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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Cine Dica: Próximo Cine Debate: ‘O Pianista’

Participem da live e confira abaixo a minha análise sobre o clássico. 

"O PIANISTA" (2002)

Sinopse: Um pianista judeu polonês vê Varsóvia mudar gradualmente à medida que a Segunda Guerra Mundial começa. Szpilman é forçado a ir para o Gueto de Varsóvia, mas depois é separado de sua família durante a Operação Reinhard. 

Em tempos de intolerância cabe a pessoa tentar de todas as formas sobreviver contra o horror que vem da insanidade humana. Na cultura, por exemplo, obtemos a chance de conseguirmos um abrigo, mesmo quando o pouco que nos resta é a força de vontade manter o nosso conhecimento dentro de nossas mentes e das quais a loucura do homem não possa alcançar. "O Pianista" (2003) é sobre a força do talento de um homem perante a morte e da qual consegue obter a sua fuga graças ao seu prazer através da música.

Dirigido por Roman Polanski, o filme conta a história do pianista polonês Wladyslaw Szpilman (Adrien Brody) que interpretava peças clássicas em uma rádio de Varsóvia quando as primeiras bombas caíram sobre a cidade, em 1939. Com a invasão alemã e o início da 2ª Guerra Mundial, começaram também restrições aos judeus poloneses pelos nazistas. Inspirado nas memórias do pianista, o filme mostra o surgimento do Gueto de Varsóvia, quando os alemães construíram muros para encerrar os judeus em algumas áreas, e acompanha a perseguição que levou à captura e envio da família de Szpilman para os campos de concentração. Wladyslaw é o único que consegue fugir e é obrigado a se refugiar em prédios abandonados espalhados pela cidade, até que o pesadelo da guerra acabe. 

Baseado em fatos verídicos, o filme também é uma espécie de retrato das memórias que o cineasta obteve quando ele e seus pais foram presos no campo de concentração. O seu pai conseguiu sobreviver, porém, sua mãe morreu em Auschwitz. Ao vermos, portanto, o protagonista lutando para continuar vivo, podemos concluir que o horror que ele testemunha não é muito diferente que o cineasta testemunhou quando criança.

Vencedor de três Oscar, incluindo melhor diretor para Polanski e melhor ator para Adrien Brody, o filme é uma das maiores produções da carreira do diretor, cuja a edição de arte e fotografia se alinham perfeitamente para reconstituir Varsóvia daqueles tempos e que, aos poucos, começa a descer ao inferno a partir do momento em que o nazismo invade o cenário. Assim como o clássico "A Lista de Schindler" (1993), Polanski procura explicitar a violência da maneira como ela realmente foi, porém, diferente do filme Steven Spielberg, aqui há cores, mas pálidas, como se a vida ali começasse-se a se esgotar perante a barbárie praticada pelos nazistas. Diante de tudo isso, Szpilman se torna o nosso olhar com relação aquele cenário caótico, mas cuja a sua força em querer continuar vivendo se alinha com o nosso desejo para que ele possa sair dessa vivo.

Porém, curiosamente, Roman Polanski procura não tachar de forma negativa a figura do cidadão alemão como um todo, já que a ideia do nazismo partiu de um único homem e cujo o seu ódio fez brotar o pior do ser humano. Portanto, ao vermos um nazista ajudando o protagonista sobreviver no ato final da trama, podemos concluir que o realizador procura nos passar um sinal de esperança e de que o veneno da intolerância não consegue contaminar a todos no final da jornada. Ao final, vemos Szpilman voltar a praticar o que ele mais ama que é a música, mas não escondendo em seu olhar as cicatrizes emocionais que ainda carrega e que carregou pelo resto de sua vida.

Quase vinte anos desde o seu lançamento o filme possui um grande impacto ainda hoje. Em tempos em que a Extrema Direita Fascista, liderados por homens como Donald Trump e Bolsonaro e tanto outros ao redor do mundo nos assombram, o filme deixa uma mensagem mais do que clara de que eles podem sim nos tirar tudo, mas jamais nos tiraram a nossa humanidade e a nossa principal arma que é o conhecimento e do qual o mesmo jamais será incinerado da maneira como eles desejam. "O Pianista" é uma obra prima em todos os sentidos e um exemplo de força perante o horror vindo do genocídio.       


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