiné se engajam na profissão trazendo, a
partir dos anos 1970, um novo fôlego ao cinema jovem francês que,
alguns anos antes, já havia ganhado o reforço de uma geração que trouxe à
cena nomes cruciais como Maurice Pialat, Philippe
Garrel e Jean Eustache.
Hoje,
mais de quarenta anos depois de sua estreia, Téchiné é um dos mais
reconhecidos cineastas franceses ainda em atividade. Dono de
uma obra relevante realizada praticamente em fluxo contínuo, ele
acumula em sua carreira mais de duas dezenas de longas-metragens. Nas
últimas décadas, Téchiné lançou uma média de um filme a cada dois anos, o
que, para além do sucesso de crítica que seus filmes
sempre alcançaram, confirma igualmente seu talento, revelado ainda
muito cedo, para travar fértil diálogo com o público.
No
Brasil, sua obra recente não é totalmente desconhecida do público
cinéfilo. Porém, o que este evento propõe é colocar em perspectiva
toda a sua carreira sob a forma de uma homenagem, focando
principalmente em filmes menos recentes, sobretudo das décadas de 1970 e
1980, certamente pontos altos da carreira do diretor e que são menos
óbvios para o público brasileiro.
André Téchiné e sua obra
Dez
anos após a eclosão da Nouvelle Vague, a geração que começa a fazer
filmes no final da década de 1960 já não tem mais um grande
inimigo a atacar (“o cinema de qualidade francês”), a revolução da
modernidade no cinema já estava feita. É neste momento justamente que a
Nouvelle Vague não passará incólume à uma revisão crítica. Os novos
cineastas surgidos da ressaca do cinema moderno não
verão mais no naturalismo um valor incontornável. Assim, os primeiros
filmes de Téchiné são marcados pela busca de uma mise-en-scène
antinaturalista guiada pela suas referências teatrais, principalmente no
que se refere ao jogo dos atores. Segundo ele, sua
relação com os atores no início era excessivamente “teórica” e será
completamente transformada a partir de seu encontro com Catherine
Deneuve, em Hôtel des Amériques (1981), seu quinto filme que traz ainda
Patrick Dewaere em grande atuação.
O
trabalho com os atores é algo de notável na obra de Téchiné; seus
filmes são marcados por personagens fortes, além do que, sua mise
en scène certamente exige por parte daqueles que os interpretam grande
entrega. Assim, desde muito cedo, o cineasta começa a contar com grandes
nomes do cinema francês em seus longas; o trabalho com grandes atores
acaba invariavelmente se tornando uma de suas
principais marcas. Entre aqueles com quem trabalhou, estão Bulle Orgier
(Paulina s'en va, 1969), Jeanne Moreau e Marie-France Pisier (Souvenirs
d'en France, 1975), Gérard Depardieu (Barocco, 1976) Isabelle Adjani e
Isabelle Huppert (Les soeurs Brontë, 1979),
Patrick Dewaere (Hôtel des Amériques, 1981), Sandrine Bonnaire e
Jean-Claude Brialy (Les innocents, 1987), Emmanuelle Béart (J'embrasse
pas, 1991 e Les témoins, 2007), Daniel Auteil (Ma saison préférée, 1993 e
Les voleurs, 1996), Juliette Binoche (Rendez-vous,
1985 e Alice e Martin, 1998), Gérard Depardieu (Les temps qui changent,
2004) e Catherine Deneuve, sua musa em diversos filmes.
