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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Cine Especial: 'Um Lobisomem Americano em Londres - 40 Anos Depois'

Sinopse: David Kessler e Jack Goodman viajam dos Estados Unidos para conhecer a Inglaterra. Lá, os seus destinos são traçados no momento em que são atacados por uma criatura da noite. 

O cruzamento entre gêneros cinematográficos culmina em filmes que soem, em alguns casos, estranhos, ou algo no mínimo incomodo e atrativo. Jordan Peele talvez seja o melhor cineasta atual que soube cruzar esses dois universos e obter algo no mínimo bem criativo. Tanto "Corra" (2017) como "Nós" (2019) são filmes que possuem altas doses de horror, mas entrelaçados por momentos de um humor ácido que nos faz soltar uma risada involuntária e fazendo da sessão ainda muito mais estranha. Essa sensação, porém, não é coisa nova.

O início dos anos 80 a sociedade estava se transformando, ao ponto que os problemas políticos eram tantos que o ocorreram durante a década de 70 que nada mais estava surpreendendo. Em plena Inglaterra, por exemplo, tínhamos ministra chamada Margaret Thatcher que comandou o seu posto com punho de ferro e corroendo o povo através de novas leis nenhum pouco populares. Por conta disso, os monstros clássicos que o cinema havia criado no passado já não mais assustavam, pois o mundo real já tinha monstros o suficiente para nos dar medo até certo ponto.

Por essas e outras era preciso que houvesse uma reformulação dentro do gênero de horror, onde se pudesse mesclar as velhas fórmulas do passado, mas que pudesse inova-la em tempos em que a sociedade já enfrentava os seus próprios demônios. Coube então o diretor de filmes de comédia como John Landis, realizador de títulos como "Clube dos Cafajestes" (1978) e "Irmãos Cara de Pau" (1981) de lançar algo que desse um novo folego ao gênero de horror, mas com toques de humor até então inéditos dentro desse universo. Eis que então nasceu "Um Lobisomem Americano em Londres" (1981), filme que causou diversas sensações para o público na época e nos surpreendendo até os hoje de dia.

O filme conta a história de David Kessler (David Naughton) e Jack Goodman (Griffin Dunne), colegas de colégio, que vieram dos Estados Unidos para conhecer a Inglaterra. Pedindo carona nas estradas, eles chegam a uma pequena cidade. Lá vão ao bar, sendo friamente recepcionados pelos moradores locais. A situação piora ainda mais quando Jack pergunta o porquê do local ter velas e um pentágono na parede. Ao deixar o local, eles caminham por uma estrada deserta e enevoada. Logo percebem que um animal está cercando-os. Jack é então atacado por um enorme lobisomem, tendo seu corpo dilacerado. David foge, mas é também atacado. Ele fica apenas com cortes no rosto e nos ombros, o suficiente para que se transforme em um lobisomem.

A princípio a história não aparenta nenhuma novidade, já que o início dela apresenta as velhas fórmulas do gênero de horror que estavam sendo usadas até ali, principalmente para aqueles que acompanhavam os filmes de horror da Hammer. Porém, a situação muda após os dois jovens protagonistas serem atacados pela criatura, principalmente para David, que acorda no hospital e começa a ter sonhos perturbadores. Em um deles, por exemplo, ele e sua família são atacados por soldados nazistas com rostos demoníacos e fazendo uma referência com relação ao medo que os judeus ainda tinham de tempos terríveis do holocausto.

Mas a situação se torna surpreendente mesmo no momento que Jack surge na frente de David, completamente desfigurado, sendo uma alma penada e dizendo a David para ele se matar, ou então ele se transformará em um Lobisomem na próxima lua cheia. É neste ponto que se encontra o primeiro grande acerto do filme, mais precisamente na maquiagem em que o ator  Griffin Dunne se submeteu, com direito a uma garganta rasgada cheia de sangue enquanto o ator atua de uma forma sarcástica e surpreendente. Ponto para Rick Baker, criador da maquiagem e que foi convidado pelos produtores por já ter chamado atenção dentro do ramo graças ao cinema independente.

