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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

LUTO: Sidney Poitier (1927 - 2022)


Whoopi Goldberg, atriz

"Se você quisesse o céu, eu escreveria no céu em letras que chegariam a trezentos metros de altura. Para o senhor com amor. Sir Sidney Poitier R.I.P. Ele nos mostrou como alcançar as estrelas. Minhas condolências à família dele e a todos nós também."


Octavia Spencer, atriz

"Jamais esquecerei a ocasião em que conheci o senhor Poitier. Eu tinha acabado de ganhar um prêmio e ele e Helen Mirren estavam caminhando pela cozinha até o palco para apresentar. Quando tenho uma sobrecarga de adrenalina, isso tem um efeito adverso. Eu não consigo dobrar meus joelhos. Então, lá estou eu com meus saltos e um prêmio em minhas mãos, chocada e suada, OLHANDO para os dois. Eu estava procurando uma palavra para dizer, mas não conseguia me lembrar de nenhuma. Eu devo ter sido uma visão lamentável porque ele parou com o maior sorriso e me parabenizou. Finalmente deixei escapar que amo vocês... os dois. Ele me disse que esperava grandes coisas de mim. Há algo sobre ouvir essas palavras de um pioneiro que muda você! Obrigado, senhor Poitier!! Eu tenho andado alto desde então!"


Camila Pitanga, atriz

"Meu pai, Antonio Pitanga, ao lado da imagem de Sidney Poitier, primeiro homem negro a ganha um Oscar, no ano de 1964. Hoje, Sidney nos deixa, aos 94 anos. Uma grande perda de um grande artista, de uma elegância incrível. Eterna referência. Rest in power Coração negro."


Magic Johnson, ex-jogador de basquete

"Um grande amigo, aprendi muito observando Sidney e como ele se portava com tanta graça e classe. Que ele descanse em paz. Cookie e eu enviamos nossas orações a toda a família Poitier!"


Jeffrey Wright, ator

"Sidney Poitier. Que ator marcante. Único. Que homem lindo, gracioso, caloroso e genuinamente real. RIP, Sir. Com amor."


Tyler Perry, ator

"Por volta dessa época, no ano passado, Cicely Tyson estava lançando seu livro e promovendo-o. Eu não tinha ideia de que ela faleceria logo em seguida. Agora, acordo nesta manhã com um telefonema de que Sidney Poitier faleceu... tudo que posso dizer é que meu coração se partiu em outro lugar. A graça e a classe que este homem demonstrou ao longo de toda a sua vida, o exemplo que me deu, não só como negro mas como ser humano, nunca será esquecido. Não há homem neste negócio que tenha sido mais uma estrela guia para mim do que Sidney Poitier. Nunca vou me esquecer de convidar ele e Cicely para voar para a África do Sul comigo. Sendo egoísta, eu queria mantê-los cativos pelas horas de viagem enquanto eu literalmente me sentava a seus pés e ouvia sua sabedoria e experiências. Foi uma mudança de vida. Tudo o que posso dizer é obrigado por sua vida, obrigado por seu exemplo e obrigado por seu presente incrível. Mas, acima de tudo, obrigado por estar disposto a compartilhar VOCÊ para nos tornar melhores."


Filmografia:  

2018 Mr. SOUL!

2010 Sing Your Song

1997 Mandela e De Klerk

1997 O Chacal

1995 Caçada Brutal

1992 Quebra de Sigilo

1988 Atirando para Matar

1988 Espiões Sem Rosto

1975 Conspiração Violenta

1974 Aconteceu num Sábado

1970 King: A Filmed Record From Montgomery to Memphis

1970 Noite Sem Fim

1967 Adivinhe Quem Vem para Jantar

John Prentice

1967 Ao Mestre, Com Carinho

1967 No Calor da Noite

1966 Duelo em Diablo Canyon

1965 A Maior História de Todos os Tempos

1965 Uma Vida em Suspense

1963 Uma Voz nas Sombras

1961 Paris Vive à Noite

1958 Acorrentados

1957 Sangue Sobre a Terra

1957 Um Homem Tem Três Metros de Altura

1955 Sementes de Violência

1952 Arrancada da Morte

1950 O Ódio é Cego


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sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

Cine Especial: Revisitando ‘ROMA’


No Graphic Novel “Daytripper” (2010), escrito e desenhado pelos irmãos brasileiros Fábio Moon e Gabriel Bá, o protagonista pergunta ao seu melhor amigo se ele não vai tirar uma foto de uma bela paisagem vista durante um passeio em Salvador. Em sua resposta, o amigo diz que aquilo era grande demais para uma simples foto e que a vida é boa demais para ser guardada em um único retrato. Ou seja, os momentos em que testemunhamos em vida podem ser grandes demais para serem guardados em uma mera fotografia, mas preserva-las em nossos pensamentos as tornam muito mais ricas em conteúdo e significado.

