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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 12 de junho de 2019

Cine Dica: Em Cartaz: 'MIB: Homens de Preto Internacional' - Os Esquecíveis

Sinopse: M (Tessa Thompson) tenta se tornar agente, já que teve uma experiência extraterrestre quando jovem e não teve sua memória apagada. Quem irá auxiliá-lo nesta jornada é o atrapalhado agente H (Chris Hemsworth). 

"MIB: Homens de Preto", (1997) foi uma agradável surpresa na época, sendo que era uma ficção divertida e que explorava as teorias de conspiração com relação a existência alienígenas em nosso planeta. Já a sua sequência, "MIB: Homens de Preto 2" (2002) nada mais era do que uma releitura do primeiro e a terceira parte, "MIB: Homens de Preto 3" (2012), era um bom fechamento para a trilogia, mas que chegava de uma forma muito tardia. É aí que chegamos "MIB: Homens de Preto Internacional", filme que expande esse universo, mas de uma forma ingênua e, por vezes, aborrecida.  
Dirigido por  F. Gary Gray, do filme "Velozes & Furiosos 8" (2017), a trama conta a história da agente  M (Tessa Thompson), do filme "Thor: Ragnarok" (2017), que desde pequena sonha em ser uma Agente da organização secreta que ela sempre acreditou existir. Contratada por O (Emma Thompson), Em tem a sua primeira missão ao lado do agente H (Chris Hemsworth). Porém, eventos fazem com que M desconfie do seu próprio parceiro.  
Resumidamente, o filme é, de novo, uma releitura do primeiro filme de 1997 e cujo os roteiristas se limitam em acrescentar algo a mais do que isso mesmo. Aliás, é notório que, no segundo e terceiro ato da trama, o filme não consiga ter um ritmo do qual nos faça obter a nossa total atenção. Algo que soa até mesmo estranho vindo de alguém como o diretor F. Gary Gray, já que em "Velozes e Furiosos 8" ele havia criado algo frenético, mas que aqui ele optou em trabalhar em ponto morto. 
Para aqueles que também esperam por alguma referência aos personagens originais da franquia pode muito bem se desapontar também, já que elas são curtas e estão ali somente para encher uma linguiça de uma história vazia. É uma pena, já que o material de origem, vinda de uma HQ obscura dos anos 90, não é limitada e poderia muito bem expandi-la. Mas como atualmente hollywood usa sempre o termo "em time que ganha não se mexe", acaba, por vezes, pagando um alto preço em persistir nesse mesmo método.  
Só acho uma pena que tenha acabado nesse resultado, já que eu gosto bastante do elenco que foi escolhido. Tessa Thompson, por exemplo, é um ótimo talento que vem se destacando desde "Thor: Ragnarok", mas aqui parece que ela está presa por cordas criadas pelos realizadores e nos apresentando uma atuação que poderia ter sido muito melhor desenvolvida. Já Chris Hemsworth tem mostrado boa veia cômica desde Caça-Fantasmas (2016), mas aqui o seu humor perde até mesmo para personagens digitais, o que já não é uma boa coisa. E por fim, me pergunto como Liam Neeson entrou nessa furada, já que o seu papel é tão previsível que poderia ter sido interpretado por qualquer outro interprete que o resultado se tornaria o mesmo.  
"MIB: Homens de Preto Internacional" é um filme esquecível dentro de uma franquia que, convenhamos, somente funcionou no primeiro capítulo. 


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terça-feira, 11 de junho de 2019