Porém, o trabalho de maquiagem desse filme entraria para a história mais adiante. Logo após David se despedir da enfermeira Alex (Jenny Agutter) ele fica no apartamento dela sem fazer nada, andando de um lado para o outro e com a música Bad Moon Rising de Creedence Clearwater Revival tocando ao fundo. No momento em que a lua cheia surge na noite é aí que o filme entra para a história do cinema.

David começa a sentir o corpo queimando, rasgando e começa tirar a roupa que está mergulhada em suor. De uma hora pra outra sua mão estica, ao ponto de virar uma pata, seu corpo começa a encher de pelos, seus dentes e unhas começam a crescer e seu rosto se estica ao ponto de virar uma face de um lobo. Tudo isso embalado com a música  Blu Moon cantada por Sam Cooke ao fundo.

Diferente do clássico "Lobisomem" (1941), onde viamos Lon Chaney Jr se transformar em homem fera em cenas quadro a quadro, aqui é a maquiagem pesada que dá o verdadeiro tom do espetáculo. Rick Baker usou bastante borracha, partes animatrônicas que substituíram as partes de David Naughton e alinhado com uma edição que nos passava uma sensação mórbida de que o ator realmente estava se transformando em um monstro bem diante dos nossos olhos. Não deu outra e os membros da academia do Oscar tiveram que dar um prêmio para o maquiador e inaugurando assim a categoria de melhor maquiagem dentro da premiação.

Do resto, o filme se sustenta graças ao fato de John Landis não mostrar por completo a criatura em um primeiro momento. Em uma cena que ocorre nos tuneis de um trem, por exemplo, vemos somente uma vítima correndo, mas a gente quase nunca obtendo uma dimensão da figura da criatura por completo.  É uma fórmula que já havia funcionado no clássico "Tubarão" (1975), pois tudo se torna ainda mais assustador quando não temos uma exata certeza de como é a face da morte chegando.

No ato final a comédia acida volta ainda mais forte, ao vermos o protagonista conversar com Jack dentro de um cinema pornô e acompanhado com as últimas vítimas do Lobisomem durante a noite passada. O inferno toma conta das ruas de Londres quando a criatura sai do cinema e começa atacar as pessoas e gerando um verdadeiro caos total. Curiosamente, John Landis faz um ponta ao cair em cima de uma senhora e estilhaçando uma vidraça.

O final, por sua vez, divide a opinião de muitas pessoas até hoje, principalmente por ele terminar abruptamente e sem nenhuma explicação do que aconteceu posteriormente. Isso não tira o brilho desse grande clássico de horror, que alinhado com a comédia se criou um símbolo de uma geração que já não levava mais a sério os monstros de antigamente, pois os horrores do mundo real já estavam batendo na nossa porta naquele tempo e era preciso criar algo novo."Um Lobisomem Americano em Londres" é horror e comédia na medida certa e uma curiosa representação de uma geração que não levava mais a sério, tanto os monstros da ficção, como também dos monstros nosso mundo real. 


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quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Cine Dicas: Estreias do Final de Semana (28/10/21)

 Eternos

Sinopse: Originários dos primeiros seres a terem habitado a Terra, Os Eternos fazem parte de uma raça modificada geneticamente pelos deuses espaciais conhecidos como Celestiais. Dotados de características como imortalidade e manipulação de energia cósmica, eles são frutos de experiências fracassadas de seus próprios criadores, que também foram responsáveis por gerar os Deviantes, seus principais inimigos.


Os Tradutores

Sinopse: Em Os Tradutores, nove tradutores são escolhidos por uma editora e trancados em um bunker luxuoso para traduzir um livro altamente esperado, de um famoso autor, em tempo recorde. Embora os tradutores estejam confinados visando evitar qualquer tipo de vazamento por conta dos grandes riscos financeiros, uma crise irrompe quando alguém publica na internet as primeiras dez páginas do romance, chantageando a editora a pagar 5 milhões de euros.


De Volta à Itália

Sinopse: Em De Volta à Itália, Robert (Liam Neeson), um artista boêmio, viaja de Londres para a Itália com seu filho Jack (Micheál Richardson) para tentar reformar e vender a casa que herdou de sua falecida esposa.


A Família Addams 2 - Pé na Estrada

Sinopse: Os Addams se envolvem em aventuras mais malucas e se envolvem em confrontos hilariantes com todos os tipos de personagens desavisados.