Muitas fotografias geram inúmeras histórias, pois nelas guardam o mistério sobre o que acontecia muito além daquela imagem presa ao seu passado. Já as lembranças podem ir e vir em nossas mentes, ao ponto que, talvez, certos detalhes ganham maior relevâncias do que quando foram vistas pela primeira vez. É por essa linha de pensamento que chegamos a Alfonso Cuarón com relação a sua obra prima “Roma” (2018), da qual ele filmou baseado em suas lembranças de infância e as moldando para as telas do cinema.

Nessa superprodução de época, Cuarón faz de tudo um pouco, desde diretor, produtor, roteirista e realizador de uma belíssima fotografia. Falando nela, é nessa área que o cineasta esbanja um talento poucas vezes visto dentro do cinema contemporâneo, pois a sua câmera desliza sem pressa pelos cenários em preto e branco que representam a sua casa da época de sua infância e revelando detalhes que não podem ser encontrados numa primeira visita. Embora devagar, a câmera nos obriga para termos total atenção, pois ela chega ao ponto de fazer um giro de 360º graus na sala principal da casa onde se passa a trama principal da obra.

No clássico “Blade Runner” (1982), por exemplo, Rick Deckard (Harrison Ford) analisava uma foto através de seu computador e onde se revelava um detalhe do qual não poderia ser visto a olho nu. Esse momento sintetiza o filme como um todo, já que Ridley Scott criou uma obra com tantos detalhes que muitos até hoje descobrem pequenos símbolos escondidos em meio aos cenários. Alfonso Cuarón segue numa proposta semelhante em que, ao invés de nos apresentar simples fotos, ele recria inúmeras imagens cheias de detalhes e que remetem as suas boas e más lembranças do seu passado longínquo.

Mais do que fazer uma reconstituição do que ele viu e ouviu, Alfonso Cuarón coloca os fatos históricos entre os anos de 1970 a 1971 acontecidos no México como pano de fundo, mas que em alguns momentos eles se sobressaem e ficam à frente da trama principal. Em “Gravidade” (2013), por exemplo, Cuarón havia colocado o cinéfilo a frente da protagonista (Sandra Bullock) sobre os acontecimentos que viriam, já que existe algo acontecendo ao fundo no espaço e é então que ela percebe que há milhares de destroços que estão chegando ao seu encalço. No caso de “Roma”, a reconstituição é pontual sobre a chacina ocorrida em 1971, conduzida por um grupo paramilitar, assassinos de estudantes que protestaram contra o governo, deixando a personagem principal Cleo (Yalitza Aparicio) em estado de impotência assim como nós, mesmo com alguns detalhes já vistos anteriormente e que serviram de prelúdio para o que viria ocorrer.

Cleo é, portanto, a nossa guia pelo passado de Cuarón, sendo uma jovem inocente, mas trabalhadora, mesmo com os percalços que surgem em sua vida e da família da qual ela trabalha. Cleo seria uma espécie de Forrest Gump na visão do cineasta, onde a sua humildade se torna a sua principal arma contra um sistema moldado por regras capitalistas e que tentam extinguir uma ideia mais socialista na vida daquelas pessoas. O sistema, aliás, não enxerga quem sustenta essa realidade, mas com a sua câmera, Cuarón escancara os verdadeiros pilares da humanidade em uma cena simbólica, onde Cleo brinca com uma das crianças no terraço da casa.

O papel da mulher na trama é determinante para que os demais personagens da história consigam seguir em frente. A patroa de Cleo, Sofia (Marina Tavira), por exemplo, transita entre o caminho sem rumo para depois se reerguer em meio aos escombros de um casamento em frangalhos. Duas mulheres diferentes, mas pertencentes a mesma realidade e unindo forças para seguirem em frente perante as ondas das mudanças que as atingem.

Mais do que uma obra prima, "Roma" é o cinema em movimento, onde as cenas simbolizam lembranças e das quais nenhuma fotografia conseguirá superá-las.