Cine Dica: Sala Redenção recebe pré-estreia de filme sobre a Lei da Anistia


No dia 13 de junho, às 19h, a Sala Redenção exibe a pré-estreia do filme brasileiro “Deslembro”, primeiro longa metragem de ficção da diretora Flávia Castro. Produzido por Walter Salles, o filme conta a história de uma família exilada – baseada na história pessoal da diretora – que prepara a sua volta para o Brasil, após a Lei da Anista entrar em vigor, em 1979. A adolescente Joana (Jeanne Boudier), protagonista do longa, resiste ao sair da Europa, mas ao chegar ao Rio de Janeiro, entra em contato com seu passado e de seu pai (Jesuíta Barbosa), desaparecido durante o período da ditadura.
Após o filme, haverá um bate-papo com a diretora do longa, Flávia Castro, Claudia Wasserman (Diretora do IFCH e Professora de História – UFRGS), Mariluci Cardoso de Vargas (Pós-Doutoranda pela CAPES no PPGH/UFRGS) e Benito Bisso Schmidt (Professor PPGH/UFRGS). A sessão é uma promoção do IFCH da UFRGS, da Difusão Cultural, da Sala Redenção, do LUPPA (Laboratório de Estudos sobre Usos Políticos do Passado), Programa de Pós-Graduação em História da UFRGS e do Projeto Banco de Testemunhos.

Sinopse de Deslembro (2018), de Flávia Castro:
Em 31 de março de 2019, o golpe civil-militar completou 55 anos, e em agosto, a Lei de Anistia Política, um dos marcos do processo de reabertura política no Brasil, completará 40 anos. Nesse contexto, o filme Deslembro, uma ficção baseada em algumas experiências vividas pela diretora Flávia Castro, chega aos cinemas. A cineasta passou quase toda a década de 1970 no exílio com a família – Sandra Macedo e Celso Castro, seus pais, e João Paulo, seu irmão. O retorno dos Macedo e Castro para o Brasil só se concretizou após a Lei de Anistia, promulgada em 1979. Esse é o ponto de partida para a trama do filme Deslembro.
Joana é uma adolescente que se alimenta de literatura e rock. Ela mora em Paris com a família, quando a anistia é decretada no Brasil, no final de 1979. De um dia para o outro, e a sua revelia, organiza-se a volta para o país do qual mal se lembra. No Rio de Janeiro, cidade onde nasceu e onde seu pai desapareceu nos porões do DOPS, seu passado ressurge. Nem tudo é real, nem tudo é imaginação, mas ao “lembrar”, Joana inscreve sua própria história no presente, na primeira pessoa.


Ficha técnica:
Direção: Flavia Castro
Roteiro: Flavia Castro
Produção: Walter Salles, Gisela B. Camara, Flavia Castro
Produção Executiva: Gisela B. Camara, Maria Carlota Bruno
Produtor Associado: José Alverenga Jr
Direção de Fotografia e Câmera: Heloisa Passos
Direção de Arte: Ana Paula Cardoso
Som Direto: Valeria Ferro
Edição: François Gedigier, Flavia Castro
Gênero: Drama
País: Brasil
Ano: 2018
Cor
Duração: 96 minutos
Classificação: 14 anos
Elenco: Jeanne Boudier, Hugo Abranches, Arthur Raynaud, Sara Antunes, Eliane Giardini, Julian Marras, Jesuita Barbosa, Antonio Carrara.

Premiações:
– Seleção Oficial – Festival de Veneza – Mostra Horizontes;
– Festival do Rio – Melhor Filme pelo Júri Popular, Melhor Filme pela crítica e Melhor Atriz Coadjuvante para Eliane Giardini;
– Melhor Filme prêmio da Crítica, Festival de Biarritz, 2018;
– Melhor Filme, prêmio da crítica, Panorama;
– Melhor filme de ficção, Pessac.
– 21º Festival de Cinema Brasileiro de Paris – melhor longa-metragem pelo Júri Popular.

Cine Dica: CineBancários de 13 a 19 de junho

DIAS VAZIOS
Brasil I 2016 | Drama | 103’ I Direção: Robney Bruno 
Sinopse: Jean e Fabiana, um casal de namorados, cursam o último ano do ensino médio em uma pequena cidade do interior e vivem o típico dilema de deixar a cidade em busca de um novo destino ou ficar e continuar a história dos seus pais. Após passarem o dia juntos, Jean toma uma decisão inesperada e Fabiana desaparece. Dois anos depois Daniel e Alanis tentam entender o que está por trás do que aconteceu. Para eles essa busca se transforma numa chance de reinventar suas vidas.