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Cine Dica: PROGRAMAÇÃO DE 28 DE OUTUBRO A 03 DE NOVEMBRO DE 2021 na Cinemateca Paulo Amorim

 
M, O VAMPIRO DE DUSSELDORF


ESTAMOS EXIGINDO O COMPROVANTE DE VACINAÇÃO!

PROGRAMAÇÃO DE 28 DE OUTUBRO A 03 DE NOVEMBRO DE 2021

SEGUNDAS-FEIRAS NÃO HÁ SESSÕES


SALA 1 / PAULO AMORIM


15h – O HOMEM QUE VENDEU SUA PELE Assista o trailer aqui

(The Man who Sold his Skin - Alemanha-Bélgica-França-Tunisia, 2020, 104min). Direção de Kaouther Ben Hania, com Yahya Mahayni, Monica Bellucci, Dea Liane, Koen de Bouw. Pandora Filmes, 14 anos. Drama.

Sinopse: Sam Ali é um jovem sírio que trocou seu país pelo Líbano para escapar da guerra. Mas seu projeto de vida é viajar para a Bélgica e reencontrar Abeer, a namorada que também fugiu do Líbano. A oportunidade surge quando Sam conhece Jeffrey Godefroy, um cultuado artista contemporâneo que propõe transformar o próprio corpo do jovem em uma obra de arte – o que significa passaporte livre para qualquer lugar do mundo. O filme foi indicado pela Tunísia para concorrer ao Oscar de melhor longa internacional.


 *NÃO HAVERÁ SESSÃO NO DIA 31 (DOMINGO).


17h – A DONA DO BARATO Assista o trailer aqui.

(La Daronne - França-Bélgica, 2020, 105min). Direção de Jean-Paul Salomé, com Isabelle Huppert, Hippolyte Girardot, Farida Ouchani. Imovision, 12 anos. Comédia dramática.

Sinopse: Patience Portefeux trabalha como tradutora de francês-árabe para o departamento de narcóticos de Paris. Ela tem vários problemas financeiros em sua vida pessoal, mas a situação se complica ainda mais quando descobre que o filho da dedicada cuidadora de sua mãe será preso por conta de tráfico de maconha. Decidida a proteger o rapaz, a própria Patience despista a polícia e assume a droga - se tornando a dona do barato do título. O filme é uma adaptação do romance da escritora Hannelore Cayre.


SALA 2 / EDUARDO HIRTZ


14h30 – SANCTORUM Assista o trailer aqui.

(México/Rep. Dominicana/Qatar, 2020, 85min). Direção de Joshua Gil, com Erwin Pérez Jiménez, Nereyda Vásquez, Virgen Torres. Zeta Filmes, 14 anos. Drama/Fantasia.

Sinopse: Vencedor do prêmio de melhor filme no Festival Indie 2020, a produção busca um tom poético para tratar de um problema brutal: a indústria das drogas no México. Isolada entre narcotraficantes e um exército corrupto, a mãe de uma família humilde só consegue sobreviver trabalhando em plantações de maconha. Quando ela não volta do trabalho, a avó ensina ao neto a importância de rezar e respeitar os deuses da natureza.


16h30 – LOS LOBOS Assista o trailer aqui.

(México, 2020, 90min). Direção de Samuel Kishi Leopo, com Martha Reyes Arias, Maximiliano Márquez, Leonardo Márquez. Vitrine Filmes, 14 anos. Drama.

Sinopse: Baseado nas memórias de infância do próprio diretor, o roteiro acompanha Lucia e seus dois filhos pequenos - Max e Leo - numa cruzada para melhorar de vida nos Estados Unidos. Os pequenos sonham em conhecer a Disney e seus muitos heróis, mas são obrigados a passar seus dias trancados em um apartamento miserável enquanto a mãe sai para trabalhar. A vida lá fora não tem heróis, apenas imigrantes como eles, que vêm de várias partes do mundo. Na imaginação de uma criança, entretanto, a realidade pode ser bem diferente.


18h30 – CABEÇA DE NÊGO *ESTREIA* Assista o trailer aqui.

(Brasil, 2020, 90min). Direção de Déo Cardoso, com Lucas Limeira, Jéssica Ellen, Nicoly Mota, Jennifer Joingley. Corte Seco Filmes, 14 anos. Drama.

