Sinopse: Em um bairro
pobre de Taipei, mora um homem na faixa dos quarenta anos, desempregado, com
seus dois filhos. Sem emprego e abandonado pela esposa, ele enfrenta grandes
dificuldades para satisfazer as necessidades de seus filhos. Um dia, ao levar seus
filhos para passearem no shopping, ele conhece Xiao Lu por quem se envolve. No
entanto, as lembranças da sua ex-mulher podem afetar seu novo relacionamento.
Em 2012, eu havia assistido o
filme brasileiro Mulher á Tarde, dirigido pelo brasileiro Affonso
Uchoa em que determinadas cenas, o diretor criava planos – sequências
ininterruptos e que por vezes exigia concentração e paciência daquele que
assistia. Se para alguns esse tipo de cinema é um tanto que desconfortante,
para muitos cinéfilos de carteirinha é um verdadeiro deleite por assistir algo
no mínimo fora do convencional. Achei que jamais viria um filme como esse tão
cedo, mas revi essa forma de se filmar novamente ontem com o filme Cães
Errantes.
Dirigido pelo cineasta taiwanês Tsai Ming Liang (O Buraco), acompanhamos o dia a dia de um homem (Lee Kang Sheng) que trabalha de uma forma dura, segurando placas publicitárias em meio a um transito sem fim e uma chuva torrencial que o castiga. Ao ser abandonado pela própria esposa (talvez devido por ser alcoólatra) mora e sustenta a todo custo o seu casal de filhos em um edifício abandonado. A trama engrena cada vez no momento em que eles conhecem uma funcionaria de um super mercado, que acaba se tornando uma espécie de imagem paterna, mas ao mesmo tempo faz com que o passado da mãe desaparecida os flagele ainda mais.
Embora seja uma historia simples, é a forma de filmar do cineasta que faz toda a diferença. Ao começar pelos diálogos, que são poucos, sendo que as ações dos personagens em cena é que falam (muito) por si. Embora ajam inúmeros efeitos sonoros devido às sequências aonde o protagonista se encontra trabalhando no transito por exemplo, não há trilha sonora e boa parte das sequências é um silêncio arrebatador, que chega afligir ainda mais aquele que assiste, pois se cria uma expectativa sobre o que pode acontecer em seguida.
Como há poucos diálogos, é um filme que exige em dobro cada um dos atores em cena. Mas cada um aqui trabalha com tamanha competência, principalmente Lee Kang Sheng: ator fetiche do cineasta, Lee entrega um desempenho de corpo e alma, encarnando um protagonista cheio de demônios interiores, pronto para explodir e sem medir as consequências dos seus atos. Não faltam momentos sublimes do ator, como quando a câmera foca ele por vários minutos em plena chuva durante o serviço, ou na derradeira cena onde ele contracena com uma cabeça de repolho e bota pra fora suas reais intenções durante um momento de desespero, devido à dura realidade que está passando.
São momentos como esse e outros que tornam esse filme algo incomum e longe do que estamos acostumados a ver no esquema sempre previsível do cinemão americano. Mas como eu disse acima, embora ajam aqueles (como eu), que prefere um cinema fora dos padrões costumeiros, é preciso sim ter paciência com algumas sequências, que exigirá atenção e até mesmo a percepção sensorial do cinéfilo. Quando for assistir e achar num determinado momento que já viu de tudo que tinha que ver no filme, aguarde para o ato final da obra, aonde interpretação do casal central da obra chega ao seu ápice e o plano - sequência filmada pelo diretor chega ao estremo, ao ponto de nos perguntarmos a todo o momento o que irá acontecer em cena.
Quando Cães Errantes chega ao seu final, nos sentimos cansados, frustrados, mas com um desejo enorme de revisitar a obra. Rever se deixamos ou não de prestar atenção em algum detalhe e nos maravilhar novamente com cada cena filmada, onde os planos - sequências sem cortes se tornam um quadro pintado em movimento.
Dirigido pelo cineasta taiwanês Tsai Ming Liang (O Buraco), acompanhamos o dia a dia de um homem (Lee Kang Sheng) que trabalha de uma forma dura, segurando placas publicitárias em meio a um transito sem fim e uma chuva torrencial que o castiga. Ao ser abandonado pela própria esposa (talvez devido por ser alcoólatra) mora e sustenta a todo custo o seu casal de filhos em um edifício abandonado. A trama engrena cada vez no momento em que eles conhecem uma funcionaria de um super mercado, que acaba se tornando uma espécie de imagem paterna, mas ao mesmo tempo faz com que o passado da mãe desaparecida os flagele ainda mais.
Embora seja uma historia simples, é a forma de filmar do cineasta que faz toda a diferença. Ao começar pelos diálogos, que são poucos, sendo que as ações dos personagens em cena é que falam (muito) por si. Embora ajam inúmeros efeitos sonoros devido às sequências aonde o protagonista se encontra trabalhando no transito por exemplo, não há trilha sonora e boa parte das sequências é um silêncio arrebatador, que chega afligir ainda mais aquele que assiste, pois se cria uma expectativa sobre o que pode acontecer em seguida.
Como há poucos diálogos, é um filme que exige em dobro cada um dos atores em cena. Mas cada um aqui trabalha com tamanha competência, principalmente Lee Kang Sheng: ator fetiche do cineasta, Lee entrega um desempenho de corpo e alma, encarnando um protagonista cheio de demônios interiores, pronto para explodir e sem medir as consequências dos seus atos. Não faltam momentos sublimes do ator, como quando a câmera foca ele por vários minutos em plena chuva durante o serviço, ou na derradeira cena onde ele contracena com uma cabeça de repolho e bota pra fora suas reais intenções durante um momento de desespero, devido à dura realidade que está passando.
São momentos como esse e outros que tornam esse filme algo incomum e longe do que estamos acostumados a ver no esquema sempre previsível do cinemão americano. Mas como eu disse acima, embora ajam aqueles (como eu), que prefere um cinema fora dos padrões costumeiros, é preciso sim ter paciência com algumas sequências, que exigirá atenção e até mesmo a percepção sensorial do cinéfilo. Quando for assistir e achar num determinado momento que já viu de tudo que tinha que ver no filme, aguarde para o ato final da obra, aonde interpretação do casal central da obra chega ao seu ápice e o plano - sequência filmada pelo diretor chega ao estremo, ao ponto de nos perguntarmos a todo o momento o que irá acontecer em cena.
Quando Cães Errantes chega ao seu final, nos sentimos cansados, frustrados, mas com um desejo enorme de revisitar a obra. Rever se deixamos ou não de prestar atenção em algum detalhe e nos maravilhar novamente com cada cena filmada, onde os planos - sequências sem cortes se tornam um quadro pintado em movimento.
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