"De um rigor narrativo impressionante, trata-se de um filme vigoroso que impressiona. AdoroCinema”
“ É um filme poético e bem resolvido, crescendo em nossa mente quanto mais a gente pensa nele. Cine Pipoca “
“ O vazio existencial instala-se em diálogos, às vezes monólogos, que expõem a angústia e falta de perspectivas dessas vidas. Intrigante. Estadão” 


AMAZONIA GROOVE
Brasil I Documentário I 2019 I 84min.
Sinopse: Um mergulho na música regional da Amazonia.
Um retrato aprofundado, um mergulho apaixonado na música regional da Amazônia, especialmente a música 
característica do Pará, estruturado através da alternação entre as histórias dos músicos tradicionais da região - responsáveis pelo Boi Bumbá e por ritmos tradicionais das localidades, por exemplo - e a invasão da tecnologia que, recentemente, possibilitou o desenvolvimento de gêneros musicais como o tecnobrega. 

“Rico mapeamento musical, capricho visual” O Globo.
“Um belo documentário que investiga os sons e os ritmos da Amazonia Paraense.” Estado de São Paulo.
“Amazonia Groove tem belas imagens, boa música e o olhar descobridor da classe média. “Folha de São Paulo.



COMPRA-ME UM REVÓLVER
México I 2018 I Drama I 90 min.
Direção: Julio Hernández Cordón
Elenco: Ángel Leonel Corral, Matilde Hernández, Rogelio Sosa
Sinopse: O filme traz uma visão distópica de um México controlado inteiramente por cartéis, no qual as mulheres estão desaparecendo. Uma jovem usa uma máscara para esconder sua identidade e ajudar o pai a cuidar de um campo de beisebol frequentado pelos traficantes. Certo dia, ao acordar, a menina precisará lutar pela sua própria vida.
Elenco: Ángel Leonel Corral, Matilde Hernández, Rogelio Sosa


“Boa surpresa da temporada. Enxerga beleza num México distópico”> Folha de São Paulo.
“Extraordinário. Na linha tênue entre a violência do presente e um futuro pós-apocalíptico.” Indiewire.


Horários de 13 a 19 de junho
(não há sessões nas segundas)

15h – COMPRA-ME UM REVÓLVER
17h – AMAZONIA GROOVE
19h – DIAS VAZIOS

Os ingressos podem ser adquiridos por R$ 12,00 na bilheteria  do cinema ou no site ingresso.com . Idosos, estudantes,  bancários sindicalizados, jornalistas sindicalizados,portadores de ID Jovem e pessoas com deficiência pagam R$ 6,00. Aceitamos Banricompras, Visa, MasterCard e Elo.

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Entre para o nosso Clube, através do: apoia.se/clubecinebancarios
Patrocínio:

segunda-feira, 10 de junho de 2019

Cine Especial: ‘Suspíria' - Em Dois Atos e em Dois Tempos


Exibido atualmente na Cinemateca Capitólio Petrobras na sessão das 15h45min, o filme “Suspíria - A Dança do Medo” (2018) me chamou atenção por ser um filme que fala muito mais sobre a época em que a trama se passa do que o próprio clássico Suspíria (1977) de Dario Argento. Pensando nisso, decidi fazer uma análise sobre os dois filmes e vocês tendo a chance de tirarem as suas próprias conclusões.  

'Suspíria - A Dança do Medo' (2018) 

Sinopse: Susie Bannion (Dakota Johnson), uma jovem bailarina americana, vai para a prestigiada Markos Tanz Company, em Berlim. Ela chega assim que Patricia (Chloë Grace Moretz) desaparece misteriosamente.  