Sinopse: Saulo é um jovem negro, estudante de uma escola pública da periferia e admirador das ideias do movimento norte-americano Panteras Negras. Quando reage a um insulto racista e é expulso da sala de aula, Saulo resolve permanecer na escola – e seu ato solitário contra a injustiça acaba mobilizando colegas, professores e imprensa e chama a atenção para uma realidade ainda mais complexa em torno do sistema escolar e político.


*NÃO HAVERÁ SESSÃO NO DIA 03 (QUARTA).


SESSÕES ESPECIAIS DA SEMANA

Sessão do ciclo Clássicos na Cinemateca – 35 anos.

DIA 31 DE OUTUBRO ÀS 15h


M, O VAMPIRO DE DUSSELDORF

(Alemanha, 1931, 110min). Direção de Fritz Lang, com Peter Lorre.

Sinopse: Um serial killer de crianças apavora uma cidade inteira, ao mesmo tempo em que a polícia não consegue descobrir a identidade do assassino. Primeira produção sonora de Fritz Lang, é considerado o filme mais importante da cinematografia alemã.


Sessão da oficina “Escola de Cinéfilos”

DIA 02 DE NOVEMBRO ÀS 19h

A REDE SOCIAL

(EUA, 2010, 120min). Direção de David Fincher, com Jesse Eisenberg.

Sinopse: Em uma noite do outono de 2003, o jovem Mark Zuckerberg, estudante de Harvard, criou os códigos para a primeira grande rede social da Internet. Ele se transformou em um dos homens mais ricos do mundo, mas também acumula processos judiciais e muitos inimigos.

Sessão do ciclo “O que é o Cinema Gaúcho?”

DIA 03 DE NOVEMBRO ÀS 19h


IRMÃ

(Brasil, 2020, 90min). Direção de Vinicius Lopes e Luciana Mazeto, com Maria Galant e Anais Wagner.

Sinopse: A mãe de Ana e Ju sofre de uma doença incurável, o que leva as duas irmãs a viajarem para encontrar o pai. Neste percurso, várias situações mágicas e inesperadas podem acontecer.

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PREÇOS DOS INGRESSOS:

TERÇAS, QUARTAS e QUINTAS-FEIRAS: R$ 12,00 (R$ 6,00 – ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS). SEXTAS, SÁBADOS, DOMINGOS, FERIADOS: R$ 14,00 (R$ 7,00 - ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS). CLIENTES DO BANRISUL: 50% DE DESCONTO EM TODAS AS SESSÕES. 

Professores tem direito a meia-entrada mediante apresentação de identificação profissional.

Estudantes devem apresentar carteira de identidade estudantil. Outros casos: conforme Lei Federal nº 12.933/2013. Brigadianos e Policiais Civis Estaduais tem direito a entrada franca mediante apresentação de carteirinha de identificação profissional.

*Quantidades estão limitadas à disponibilidade de vagas na sala.

A meia-entrada não é válida em festivais, mostras e projetos que tenham ingresso promocional. Os descontos não são cumulativos. Tenha vantagens nos preços dos ingressos ao se tornar sócio da Cinemateca Paulo Amorim. Entre em contato por este e-mail ou pelos telefones: (51) 3136-5233, (51) 3226-5787.


Acesse nossas plataformas sociais:

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quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Cine Dica: Em Cartaz: 'Halloween Kills: O Terror Continua'

Sinopse: Laurie Strode acredita que enfim venceu a luta contra Michael Myers, mas é surpreendida pelo seu retorno. Determinada a pôr um ponto final em seus ataques, ela e outros sobreviventes decidem enfrentá-lo e acabar com o ciclo de uma vez por todas. 

"Halloween" (1978) realizado por John Carpenter ainda é hoje um dos filmes de horror mais importantes da história do cinema e um dos pilares do subgênero slasher. Mas estamos falando do cinema americano, onde um ótimo filme não escapa de obter uma continuação, ou até mesmo uma longa franquia. "Halloween" não escapou disso, ao ponto de que cada filme foi piorando ao longo dos anos que vieram.