Em
1979, com seu terceiro filme, Les soeurs Brontë (1979), Téchiné é pela
primeira vez indicado à Palma de Ouro no Festival de Cannes,
um feito que se repetiria outras cinco vezes. Ainda em 1985, ele ganha o
prêmio de melhor direção por Rendez-vous, um filme sensorial, ainda
bastante centrado na força e na presença dos personagens e no potencial
destrutivo da relação entre eles, um tema que
já havia sido brilhantemente explorado em Hôtel des Amériques, seu
longa anterior, e que persistirá na obra do cineasta, sendo também o
tema principal de seu último filme L'Homme qu'on aimait trop (2014). A
partir da segunda metade dos anos 1980, a obra de
Téchiné começa a ganhar ingredientes mais pessoais, o que acompanha seu
processo de maturidade artística, e ganham também em refinamento
narrativo; suas histórias tornam-se mais complexas e os personagens,
mais numerosos. Seu filme mais pessoal (e um dos mais
premiados) é sem dúvida Les Roseaux sauvages (1994), inicialmente
pensado para ser um telefilme de baixo orçamento, mas que acabou sendo
lançado nos cinemas e alcançou um sucesso estrondoso de público e
crítica.
FILMES
Barroco, o Jardim do Suplicio (Barocco, França, 1976, 105')
Com: Isabelle Adjani, Gerard Depardieu, Marie-France Pisier, Jean-Claude Briali, Hélène Surgère
Terceiro
longa-metragem realizado por André Téchiné. Samson, um lutador de boxe
(Depardieu), tem informações que
podem acabar com a carreira de um conhecido político cuja candidatura
às eleições presidenciais será lançada nos próximos dias. A fim de
impedir que essas revelações venham à tona, o partido do candidato
suborna Samson e impõe como condição que ele deixe o
país imediatamente com sua namorada (Adjani). Exibição em Blu-ray /
Legendagem eletrônica em português
As irmãs Bronte (Les soeurs Brontë, França, 1979, 115')
Com: Isabelle Adjani, Marie-France Pisier, Isabelle Adjani, Marie-France Pisier, Isabelle Huppert, Pascal Greggory,
Hélène Surgère
O
filme se inspira na vida das irmãs Bronte: Emily, Charlotte et Anne. As
três cresceram numa pequena propriedade
no interior da Inglaterra, sob uma rígida educação protestante. Muito
cedo, elas vão começar a desenvolver aptidão para a literatura e, sob
pseudônimos, publicam obras que alcançam grande sucesso, entre elas, o
grande clássico da literatura inglesa “O morro
dos ventos uivantes”. Suas vidas, no entanto, foram marcadas pela
fatalidade. Exibição em 35mm.
Hotel das Américas (Hôtel des Amériques, França, 1981, 95')
Com: Catherine Deneuve, Patrick Dewaere,
Etienne Chicot, Sabine Haudepin
Filme
chave na carreira de Téchiné por marcar sua virada em direção a um
cinema de mise-en-scène mais realista.
É também sua primeira colaboração com a atriz Catherine Deneuve.
Determinada noite, Hélène (Deneuve), uma médica anestesista, atropela
Gilles (dono de um hotel decadente em Biarritz). Sob o signo do acaso,
uma intensa relação tem início. Exibição em 35mm.
Rendez-vous (França, 1985, 87')
Com: Juliette Binoche, Lambert Wilson, Wadeck Stanczak, Jean-Louis Trintignant, Jacques Nolot
Em
seu primeiro grande papel no cinema, Juliette Binoche vive uma
aspirante a atriz recém-chegada a Paris. Ao buscar
um apartamento para alugar na cidade, ela conhece o agente imobiliário
Paulot (Stanczak). Este encontro desencadeará uma série de fatos que
começarão a movimentar a vida da jovem não apenas no plano profissional,
mas também afetivo. Exibição em 35mm.
O Local do Crime (Le lieu du crime, França, 1986, 90')
Com: Catherine Deneuve, Danielle
Darrieux, Wadeck Stanczak, Jacques Nolot, Nicolas Giraudi
Numa
cidadezinha do interior da França, Thomas (Giraudi), um adolescente de
14 anos, encontra Martin (Stanczak),
um criminoso em fuga que pede dinheiro para deixar o garoto em paz.
Thomas fará de tudo para dar aquilo que Martin exige, porém o desenrolar
desta história não será como planejado. Em particular, os rumos da
trama tomam caminhos inesperados a partir do momento
em que Martin encontra a mãe de Thomas, Lili (Deneuve). Exibição em
35mm.