Entre os anos 60 e 70 o cinema de horror mudou, já que as pessoas do mundo real não se assustavam mais com vampiros ou com lobisomens. Em tempos de escândalos políticos, guerras e o aumento da criminalidade das grandes metrópoles que se alastrava, o público não perdia mais o seu tempo com monstros fictícios, pois o mundo real já era muito mais perigoso. Foi também um tempo em que as pessoas pregavam a paz e o amor, explorando cada vez mais o lado positivo da natureza e experimentando os prazeres do sexo e das drogas.
Coube os realizadores observarem essas mudanças encontradas dentro da sociedade e fazendo com que os seus filmes adquirissem uma linguagem da qual o público se identificasse. Talvez, o melhor filme de terror que soube sintetizar aqueles ventos da mudança foi "O Homem de Palha" (1973), de Robin Hardy, do qual colocava um policial obcecado em suas crenças perante uma comunidade que abraçava os prazeres da carne, do misticismo e do lado oculto da natureza.
Curiosamente, estamos passando por um período semelhante, em que os filmes de horror  continuam transitando para o lado do fantástico, mas fortalecendo uma releitura sobre o que realmente causa medo nas pessoas em tempos de contemporâneos. É o que chamamos do movimento "Pós Terror", do qual são filmes que exploram os medos vindos do mundo atual e transitando em alguns casos pelo gênero fantástico, mas servindo somente como pano de fundo. Títulos como "A Bruxa" (2015), "Corra"(2017), "Ao Cair da Noite" (2017), Hereditário (2018) e o recente "Nós", dos quais são filmes que nos pegam desprevenidos e que falam um pouco sobre os nossos temores vindos do mundo em que vivemos.
É aí que chegamos a “Suspíria - A Dança Do Medo” (2018), do diretor Luca Guadagnino, do filme "Me Chame Pelo Seu Nome" (2017). Alardeado como refilmagem de Suspíria (1977), do diretor Dario Argento, Luca Guardagnino optou em pegar o básico daquele clássico, porém, expandi-lo para um novo formato e que obtivesse sua identidade própria. O resultado é um filme completamente diferente da obra de 1977, mas representando muito bem aquele clima que os filmes de horror tinham e falando um pouco sobre o próprio mundo daqueles tempos longínquos.
Se passando também no ano de 1977, o filme conta a história de Susie (Dakota Johnson), uma jovem bailarina americana, que vai na conhecida  Markos Tanz Company, em Berlim. Ela chega assim que Patricia (Chloë Grace Moretz) desaparece de formas misteriosas. Tendo um progresso espantoso, com a orientação de Madame Blanc (Tilda Swinton), Susie acaba fazendo amizade com outra dançarina, Sara (Mia Goth), que compartilha com ela os segredos que rondam aquele lugar.
O filme já começa de uma forma mórbida, graças a curta, porém, interessante atuação de Chloë Grace Moretz em cena. Além disso, o filme abre com uma belíssima trilha sonora que fala um pouco até mesmo das músicas daquele ano de 1977, da qual ressoa e fica em nossa memória. Conhecido pelo trabalho no "Radiohead", Thom Yorke trabalhou nas trilhas dos documentários "The UK Gold" (2015), além de "Watershed: Exploring a New Water Ethic for the New West" (2012) e aqui faz um trabalho sublime e fazendo com que a gente não se esqueça facilmente.
Após essa abertura, o público adentra naquele universo sombrio ao lado da protagonista Susie e que, aos poucos, vai se misturando com aquele ambiente como um todo. O filme não demora muito para nos dizer para que veio, mas com um clima mórbido e não poupando os nossos olhos: a cena em que uma personagem é toda manipulada através da dança e terminando de uma forma grotesca sintetiza muito bem isso.
Mas embora o horror fantástico, por vezes gore, domine em alguns pontos do filme, é curioso que a trama possua um pouco dos fatos verídicos acontecidos naquele tempo. Como ela se passa em Berlim, por exemplo, o muro em si acaba surgindo e representando os conflitos políticos daquele período na Alemanha e no mundo. Aliás, o psiquiatra Dr. Jozef Klemperer, impressionantemente interpretado pela atriz Tilda Swinton, já é uma vítima desde o princípio devido as guerras vindas do mundo real e fazendo a possibilidade de ele adentrar ao universo de bruxos acabe se tornando mero detalhe espinhoso.
Visualmente, o filme é único como um todo, onde as cenas das alunas dançando, principalmente nos momentos com Dakota, se tornam algo indispensável. A violência em si se faz presente, mas ela se concentra muito mais em seu ato final, da qual se difere do original e se tornando ainda muito mais assustador. É como se estivéssemos assistindo ao recente "Climax", do cineasta Gaspar Noé, mas moldado com muito sangue, morte e com um final anti-hollywoodiano que irá dividir completamente o público.
"Suspíria - A Dança do Medo" é mais do que uma mera refilmagem, mas sim uma releitura melhorada de um clássico e que fala um pouco das mazelas do nosso próprio mundo.