Além de sete filmes, (de 1981 há 2002), o clássico ainda sofreu com uma refilmagem em 2007 e com a sua continuação em 2009. Coube ao diretor David Gordon Green limar tudo o que já tinha sido feito, reconhecendo somente o filme clássico e criando assim uma nova continuação. O resultado é "Halloween" (2018), filme que não só respeita a sua fonte original, como também revitalizou a figura de Michael Myers, ao transforma-lo em uma figura verossímil, porém, não menos mortífera. Com a intenção de se criar uma nova trilogia eis que chega "Halloween Kills: O Terror Continua", filme que dá continuidade aos eventos do filme anterior, mas retornando também ao cenário do filme original.

Depois de quatro décadas se preparando para enfrentar Michael Myers, Laurie Strode (Jamie Lee Curtis) acredita que enfim venceu. Minutos depois de deixar o assassino queimando, Laurie vai direto para o hospital com ferimentos graves de vida ou morte. Mas quando Michael consegue escapar da armadilha de Laurie, sua vingança e desejo por um banho de sangue continua. Enquanto Laurie luta contra a dor, ela tem que se preparar mais uma vez para se defender de Michael e consegue fazer toda a cidade de Haddonfield se juntar para lutar contra o monstro.

O prólogo se torna interessante ao retornar ao cenário do filme clássico, ao ponto de trazer de volta, mesmo em um curto espaço de tempo, o personagem Dr Sam Loomis e que havia sido vivido por Donald Pleasence. Porém, essa desculpa de retornar ao passado se torna o ponto mais falho do filme, pois ele resgata alguns personagens do filme original para fazer desses mesmos serem os protagonistas, já que a personagem de Jamie Lee Curtis se encontra ferida no hospital e se tornando uma figura quase secundária na trama. Mas nenhum desses personagens se tornam relevantes para o filme, já que todos acabam sendo mera desculpas para se tornarem as próximas vítimas de Myers.

Esse, por sua vez, está mais mortífero do que nunca, sendo que as cenas de assassinato estão entre as mais violentas de toda a franquia. Porém, eu vejo que essa violência explicita serve mais para nos distrair, já que no decorrer do tempo o filme vai se perdendo, principalmente por não saber ao certo o que ele nos quer passar ao longo do percurso. No filme anterior não se perdia tempo em buscar alguma lógica sobre o que é realmente Michael Myers, mas aqui os realizadores optaram em retratar as consequências dos seus atos, com o direito de pessoas se entregarem ao ódio e irem buscar vingança através da pessoa errada. Essa passagem, aliás, é uma das mais interessantes do filme, mesmo quando nos passa a sensação de que poderia ter sido melhor trabalhada.

Mas, como eu disse acima, os realizadores perdem tempo novamente em buscar a raízes do problema sobre o que é esse assassino mascarado, ao ponto da possibilidade de entrarem no terreno do sobrenatural, mas que foi justamente isso que fez das continuações se tornarem tão dispensáveis ao longo da história. O final, por sua vez, nos deixa um gancho que nos faz desejar ir logo para o terceiro filme, mesmo que, na pior das hipóteses, nos decepcione.

"Halloween Kills: O Terror Continua" é inferior se for comparado ao seu perfeito antecessor, mas consegue nos prender na cadeira do começo ao final da trama e fazendo a gente querer ver logo o final dessa nova trilogia.   


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Cine Dica: PROGRAMAÇÃO CINEMATECA CAPITÓLIO - 28 de outubro a 3 de novembro de 2021

 SESSÃO DA MEIA-NOITE DE HALLOWEEN DE JOHN CARPENTER

A Cinemateca Capitólio celebra o dia das bruxas com uma sessão da meia-noite de Halloween – A Noite do Terror, clássico de John Carpenter realizado em 1978. O filme será exibido no dia 30 de outubro, às 23h59. O valor do ingresso é R$ 10,00. A compra poderá ser feita ao longo do dia 30 nos horários de abertura da bilheteria (15h, 17h, 19h).

