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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quinta-feira, 17 de julho de 2014

Cine Especial: Federico Fellini – O Maestro: Parte 4


Nos dias 23 e 24 de Julho, eu estarei participando do curso Federico Fellini – O Maestro, criado pelo CENA UM  e ministrado pela jornalista Fatimarlei Lunardelli. Enquanto os dias da atividade não chegam, por aqui estarei destacando os principais filmes desse cineasta, que até hoje é considerado um dos melhores diretores autorais e críticos do cinema Italiano.

Julieta dos Espíritos 


Sinopse: Julieta é uma mulher burguesa que vive confortavelmente em uma luxuosa casa com o marido e duas empregadas. Seus pais e sua família a distraem um mundo higienizado. Mas ela descobre que seu marido, ela adora ingenuamente, tem sido infiel, se abrindo para um grande mundo mental em que seu espírito se mistura em sonho e realidade. Julieta deixa de lado o conformismo burguês e se revela um ser de extraordinária riqueza interior.

Não se trata de um filme propriamente espiritualista, embora pareça em certos momentos, foca mais em anseios, em sentimentos que remetem inclusive a sensação de tempo perdido pela falsa felicidade do casamento. Para somar a isso tudo, Julieta vem de uma educação conturbada, entre a religiosidade e a incredulidade de seu avô, a qual ela lembra com carinho. Não tem como não lembrar de Oito e Meio, alguém de meia idade com problemas existencialistas, a formula é parecida, e o filme é tão surrealista quanto o maior sucesso de Fellini. Para ressaltar isso tudo, foco na cena em que nossa protagonista se despede de seus antigos tormentos, por já se sentir livre, até mesmo seu avô agracia essa despedida com a sua imagem.
Vale ressaltar que a obra foi feita em homenagem a Giulietta Masina, sua esposa, que fez sucesso em um outro filme seu, Noites de Cabíria. Outro ponto interessante é o fato do filme ser o primeiro colorido de Fellini, e mesmo sendo seu primeiro experimento, as cores são maravilhosas, uma mistura de sofisticação com alguns tons exagerados, que permaneceu durante a continuação de sua obra. E mesmo de narrativa bem densa, sendo necessário máxima atenção, Julieta dos Espíritos é bem dinâmico, explorando muito bem as frequentes doses de nervosismo expostos em imagens de sua protagonista.  Fellini filma sonhos, tem definição melhor do que essa ? Nino Rota bem que da uma mão com suas composições maravilhosas. Em poucas palavras dessa vez se tornou claro o objetivo do filme, outros pormenores, alguns fatos construídos ficam dessa vez por conta do espectador, afinal não é bom dar tudo de mão beijada.  

A TRAPAÇA



Sinopse: A trama gira em torno de três trapaceiros que vivem a aplicar pequenos golpes em pessoas humildes.  Eles são os anti-Robin Hood, o mítico ladrão inglês que roubava dos ricos para dar aos pobres.



Misturando o humor satírico de "Abismo de um Sonho", com o drama de filmes como A Noite e O Eclipse, embora A Trapaça seja inferior aos três citados, Fellini mais uma vez aborda questões sócio-políticas da Itália pós-guerra. O filme apresenta uma série de grandes sequências, como aquelas que ocorrem em uma festa de réveillon, prenunciando os grandes momentos que viriam, cinco anos mais tarde, com "A Doce Vida". Além do ótimo trabalho realizado pelo cineasta, o filme conta ainda com a bela fotografia em preto-e-branco de Otello Martelli e a excelente trilha sonora de Nino Rota, seu compositor preferido.  No elenco, o grande nome a destacar é o de Broderick Crawford, que se mostra aqui como um grande comediante. Crawford era conhecido por suas brilhantes atuações em filmes policiais e dramáticos como, por exemplo, "A Grande Ilusão", de 1949, que lhe deu o Oscar de Melhor Ator.  
A grande atriz italiana, Giulietta Masina, única esposa de Fellini, tem pouco tempo de tela, num papel de coadjuvante.


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