Suspiría (1977) 

Sinopse: Suzy (Jessica Harper) é uma jovem americana chega em Fribourg para fazer cursos em uma academia de dança de prestígio. A atmosfera do lugar, estranho e perturbador, acaba surpreendendo a garota.  

O cinema de horror Italiano se sobressaiu entre anos 60 e 70, ao criar uma aura atmosférica, por vezes, gótica e com um clima de pesadelo constante. Nestes filmes se destaca a violência chocante, um clima quase gore, cuja a fotografia com cores quentes fazia com que as tramas se separassem do mundo real. Dario Argento e Mario Bava, por exemplo, foram um dos pilares dessa tendência, sendo que o primeiro se destacou com esse "Suspíria" (1977), um filme que daria origem a trilogia "As Três Mães", que incluí ainda Inferno e O Retorno da Maldição - A Mãe das Lágrimas.
A trama acompanha os passos de Suzy (Jessica Harper), um jovem que chega a Fribourg  para ser aluna de uma escola de dança de destaque. Contudo, estranhas mortes começam acontecer na escola, fazendo com que ela desconfie que há algo a mais naquele lugar. A situação piora ainda mais no momento em que a sua colega de quarto Sara (Stefania Casini) suspeita que as professoras possam ser na realidade bruxas.
Visualmente, o filme parece uma continuação de "Seis Mulheres para o Assassino" (1964), do diretor Mario Bava, onde as cores se mesclam com um cenário que mais parece saído de um filme do expressionismo alemão. Logicamente que isso é mais do que proposital, já que Argento cria aqui um clima angustiante para a personagem principal, como se ela entrasse em uma espécie de transe e do qual quase nunca acordasse. O resultado é um filme em que, como um todo, parece um labirinto colorido, porém, nada reconfortante, como se fosse um conto de fadas que não parece que acabará bem.
Para os entendedores de cinema daquela época, é perceptível que Argento pegou carona com os sucessos daquele tempo, em que os filmes de terror cada vez mais abraçavam o lado do mistíssimo, magia negra e exorcismo. Claro que isso explodiu quando "O Exorcista" (1973) foi lançado na época, mas que nem todos obteram o mesmo resultado. O próprio Mario Bava, por exemplo, teve o seu filme "Lisa e o Diabo" (1973) mutilado pelos produtores e para que ele fosse lançado com cenas de exorcismo.
No caso de "Suspiría" de Argento, a sua proposta para explorar o lado sombrio do universo das bruxas estava ali desde o princípio. Porém, o filme envelheceu um pouco mal em alguns pontos, como no caso dos seus minutos finais, que mais parecem que saíram dos filmes clássicos do estúdio inglês Hammer. Isso não enfraquece o potencial do filme, mas não acho que funcionaria nos dias de hoje.
Com o passar do tempo "Suspíria" ganhou status de filme cult e sendo reavaliado pelos fãs do gênero de horror ao longo do tempo.   

Nota: Participem do meu curso "Christopher Nolan: A Representação da Realidade" que irá acontecer no próximo final de semana. Informações e inscrições cliquem aqui. 

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Cine Dica: Sala Redenção recebe Cine Varilux e mostra de filmes premiados do Mercosul


A Sala Redenção – Cinema Universitário recebe, na semana de 10 a 14 de junho, diversas atividades para públicos diversos. O festival de cinema francês Cine Varilux começa no Brasil inteiro, tendo a Sala Redenção como uma das salas de exibição de suas obras. Ao mesmo tempo, a mostra de filmes premiados do Mercosul (Recam) chega à sala de cinema da UFRGS com diversas películas dos países pertencentes ao bloco. O Clube de Cinema de Porto Alegre debate o filme de Fritz Lang, Dr Mabuse II (1922). Por fim, a diretora Flavia Castro desembarca em Porto Alegre para a pré-estreia de seu novo filme, Deslembro (2019), em 13 de junho, às 19h. 