 


Onde Assistir: Pela Netflix e numa edição especial em DVD lançada recente pela Versátil. 

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quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Cine Dicas: Estreias do Final de Semana (06/12/21)

 RODA DO DESTINO

Sinopse: Meiko se assusta quando percebe que sua melhor amiga começa a se apaixonar pelo seu ex-namorado. Sasaki planeja se vingar de seu professor da universidade, usando para isso um colega de classe. Natsuko encontra uma mulher que parece ser alguém de seu passado, levando as duas a confessarem sentimentos guardados. Histórias sobre a complexidade dos relacionamentos, contadas por meio de coincidências que acontecem na vida de três mulheres.



KING’S MAN: A ORIGEM

Sinopse: Em King’s Man: A Origem, quando um grupo formado pelos piores tiranos e criminosos mais cruéis de todos os tempos planeja uma ameaça capaz de matar milhões de inocentes, um homem é obrigado a correr contra o tempo na tentativa de salvar o futuro da humanidade.



MY HERO ACADEMIA – MISSÃO MUNDIAL DE HERÓIS

Sinopse: Izuku Midoriya, Katsuki Bakugo e Shoto Todoroki, alunos de ensino médio do colégio U.A., enfrentam a maior crise da história de My Hero Academia. Eles terão apenas duas horas para salvar o mundo! Durante o sonhado estágio sob a tutela do reverenciado herói Endeavor, Deku e seu novo amigo Rody veem-se em apuros ao serem procurados por um crime que não cometeram.


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Cine Dica: PROGRAMAÇÃO DE 6 A 12 DE JANEIRO DE 2022 na Cinemateca Paulo Amorim

 SEGUNDAS-FEIRAS NÃO HÁ SESSÕES

NOIVO NEURÓTICO, NOIVA NERVOSA


SALA 1 / PAULO AMORIM


15h15 – YALDA – UMA NOITE DE PERDÃO Assista o trailer aqui.

NÃO HAVERÁ SESSÃO NOS DIAS 8 E 9 (SÁBADO E DOMINGO)

(Yalda – França/Bélgica/Alemanha/ Suíça/Luxemburgo/Líbano/Irã, 2020, 90min). Direção de Massoud Bakhsh, com Sadaf Asgari, Behnaz Jafari, Babak Karimi. Imovision, 12 anos. Drama.

Sinopse: Maryam e Mona cresceram no Irã e se tornaram grandes amigas – até o dia em que o pai de Mona resolve se casar com Maryam, 40 anos mais jovem que ele. Quando Maryam mata o marido acidentalmente, as leis do país a condenam à morte. E Mona é a única que pode salvá-la – mas o perdão (ou não) será ao vivo, em um reality show da TV. O filme foi o vencedor do grande prêmio do júri no Festival de Sundance 2020.


17h30 – AZOR Assista o trailer aqui.

(Suíça-Argentina-França, 2021, 100min). Direção de Andreas Fontana, com Fabrizio Rongione, Stéphanie Cléo, Carmen Iriondo. Vitrine Filmes, 12 anos. Drama.

Sinopse: Ambientado nos anos 1980, durante a ditadura argentina, a trama acompanha Yvan, um banqueiro de Genebra que desembarca em Buenos Aires com uma missão complicada: substituir seu sócio, que desapareceu. Aos poucos, Yvan vai conhecendo os bastidores das transações de milionários argentinos que mandavam dinheiro para contas na Suíça, ao mesmo tempo em que investiga as condições em que seu colega sumiu.


SALA 2 / EDUARDO HIRTZ


14h30 – RODA DO DESTINO *ESTREIA* Assista o trailer aqui.

(Guzen to Sozo - Japão, 2021, 120min). Direção de Ryusuke Hamaguchi, com Kotone Furukawa, Kiyohiko Shibukawa, Katsuki Mori. Pandora Filmes, 14 anos. Drama romântico.

Sinopse: Vencedor do Grande Prêmio do Júri do Festival de Berlim, o filme acompanha três personagens femininas em momentos importantes de escolhas e arrependimentos. Em uma das histórias, uma garota descobre que sua melhor amiga está saindo com um homem por quem ela foi muito apaixonada. Também há a universitária que entra num jogo de vingança contra o professor de literatura e uma jovem lésbica que reencontra alguém que pode ter sido um grande amor do passado.