Mais informações: http://www.capitolio.org.br/eventos/4627/halloween-a-noite-do-terror/


PROJETO RAROS + CINECLUBE ACADEMIA DAS MUSAS APRESENTAM CULTUADO FILME FRANCÊS

Na sexta-feira, 29, às 19h30, uma edição especial do Projeto Raros, realizado em parceria com o Cineclube Academia das Musas, apresenta o longa-metragem Simone Barbès ou a Virtude, de Marie-Claude Treilhou, cultuada realização da Diagonale, produtora fundada pelo francês Paul Vecchiali em meados dos anos 1970. Com entrada franca, a sessão tem apresentação da crítica e pesquisadora Daniela Strack. Mais informações:  http://www.capitolio.org.br/novidades/4615/projeto-raros-e-cineclube-academia-das-musas-apresentam-sessoes-especiais/

SEGUNDA SEMANA DO FESTIVAL DE CINEMA DE ANIMAÇÃO

A segunda semana de exibições do Festival de Cinema de Animação destaca a sessão das cópias restauradas de Os Caracóis e Planeta Fantástico, obras-primas psicodélicas de um dos mestres da animação francesa, René Laloux. O valor do ingresso é R$ 10,00. Mais informações: http://www.capitolio.org.br/novidades/4590/festival-de-cinema-de-animacao


ESTREIA DE SANCTORUM

A partir de quinta-feira, 28 de outubro, a Cinemateca Capitólio promove a estreia do filme mexicano Sanctorum, de Joshua Gil. O valor do ingresso é R$ 16,00. Mais informações: http://www.capitolio.org.br/eventos/4620/sanctorum/


GRADE DE HORÁRIOS

28 de outubro a 3 de novembro de 2021


28 de outubro (quinta-feira)

15h – Josep

17h – O Estado Contra Mandela e os Outros

19h – Sanctorum


29 de outubro (sexta-feira)

15h – Wardi

17h – Funan

19h30 – Projeto Raros: Simone Barbès ou a Virtude


30 de outubro (sábado)

15h – Best of 2020-21!

17h – Os Mundos Imaginários de Jean François Laguionie

19h – Sanctorum

23h59 – Halloween – A Noite do Terror


31 de outubro (domingo)

15h – O Rei e o Pássaro

17h – Os Caracóis + O Planeta Fantástico

19h – Sanctorum


2 de novembro (terça-feira)

15h – O Estado Contra Mandela e os Outros

17h – Wardi

19h – Sanctorum


3 de novembro (quarta-feira)

15h – Os Mundos Imaginários de Jean François Laguionie

17h – Um Homem Está Morto

19h – Sanctorum


Para a retomada da programação presencial, uma série de adaptações para a utilização do espaço foram implementadas, desde entrada e saída do público, o estabelecimento de limite de espectadores por sessão (teto de 50% de ocupação), distanciamento entre os presentes, sendo bloqueados os assentos demarcados, além do uso obrigatório de máscara durante toda a sessão e o incentivo à higienização constante das mãos. É obrigatória a apresentação de Comprovante de Vacinação Oficial (CONECTE SUS) de acordo com calendário de vacinação estadual para público e trabalhadores de cinemas do Rio Grande do Sul.

terça-feira, 26 de outubro de 2021

Cine Dica: Em Cartaz: ‘007 - Sem Tempo para Morrer’

Sinopse: James Bond deixa o MI6 e se muda para a Jamaica, mas um antigo amigo aparece e pede sua ajuda para encontrar um cientista desaparecido. Bond mergulha no caso e percebe que a busca é, na verdade, uma corrida para salvar o mundo. 

James Bond é uma criação dos tempos da Guerra Fria e, portanto, o personagem precisou ser renovado caso os estúdios quisessem que a franquia continuasse viva quando o mundo vinha mudando. Embora tenha ocorrido certas mudanças na medida em que o tempo passava alguns títulos, infelizmente, acabaram ficando presos a sua época, não sabendo sobreviver ao teste do tempo e se tornando até mesmo descartáveis. O problema foi talvez terem usado sempre a mesma fórmula de sucesso, mas que acabou com o tempo virando até mesmo uma piada pronta em sátiras como a vista nos filmes de "Austin Powers".