Cine Varilux
Em 2019, o festival Varilux completa 10 anos e a expectativa é que ultrapasse a marca de um milhão de espectadores. Criado em 2010 foi inicialmente realizado em nove cidades, em 2018 atingiu quase todo o Brasil, em 88 municípios, 118 salas e consumido por um público de 172 mil pessoas. Seguindo a tradição, as sessões democráticas serão realizadas na Sala Redenção – Cinema Universitário. Serão dez sessões exibidas no horário das 14h. O Festival Varilux 2019 acontecerá de 10 a 21 de Junho.

Mostra filmes premiados da Recam
Durante o mês de junho, a RECAM, Rede de Salas Digitais do Mercosul apresenta a Série de Filmes Premiados. Encontro Especializado de Autoridades Cinematográficas e Audiovisuais do Mercosul (RECAM) foi criada em dezembro de 2003 e é um órgão consultivo do MERCOSUL no tema cinematográfico e audiovisual, formado pelas mais altas autoridades governamentais nacionais no assunto. Entre os seus objetivos, Busca-se aprofundar o desenvolvimento do Audiovisual dos Países participantes, Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, garantindo o direito do telespectador a uma pluralidade de opções que incluem especialmente expressões culturais e audiovisuais do Mercosul. É com esse propósito que é criado o prêmio “Obra Cinematográfica do MERCOSUL”. Durante este ciclo, quatro longas-metragens e três curtas-metragens serão exibidos, na Sala Redenção, premiados em vários festivais da região.

Pré-estreia do filme Deslembro
A Sala Redenção – Cinema Universitária convoca o público para a pré-estreia do filme brasileiro ‘Deslembro’, da diretora Flávia Castro. A sessão especial ocorrerá em 13 de junho, às 19h. Com produção de Walter Salles, o longa metragem aborda os desafios de uma família exilada – baseada na experiência pessoal da diretora – que prepara a sua volta para o Brasil, após a entrada em vigor da Lei da Anistia, em 1979.
Após o filme, haverá um bate-papo com a diretora do longa, Flávia Castro, Claudia Wasserman (Diretora do IFCH e Professora de História – UFRGS), Mariluci Cardoso de Vargas (Pós-Doutoranda pela CAPES no PPGH/UFRGS) e Benito Bisso Schmidt (Professor PPGH/UFRGS).
Em 31 de março de 2019, o golpe civil-militar completou 55 anos, e em agosto, a Lei de Anistia Política, um dos marcos do processo de reabertura política no Brasil, completará 40 anos. Nesse contexto, o filme Deslembro, uma ficção baseada em algumas experiências vividas pela diretora Flávia Castro, chega aos cinemas. A cineasta passou quase toda a década de 1970 no exílio com a família – Sandra Macedo e Celso Castro, seus pais, e João Paulo, seu irmão. O retorno dos Macedo e Castro para o Brasil só se concretizou após a Lei de Anistia, promulgada em 1979.

Veja a programação completa clicando aqui. 


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sábado, 8 de junho de 2019

Cine Dicas: Estreias do Final de Semana (08/06/19)

O HOMEM QUE MATOU DOM QUIXOTE

Sinopse: Toby, um cínico publicitário, se vê envolvido nas ilusões e alucinações de um sapateiro espanhol que acredita ser Dom Quixote. 


A HISTÓRIA DE UM SONHO: TODAS AS CASAS DO TIMÃO

Sinopse:Fundado por um grupo de operários no bairro do Bom Retiro, o Sport Club Corinthians Paulista é considerado um dos times mais importantes do futebol brasileiro. Porém, nem sempre foi assim.


AMAZÔNIA GROOVE

Sinopse: Um mergulho apaixonado na música regional da Amazônia, especialmente a característica do Pará, através das histórias dos músicos tradicionais da região.

BEATRIZ

Sinopse: Marcelo, um escritor, e Beatriz, uma advogada, se mudam para Lisboa. A moça logo encontra um emprego em uma empresa local, mas seu marido não tem a mesma sorte e encontra dificuldades para começar a escrever seu novo romance.