17h – UMA VEZ EM VENEZA Assista o trailer aqui.

(When in Venice - Brasil/Colômbia/Alemanha/Itália, 2020, 75min) Direção de Juan Zapata, com Peter Ketnath e Bella Carrijo. Zapata Filmes, 14 anos. Romance.

Sinopse: O alemão Maximilian e a brasileira Maria se conhecem por acaso em um hotel no norte da Itália. Mesmo com visões distintas em relação ao que é o amor, eles decidem se juntar para realizar um sonho em comum: visitar Veneza, uma das cidades mais românticas do mundo.


19h – RODA DO DESTINO *ESTREIA* Assista o trailer aqui.

(Guzen to Sozo - Japão, 2021, 120min). Direção de Ryusuke Hamaguchi, com Kotone Furukawa, Kiyohiko Shibukawa, Katsuki Mori. Pandora Filmes, 14 anos. Drama romântico.

Sinopse: Vencedor do Grande Prêmio do Júri do Festival de Berlim, o filme acompanha três personagens femininas em momentos importantes de escolhas e arrependimentos. Em uma das histórias, uma garota descobre que sua melhor amiga está saindo com um homem por quem ela foi muito apaixonada. Também há a universitária que entra num jogo de vingança contra o professor de literatura e uma jovem lésbica que reencontra alguém que pode ter sido um grande amor do passado.


SESSÕES ESPECIAIS SALA PAULO AMORIM

ESPECIAL WOODY ALLEN – ANOS 1970 E 1980


SÁBADO, DIA 8 DE JANEIRO ÀS 15h15

NOIVO NEURÓTICO, NOIVA NERVOSA

(Annie Hall - EUA, 1977, 93min). Direção de Woody Allen, com Woody Allen, Diane Keaton, Tony Roberts.

Sinopse: Vencedor de quatro prêmios Oscar - filme, diretor, atriz e roteiro original - "Annie Hall" é considerado um marco na carreira de Woody Allen justamente porque apresentou ao mundo o que o diretor faz com maestria: diálogos afiados, personagens cheios de conflitos, críticas debochadas e uma cidade (no caso Manhattan) que se integra ao roteiro. Nesta história, WA é um comediante judeu e divorciado que enfrenta várias crises em seu relacionamento com Annie Hall, uma cantora em começo de carreira.


DOMINGO, DIA 9 DE JANEIRO ÀS 15h15

ZELIG

(EUA, 1983, 80min). Direção de Woody Allen, com Woody Allen e Mia Farrow.

Sinopse: Considerado um dos filmes mais inventivos de Woody Allen, “Zelig” é um pseudo-documentário que utiliza imagens de várias épocas (entre arquivos de telejornais e fotografias) para contar a história de Leonard Zelig. Nos anos 1920, o sujeito tem o estranho dom de se adaptar ao ambiente em que está e em assumir características comuns aos que o cercam: se circula entre republicanos, se comporta como um; em Chinatown, ele adquire traços chineses; quando está em companhia de negros, sua pele escurece. Essa condição acaba atraindo a atenção da comunidade médica, em especial de uma jovem psiquiatra.


PREÇOS DOS INGRESSOS:

TERÇAS, QUARTAS e QUINTAS-FEIRAS: R$ 12,00 (R$ 6,00 – ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS). SEXTAS, SÁBADOS, DOMINGOS, FERIADOS: R$ 14,00 (R$ 7,00 - ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS). CLIENTES DO BANRISUL: 50% DE DESCONTO EM TODAS AS SESSÕES. 

Professores têm direito a meia-entrada mediante apresentação de identificação profissional.

Estudantes devem apresentar carteira de identidade estudantil. Outros casos: conforme Lei Federal nº 12.933/2013. Brigadianos e Policiais Civis Estaduais tem direito a entrada franca mediante apresentação de carteirinha de identificação profissional.

*Quantidades estão limitadas à disponibilidade de vagas na sala.

A meia-entrada não é válida em festivais, mostras e projetos que tenham ingresso promocional. Os descontos não são cumulativos. Tenha vantagens nos preços dos ingressos ao se tornar sócio da Cinemateca Paulo Amorim. Entre em contato por este e-mail ou pelos telefones: (51) 3136-5233, (51) 3226-5787.


