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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

Cine Dica: Streaming: 'A Filha Perdida'

Sinopse: Leda é uma mulher votada pela área acadêmica que decide tirar umas férias na praia. Contudo, turistas americanos a fazem tomar novos rumos nestes dias de descanso e lhe fazendo até mesmo relembrar o passado.   

É muito mais fácil julgar as pessoas do que compreender elas, principalmente quando o assunto é a questão das mulheres e que na maioria das vezes são sempre julgadas antes mesmo de serem ouvidas. Porém, isso não significa que elas sejam obrigadas a ter que se explicar pelos seus atos, pois cabe elas próprias se julgarem e verem se realmente erraram, seja no seu presente ou em um passado distante. "Filha Perdida" (2021) fala sobre as escolhas e consequências dentro do universo feminino do qual, por vezes, é solitário e que em alguns casos elas gritam por socorro.

Dirigido pela atriz e agora diretora Maggie Gyllenhaal, além de ser baseado no livro da escritora Elena Ferrante, "A Filha Perdida" fala sobre Leda (Olivia Colman) é uma mulher de meia-idade divorciada, devotada para sua área acadêmica como uma professora de inglês e para suas filhas. Quando ambas as filhas decidem ir para o Canadá e ficarem com seu pai nas férias, Leda já antecipa sua rotina sozinha. Porém, apesar de se sentir envergonhada pela sensação de solitude, ela começa a se sentir mais leve e solta e decide, portanto, ir para uma cidade costeira na Itália. Porém, ao passar dos dias, Leda encontra uma família que por sua mera existência a faz lembrar de períodos difíceis e sacrifícios que teve de tomar como mãe. Uma história comovente de uma mulher que precisa se recuperar e confrontar o seu passado.

Maggie Gyllenhaal é feliz na sua estreia na direção, ao saber conduzir a sua câmera de acordo com a direção do olhar de sua protagonista, principalmente nos momentos em que a família da qual ela observa se encontra na praia. É por conta desses momentos que começam os flashbacks, onde conhecemos a jovem Leda, interpretada por Jessie Buckley, que luta para continuar com os seus estudos, mas ao mesmo tempo tendo que cuidar de suas filhas e marido. Embora ambas as atrizes interpretem a mesma personagem é impressionante como aqui existe um contraste, já que a Leda do presente é livre e no direito de fazer o que sente enquanto a Leda do passado se encontra presa e a ponto de explodir.

É como se aqui a protagonista do presente tentasse através de suas lembranças libertar a sua versão mais jovem e para que assim possa saciar os seus desejos reprimidos. Isso somente é sentido graças a direção segura de Gyllenhaal, ao conseguir capitar cada expressão das duas atrizes e cujo os seus olhares, principalmente de Colman, falam mais do que diversas palavras. Olivia Colman, aliás, dá novamente um show de interpretação, já que a sua personagem é um mistério para nós no princípio, mas que logo vamos compreendendo as suas motivações e ações, mesmo quando algumas delas sejam até impossíveis de se entender.

Jessie Buckley, por sua vez, não fica muito atrás, pois a sua caracterização como Leda mais jovem e nos surpreende quando colocamos mentalmente as duas atrizes lado a lado e fazendo parecer que realmente estamos vendo uma Olivia Colman vinte anos mais jovem. Curiosamente, seja no passado ou presente, nós sentimos uma sensação de que a personagem enfrenta um inimigo invisível (ou não) como se ela enfrentasse as regras impostas por uma sociedade que tenta reprimir as mulheres a todo momento e fazendo elas próprias não compreenderem esse sentimento. Neste último caso isso é muito bem representado pela personagem Nina, vivida Dakota Johnson que, diferente da protagonista, aceitou ser submissa, mas também não compreendendo em alguns momentos a dor que sente ao abdicar da liberdade que um dia havia possuía na vida.

A liberdade, aliás, é uma palavra que possui um alto preço dentro da trama, principalmente quando as pessoas decidem percorrer um caminho, mas tendo o desejo de seguir outro. É neste ponto que podemos até mesmo julgarmos facilmente a protagonista, principalmente em uma cena dela jovem com as crianças e que irá mexer profundamente com qualquer um que for assisti-la. Ao final, vemos a própria sozinha assumindo as suas duras escolhas, não se arrependendo por elas, mas não significa que ela não sinta.

Com a participação do sempre ilustre Ed Harris "A Filha Perdida" é sobre o universo solitário feminino, do qual possui inúmeros significados e que nem todos irão compreende-los.

Onde Assistir: Netflix.

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