EU ACREDITO

Sinopse: Brian é um menino de 9 anos de idade que tem um encontro sobrenatural com o poder de Deus. Porém seu pai, um apresentador de televisão ateu, não fica nem um pouco feliz com essa descoberta. 

JUNTOS PARA SEMPRE

Sinopse: Depois de muitas vidas e aprendizados, Buddy vive tranquilamente com Hanna. Um dia, Gloria, uma aspirante a cantora, aparece sem avisar na vida dos dois com uma notícia surpreendente: Hanna tem uma neta, chamada Clarity.

MEMÓRIAS DA DOR

Sinopse: Na França ocupada por nazistas, a escritora Marguerite Duras busca por pistas do paradeiro do marido preso por ações na resistência, se aproximando de um inimigo que é também seu fã.

PATRULHA CANINA: SUPER FILHOTES

Sinopse: Depois que um misterioso meteoro cai na Baía da Aventura, os pequenos e valentes Chase, Marshall, Skye, Ryder e Rubble correm para tentar preservar o local, mas acabam passando por uma experiência inesperada.



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sexta-feira, 7 de junho de 2019

Cine Dica: Em Cartaz: 'Compra-me Um Revólver' - O lado Verossímil de um Futuro Apocalítico.

Sinopse:O filme traz uma visão distópica de um México controlado inteiramente por cartéis, no qual as mulheres estão desaparecendo. Uma jovem usa uma máscara para esconder sua identidade e ajudar o pai a cuidar de um campo de beisebol frequentado pelos traficantes. 

Em tempos de um Brasil atual em que se vende a ideia, erroneamente, que liberar porte de armas para o povo irá conter a violência já existente, ao mesmo tempo se cria um pessimismo com relação ao nosso próprio futuro. Futuro esse, aliás, que é sempre retratado em filmes apocalípticos, mas cujas as últimas obras não estão muito distantes de nossa própria realidade. "Compra-me Um Revólver" pode ser uma ficção futurística, mas que assusta pelo seu teor realístico, com altas doses de pessimismo e que nos deixa mentalmente em frangalhos.   
Dirigido pelo mexicano  Julio Hernández Cordón, do filme "Atrás Há Relâmpagos"(2017), o filme conta a história de futuro próximo, onde a jovem Huck (Matilde Hernandez) usa uma máscara para conseguir esconder que é uma menina, pois as mulheres estão desaparecendo gradualmente em sua cidade. Huck ajuda o pai viciado a cuidar de um campo de beisebol abandonado, onde os traficantes se encontram para jogar. O pai tenta protegê-la dos perigos daquela realidade, mas é o grupo de garotos amigos o grande aliado da menina. Juntos, eles vão ter que lutar para superar as dificuldades da vida e derrotar a máfia local. 
Embora a trama se passe em um futuro, o filme está muito mais próximo da realidade vista em nosso dia a dia, principalmente em países como o México que luta contra a violência que sempre nasce devido ao tráfico de drogas. A história abre com letreiros para fazer com que a gente se localize naquele universo, mas, ao meu ver, isso soa como dispensável, pois o horror do realismo já dá conta de todo o recado. Na medida em que a trama avança, pouco importa onde ou quando a trama se passa, mas sim nos preocupamos mais com o bem-estar do pai e da filha.
Matilde Hernandez é a força matriz da obra, já que é através do seu olhar inocente que enxergamos uma realidade distorcida e da qual é somente movida pelo desejo de manter a sua sobrevivência. Uma vez que o horror dessa realidade toma conta do ambiente, enxergamos um olhar infantil transitando entre a loucura e a lucidez, mas jamais abandonando as suas motivações em manter a sua segurança e do seu pai. Se para nós, o clima mórbido da trama toma ares de filme de horror, para os jovens personagens vistos na tela isso se tornou algo banal, ao ponto de vermos uma criança desejar o seu braço decapitado de volta se tornar algo rotineiro para aqueles jovens personagens que convivem com uma insana violência que impregna em seu dia a dia.
"Compra-me Um Revólver" pode ser uma ficção, mas assusta pela sua realidade nua e crua e da qual pode estar muito mais próxima de nós do que a gente imagina.



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