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quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

Cine Dica: Em Cartaz: 'Matrix Resurrections'

Sinopse: Após o final da trilogia original Neo acorda dentro Matrix com uma nova vida, mas tendo a ligeira sensação que há algo errado na sua realidade em volta.    

"Matrix" (1999) foi um desses casos em que os Deuses do cinema sorriram para o projeto e fazendo do filme algo a frente do seu tempo, porém, que falasse também sobre os dilemas existencialistas que até hoje são debatidos. Após duas continuações, além dos derivados como "Animatrix", parecia ser um erro de cálculo retornar esse universo cheio de simbolismos e dos quais nos fascinou por mais de vinte anos. Pois bem, "Matrix Resurrections" (2021) não é nem de perto superior ao clássico, mas respeita o seu legado como um todo.

Se passando 20 anos após os acontecimentos de de "Matrix Revolutions", Neo vive uma vida aparentemente comum sob sua identidade original como Thomas A. Anderson em São Francisco, Califórnia, com um terapeuta que lhe prescreve pílulas azuis para neutralizar as coisas estranhas e não naturais que ele ocasionalmente vislumbra em sua mente. Ele também conhece uma mulher que parece ser Trinity (Carrie Anne-Moss), mas nenhum deles se reconhece. No entanto, quando uma nova versão de Morpheus oferece a ele a pílula vermelha e reabre sua mente para o mundo da Matrix, que se tornou mais seguro e perigoso nos anos desde a infecção de Smith, Neo volta a se juntar a um grupo de rebeldes para lutar contra um novo e perigoso inimigo e livrar todos da Matrix novamente.

Lana Wachowski sabia do vespeiro que estava entrando no momento que decidiu retornar ao universo que havia criado com a sua irmã no passado. Ao retornar ao cenário da "Matrix", a diretora decide criar um verdadeiro filme nostálgico, onde sempre se faz referências ao clássico a todo momento e criando assim um verdadeiro Déjà Vu visual. Curiosamente, o filme também respeita e muito as continuações e pondo por terra as opiniões de alguns que achavam que esses capítulos eram irrelevantes, quando na verdade expandiu a ideia sobre a Matrix e o verdadeiro papel dos personagens Neo e Trinity.

Aliás, se esse novo filme funciona é graças a eles, já que a química entre Keanu Revees e Carrie Anne-Moss continua a mesma depois de mais de vinte anos e fazendo dos dois o coração pulsante do filme como um todo. Infelizmente alguns atores acabaram não retornando, como no caso de Laurence Fishburne que ficou marcado como Morpheus, mas sendo substituído pelo ótimo ator Yahya Abdul-Mateen II e que faz o personagem da sua maneira e de forma bem divertida. O mesmo não se pode dizer Jonathan Groff, cuja a sua atuação é apática como agente Smith e que jamais superará o que Hugo Weaving fez no passado.

Como foi dito acima, o filme é um grande Déjà Vu em alguns momentos e o que faz a gente se perguntar para que realmente veio. Ao meu ver, diferente da geração do final dos anos noventa, essa sociedade atual simplesmente desistiu de lutar contra o sistema e abraçando as inúmeras possibilidades tecnológicas que a mesma oferece, mesmo quando a própria lhe tira cada vez mais a sua independência. Sentimos, portanto, essa harmonia entre os humanos e máquinas dentro trama, mesmo quando os velhos dilemas tratados no clássico ainda são colocados aqui em pauta.

Para os fãs que adoravam os inúmeros simbolismos do clássico esse novo filme é novamente um verdadeiro prato cheio. Se a imagem do escolhido está cada vez mais próxima do Messias, as referências ao clássico literário "Alice no País das Maravilhas" se tornam aqui ainda mais explicitas, sendo que os espelhos finalmente se tornam parte essencial da trama. Falando em Alice, aguarde para o momento em que surge a música “White Rabbit“, de Jefferson Airplane e que presta uma bela homenagem a obra criada por Lewis Carroll.

Infelizmente o ato final deixa a desejar, mas não pela falta de ação em si, pois ela existe, mas sim pela falta de imaginação e coragem em alguns momentos e que ficaram devendo. O epílogo, aliás, é escancarado que ali há sementes que foram plantadas para uma possível continuação, mas não creio que venha acontecer, pois precisaria algo ainda mais criativo para sustentar uma possível nova trilogia. Tudo dependerá da resposta da sociedade atual, que ao meu ver não se importa mais se está presa ao sistema ou não.