Na época de Pierce Brosnan, ao menos, se deixava muito claro que o personagem era um sobrevivente da Guerra Fria e que precisava se atualizar as novas regras em tempos em que o vilão não possuía uma origem de um país especifico, mas que talvez vivesse até mesmo no território Britânico. Após o 11 de Setembro a franquia precisava se atualizar mais rápido do que nunca e a resposta veio na forma de "007 - Cassino Royale" (2006), onde víamos um James Bond (Daniel Craig) em início de carreira, mais humano, falho e até mesmo se apaixonando. Curiosamente, todos os elementos que giraram em torno desde início se concluem em "007 - Sem Tempo para Morrer" (2021), filme que até se envereda para as velhas fórmulas do passado, mas concluindo de uma forma inesperada, porém, mais do que satisfatória.

Dirigido por Cary Joji Fukunaga, o filme se passa logo depois que James Bond saiu do MI6 e vivendo tranquilamente na Jamaica, mas como nem tudo dura pouco, a vida do espião é agitada mais uma vez. Felix Leiter (Jeffrey Wright) é um velho amigo da CIA que procura o inglês para um pequeno favor de ajudá-lo em uma missão secreta. O que era pra ser apenas uma missão de resgate de um grupo de cientistas acaba sendo mais traiçoeira do que o esperado, levando o agente inglês 007 ao misterioso vilão, Safin (Rami Malek), que utiliza de novas armas de tecnologia avançada e extremamente perigosa.

Embora a premissa nos dá entender que a história vá para os caminhos da previsibilidade, eis que o prólogo nos diz exatamente ao contrário. Para começar, os primeiros minutos começam de forma inesperada, como se estivéssemos assistindo a um filme de terror e culminando em uma semente que teria consequências posteriores ao longo da história. logo em seguida vemos o casal central, Bond e Madeleine (Léa Seydoux) aproveitando aposentadoria do primeiro, mas cujo o passado de ambos retornam para ataca-los.

Depois de mais de meia hora de projeção só aí que surge os famosos créditos de abertura e onde novamente a música rouba a cena. Se percebe que há sempre um cuidado na apresentação dos personagens que serão cruciais para dentro da trama, para só depois as cenas de ação explodirem na tela. Curiosamente, são esses momentos que as vezes poluem uma trama que poderia prejudicar o filme como um todo, mas elas se tornam indispensáveis em momentos em que os personagens se encontram frente a frente com uma revelação ou momento inesperado.

Revelações, aliás, que fazem do filme se diferenciar dos demais títulos da franquia, mas se casando com a proposta principal dos filmes estrelados por Daniel Craig. Embora seja profissional no que faz, esse James Bond nunca escondeu o seu desejo mais profundo de ser feliz com alguém que realmente o amasse, mas que devido a sua profissão isso acabava sendo tirado dele. Se esse tipo de Bond tivemos um pequeno vislumbre lá atrás em "007 - A Serviço Secreto de Sua Majestade" (1969), aqui a situação é intensificada, mas tendo novamente uma conclusão semelhante e ainda mais corajosa diga-se de passagem.

Embora já sentindo peso da idade Daniel Craig se despede do personagem com honras, fazendo a gente já ter saudade e fazendo a gente se culpar quando apontávamos ele de forma negativa quando foi escolhido para o personagem em 2006. Léa Seydoux, por sua vez, não fez de sua personagem uma mera Bond girl, mas sim com conteúdo, com um passado trágico e entregando para o protagonista algo que no passado parecia impossível. E embora tendo pouco tempo de cena Rami Malek surpreende com um vilão verossímil, cuja a sua causa não se envereda somente para um projeto megalomaníaco e fazendo com que tenhamos medo do próprio devido as suas ações a todo momento.

Embora com um ato final, longo, cheio de ação, efeitos visuais e muitos tiros, é preciso dar um salve de palmas para os realizadores em colocar o personagem em um cenário então inédito para a franquia. Claro que haverá muitos que irão me discordar, mas esse final fará com que as pessoas saiam do cinema com o filme ainda em sua cabeça e em tempos em que muitos Blockbuster são lançados para logo serem descartados isso acaba se tornando um grande feito. Um final digno, mas que não é preciso ser gênio que um dia veremos um reboot, mas que por mim o ponto final da franquia fica sendo por aqui mesmo.

"007 - Sem Tempo para Morrer" é o ato final da fase Daniel Graig, que se encerra de uma forma digna e que quebra o lado previsível que boa parte franquia carregava ao longo das décadas.   