Rosas selvagens (Les roseaux sauvages, França, 1994, 110')
Com: Élodie Bouchez, Gaël Morel, Stéphane Rideau, Frédéric Gorny, Michèle Moretti, Jacques Nolot
Filme
de baixo orçamento pensado primeiramente como episódio de uma série
televisiva chamada “Tous les garçons et
les filles de leur âge”, mas que, posteriormente, foi transformado por
Téchiné em um longa-metragem e lançado nos cinemas. Considerado um dos
mais belos filmes do diretor, esta obra possui também alguns elementos
autobiográficos. O local (sudoeste da França)
e o período do filme (início dos anos 1960) são exatamente aqueles em
que o próprio Téchiné viveu sua adolescência. François (Morel), Serge
(Rideau) e Henri (Gorny) são três jovens que estudam na mesma escola e
que começam a se deparar com os primeiros impasses
da vida. As questões amorosas, assim como diferenças relativas a visões
de mundo divergentes terão lugar tendo como pano de fundo o tenso
contexto marcado pela guerra da Argélia. Exibição em 35mm.
Os Ladrões (Les Voleurs, França, 1996, 117')
Com: Catherine Deneuve, Daniel Auteuil,
Laurence Côte, Benoît Magimel, Fabienne Babe, Didier Bezace
A
morte de Ivan (Bezace) trará à tona não apenas os negócios escusos com
os quais ele estava envolvido, mas também
todo o desconforto da relação entre seu irmão, o policial Alex
(Auteuil), e o resto da família. Mergulhando no caso da morte do irmão,
Alex chegará à Jimmy (Magimel), parceiro de Ivan e também irmão de
Juliette (Côte), jovem atraente com quem o policial passa
a ter uma relação no curso das investigações. Exibição em 35mm.
As testemunhas (Les Témoins, França, 2007, 112')
Com: Michel Blanc, Emmanuelle Béart, Sami Bouajila, Julie Depardieu, Johan Libéreau
Desde
que conhece o jovem Manu (Libéreau), o médico Adrien (Blanc) fica
completamente apaixonado. Manu porém prefere
preservar a relação apenas no nível da amizade. Adrien apresenta-o
então à sua melhor amiga, Sarah (Béart), que acabou de ter um filho e
vive uma relação aberta com o marido (Bouajila). Passado em meados dos
anos 1980, o filme tem como contexto o momento da
descoberta e disseminação da Aids na Europa. Exibição em 35mm.
GRADE DE HORÁRIOS
12 a 24 de maio de 2015
12 de maio (terça)
15:00 – Cuba Libre
16:30 – Era uma Vez na Anatólia
13 de maio (quarta)
15:00 – Cuba Libre
16:30 – Era uma Vez na Anatólia
19:30 – Festival Escolar de Cinema (Sessão Fechada)
14 de maio (quinta)
15:00 – Cuba Libre
16:30 – Era uma Vez na Anatólia
20:00 – A Música de Gion, de Kenji Mizoguchi (entrada franca)
15 de maio (sexta-feira)
15:00 – Cuba Libre
16:30 – Era uma Vez na Anatólia
20:00 – Hotel das Américas
16 de maio (sábado)
17:00 – Rosas Selvagens
19:00 – As Irmãs Brontë
17 de maio (domingo)
15:00 – Os Ladrões
17:00 – Rendez-vous
19:00 – O Local do Crime
19 de maio (terça)
20 de maio (quarta)
21 de maio (quinta)
22 de maio (sexta)
20:00
– Projeto Raros: Barroco, o Jardim do Suplício (Sessão na Sala P. F. Gastal/Usina do Gasômetro)
23 de maio (sábado)
15:00 – O Local do Crime
17:00 – Rosas Selvagens
19:00 –
Rendez-vous
24 de maio (domingo)
17:00 – As Testemunhas
19:00 – Hotel das Américas
Sala P. F. Gastal
Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia
Av. Pres. João Goulart, 551 - 3º andar - Usina do Gasômetro
Fone 3289 8133
www.salapfgastal.blogspot.com
Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia
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