"Matrix Resurrections" é um grande Déjà Vu do clássico, do qual poderá até agradar os fãs mais fanáticos, mas não convencendo aqueles que queriam ir mais a fundo na toca do coelho.  


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terça-feira, 4 de janeiro de 2022

Cine Dica: Em Cartaz: "Annette"

Sinopse: Após a morte inesperada de sua esposa, um comediante de stand-up se vê sozinho tendo que cuidar de sua filha pequena Anette, de apenas dois anos. Se não bastassem as dificuldades em cuidar dela, ele acaba descobrindo que ela tem um dom especial. 

Leos Carax não está preocupado atualmente em fazer cinema, mas sim algo que possa tirar o cinéfilo de sua zona de conforto e para sim apreciar algo fora desse cenário. "Holy Motors" (2012), por exemplo, talvez seja um dos seus filmes mais provocadores de sua carreira, ao colocar o protagonista transitando em diversas atividades através de uma sociedade cada vez mais presa e viciada em suas necessidades. Em "Annette" (2021) ele nos convida para um show de luzes e cores, mas que não esconde o preço que o indivíduo para obter o sucesso no show business.

Em "Annette", um comediante (Adam Driver) que ganha a vida fazendo stand-up está passando por sérios apuros. Isso porque, após a morte inesperada de sua esposa, ele se vê sozinho tendo que cuidar de sua filha pequena, de apenas 2 anos. Como se não bastassem as dificuldades com o cuidado de uma criança, ele acaba descobrindo que ela tem um dom especial.

Já na abertura Leos Carax nos deixa claro que não testemunharemos um filme comum, ao ponto de ele exigir para que nós respiremos pela última vez e assim embarquemos em sua obra que se encontra fora do círculo de sucessos que se encontra Hollywood atualmente. O filme é um musical, mas sem nenhuma fórmula de sucesso dentro do gênero, sendo que mais se parece inúmeros números feitos em um palco de um Teatro da Broadway, mas fazendo o cinéfilo jamais se esquecer que está diante de um filme. A primeira hora, por exemplo, nos passa a sensação que, tanto o cineasta como também o seu elenco, está disposto a nos tirarmos do convencional que tanto o cinema norte americano deseja para que continuemos sonâmbulos ao longo do tempo.

Com uma belíssima fotografia e alinhada com uma edição de arte caprichada, o filme é uma crítica acida sobre as grandes celebridades que desejam sempre estarem no topo do sucesso, mas não conseguindo administrar as suas próprias vidas pessoais. O personagem de Driver, por exemplo, é uma pessoa desperta com relação ao show de horrores do qual lhe dá algum crédito, mas logo percebendo que está perdendo o seu estrelato até perante a sua linda esposa. Marion Cotillard resgata, mesmo em poucos momentos, o tempo em que soltou a sua voz no filme "Piaf" (2007) e nos surpreendendo em cenas deslumbrantes de uma ópera que sintetiza de forma trágica o destino de sua própria personagem.

O filme também não deixa de ser uma crítica dura perante ao nascimento das celebridades instantâneas, principalmente aquelas que fazem sucesso precocemente enquanto os pais bebem desta fonte até se esgotarem. Portanto, não é de se estranhar que boa parte do filme a pequena Annette seja representada na forma de uma boneca, pois os seus pais a enxergam como pequena entidade perfeita, mas se esquecendo do seu lado que lhe faz obter vida. Neste último caso ele somente surge no epilogo e sendo interpretada pela pequena, mas de enorme talento Devyn McDowell.

É claro que o filme como um todo é todo dominado pela atuação magistral de Adam Drive, que aqui ele interpreta uma espécie de álter ego do próprio cineasta. O protagonista ri de sua própria tragédia, mas se dando conta que a piada perdeu a sua graça no momento que se deixou ser dominado pelo seu próprio ego e perdendo tudo que mais ansiava no mundo. Sua cena final é tocante, ao perceber que não tinha poder algum para enfrentar as consequências dos seus próprios atos ao longo desse percurso cheio de glamour, mas sem nenhum toque de amor.

"Annette" é uma grande valsa orquestrada por  Leos Carax e do qual o mesmo não se preocupa se você perder o passo, pois o filme não nasceu para todos. 


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segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

Cine Dica: Streaming: 'A Filha Perdida'

Sinopse: Leda é uma mulher votada pela área acadêmica que decide tirar umas férias na praia. Contudo, turistas americanos a fazem tomar novos rumos nestes dias de descanso e lhe fazendo até mesmo relembrar o passado.   