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segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Cine Dica: Próximo Cine Debate: ‘O Pianista’

Participem da live e confira abaixo a minha análise sobre o clássico. 

"O PIANISTA" (2002)

Sinopse: Um pianista judeu polonês vê Varsóvia mudar gradualmente à medida que a Segunda Guerra Mundial começa. Szpilman é forçado a ir para o Gueto de Varsóvia, mas depois é separado de sua família durante a Operação Reinhard. 

Em tempos de intolerância cabe a pessoa tentar de todas as formas sobreviver contra o horror que vem da insanidade humana. Na cultura, por exemplo, obtemos a chance de conseguirmos um abrigo, mesmo quando o pouco que nos resta é a força de vontade manter o nosso conhecimento dentro de nossas mentes e das quais a loucura do homem não possa alcançar. "O Pianista" (2003) é sobre a força do talento de um homem perante a morte e da qual consegue obter a sua fuga graças ao seu prazer através da música.

Dirigido por Roman Polanski, o filme conta a história do pianista polonês Wladyslaw Szpilman (Adrien Brody) que interpretava peças clássicas em uma rádio de Varsóvia quando as primeiras bombas caíram sobre a cidade, em 1939. Com a invasão alemã e o início da 2ª Guerra Mundial, começaram também restrições aos judeus poloneses pelos nazistas. Inspirado nas memórias do pianista, o filme mostra o surgimento do Gueto de Varsóvia, quando os alemães construíram muros para encerrar os judeus em algumas áreas, e acompanha a perseguição que levou à captura e envio da família de Szpilman para os campos de concentração. Wladyslaw é o único que consegue fugir e é obrigado a se refugiar em prédios abandonados espalhados pela cidade, até que o pesadelo da guerra acabe. 

Baseado em fatos verídicos, o filme também é uma espécie de retrato das memórias que o cineasta obteve quando ele e seus pais foram presos no campo de concentração. O seu pai conseguiu sobreviver, porém, sua mãe morreu em Auschwitz. Ao vermos, portanto, o protagonista lutando para continuar vivo, podemos concluir que o horror que ele testemunha não é muito diferente que o cineasta testemunhou quando criança.

Vencedor de três Oscar, incluindo melhor diretor para Polanski e melhor ator para Adrien Brody, o filme é uma das maiores produções da carreira do diretor, cuja a edição de arte e fotografia se alinham perfeitamente para reconstituir Varsóvia daqueles tempos e que, aos poucos, começa a descer ao inferno a partir do momento em que o nazismo invade o cenário. Assim como o clássico "A Lista de Schindler" (1993), Polanski procura explicitar a violência da maneira como ela realmente foi, porém, diferente do filme Steven Spielberg, aqui há cores, mas pálidas, como se a vida ali começasse-se a se esgotar perante a barbárie praticada pelos nazistas. Diante de tudo isso, Szpilman se torna o nosso olhar com relação aquele cenário caótico, mas cuja a sua força em querer continuar vivendo se alinha com o nosso desejo para que ele possa sair dessa vivo.

Porém, curiosamente, Roman Polanski procura não tachar de forma negativa a figura do cidadão alemão como um todo, já que a ideia do nazismo partiu de um único homem e cujo o seu ódio fez brotar o pior do ser humano. Portanto, ao vermos um nazista ajudando o protagonista sobreviver no ato final da trama, podemos concluir que o realizador procura nos passar um sinal de esperança e de que o veneno da intolerância não consegue contaminar a todos no final da jornada. Ao final, vemos Szpilman voltar a praticar o que ele mais ama que é a música, mas não escondendo em seu olhar as cicatrizes emocionais que ainda carrega e que carregou pelo resto de sua vida.

Quase vinte anos desde o seu lançamento o filme possui um grande impacto ainda hoje. Em tempos em que a Extrema Direita Fascista, liderados por homens como Donald Trump e Bolsonaro e tanto outros ao redor do mundo nos assombram, o filme deixa uma mensagem mais do que clara de que eles podem sim nos tirar tudo, mas jamais nos tiraram a nossa humanidade e a nossa principal arma que é o conhecimento e do qual o mesmo jamais será incinerado da maneira como eles desejam. "O Pianista" é uma obra prima em todos os sentidos e um exemplo de força perante o horror vindo do genocídio.       


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