É muito mais fácil julgar as pessoas do que compreender elas, principalmente quando o assunto é a questão das mulheres e que na maioria das vezes são sempre julgadas antes mesmo de serem ouvidas. Porém, isso não significa que elas sejam obrigadas a ter que se explicar pelos seus atos, pois cabe elas próprias se julgarem e verem se realmente erraram, seja no seu presente ou em um passado distante. "Filha Perdida" (2021) fala sobre as escolhas e consequências dentro do universo feminino do qual, por vezes, é solitário e que em alguns casos elas gritam por socorro.

Dirigido pela atriz e agora diretora Maggie Gyllenhaal, além de ser baseado no livro da escritora Elena Ferrante, "A Filha Perdida" fala sobre Leda (Olivia Colman) é uma mulher de meia-idade divorciada, devotada para sua área acadêmica como uma professora de inglês e para suas filhas. Quando ambas as filhas decidem ir para o Canadá e ficarem com seu pai nas férias, Leda já antecipa sua rotina sozinha. Porém, apesar de se sentir envergonhada pela sensação de solitude, ela começa a se sentir mais leve e solta e decide, portanto, ir para uma cidade costeira na Itália. Porém, ao passar dos dias, Leda encontra uma família que por sua mera existência a faz lembrar de períodos difíceis e sacrifícios que teve de tomar como mãe. Uma história comovente de uma mulher que precisa se recuperar e confrontar o seu passado.

Maggie Gyllenhaal é feliz na sua estreia na direção, ao saber conduzir a sua câmera de acordo com a direção do olhar de sua protagonista, principalmente nos momentos em que a família da qual ela observa se encontra na praia. É por conta desses momentos que começam os flashbacks, onde conhecemos a jovem Leda, interpretada por Jessie Buckley, que luta para continuar com os seus estudos, mas ao mesmo tempo tendo que cuidar de suas filhas e marido. Embora ambas as atrizes interpretem a mesma personagem é impressionante como aqui existe um contraste, já que a Leda do presente é livre e no direito de fazer o que sente enquanto a Leda do passado se encontra presa e a ponto de explodir.

É como se aqui a protagonista do presente tentasse através de suas lembranças libertar a sua versão mais jovem e para que assim possa saciar os seus desejos reprimidos. Isso somente é sentido graças a direção segura de Gyllenhaal, ao conseguir capitar cada expressão das duas atrizes e cujo os seus olhares, principalmente de Colman, falam mais do que diversas palavras. Olivia Colman, aliás, dá novamente um show de interpretação, já que a sua personagem é um mistério para nós no princípio, mas que logo vamos compreendendo as suas motivações e ações, mesmo quando algumas delas sejam até impossíveis de se entender.

Jessie Buckley, por sua vez, não fica muito atrás, pois a sua caracterização como Leda mais jovem e nos surpreende quando colocamos mentalmente as duas atrizes lado a lado e fazendo parecer que realmente estamos vendo uma Olivia Colman vinte anos mais jovem. Curiosamente, seja no passado ou presente, nós sentimos uma sensação de que a personagem enfrenta um inimigo invisível (ou não) como se ela enfrentasse as regras impostas por uma sociedade que tenta reprimir as mulheres a todo momento e fazendo elas próprias não compreenderem esse sentimento. Neste último caso isso é muito bem representado pela personagem Nina, vivida Dakota Johnson que, diferente da protagonista, aceitou ser submissa, mas também não compreendendo em alguns momentos a dor que sente ao abdicar da liberdade que um dia havia possuía na vida.

A liberdade, aliás, é uma palavra que possui um alto preço dentro da trama, principalmente quando as pessoas decidem percorrer um caminho, mas tendo o desejo de seguir outro. É neste ponto que podemos até mesmo julgarmos facilmente a protagonista, principalmente em uma cena dela jovem com as crianças e que irá mexer profundamente com qualquer um que for assisti-la. Ao final, vemos a própria sozinha assumindo as suas duras escolhas, não se arrependendo por elas, mas não significa que ela não sinta.

Com a participação do sempre ilustre Ed Harris "A Filha Perdida" é sobre o universo solitário feminino, do qual possui inúmeros significados e que nem todos irão compreende-los.

Onde Assistir: Netflix.

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