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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 8 de abril de 2015

Cine Dica: DIVAS DE PAUL VECCHIALI NO PROJETO RAROS

Nesta sexta-feira, 10 de abril, às 20h, acontece a exibição do filme Femmes Femmes (1974), de Paul Vecchiali, dentro do Projeto Raros da Sala P. F. Gastal. O filme é um das obras-primas do cultuado realizador francês, que em breve terá seu mais novo filme, Noites Brancas no Píer, em cartaz no cinema da Usina do Gasômetro (3º andar).  O filme será exibido em DVD com legendas em português. A entrada é franca.
Escrito em parceria com Noël Simsolo, Femmes Femmes tem como cenário um pequeno apartamento. Nele, duas atrizes decadentes se consolam, esquecidas pelo mundo, ignoradas em seu talento. Ambas foram casadas com o mesmo homem, um de seus diretores, e agora se refugiam unidas pelo alcoolismo, para aliviar a dor de sua desesperançada existência.
Repleto de números musicais e com inclinação brechtiana, o filme teve Pier Paolo Pasolini entre seus fãs mais ardorosos. O diretor italiano convidou as duas atrizes, Hélène Surgère e Sonia Saviange, para atuarem em Salo, ou Os 120 Dias de Sodoma (1975).
Paul Vecchiali nasceu em Ajaccio, França, em 1930. Depois de se formar na École Polytechnique, serviu na guerra da Argélia de 1956 a 1959. Começou a fazer filmes em 1961. Vecchiali trabalhou para Cahiers du Cinema e Revue de Cinéma, onde demonstrou uma paixão por Robert Bresson, Jean Grémillon e Max Ophüls. Ele produziu os primeiros filmes do cineasta Jean Eustache antes de fundar a sua própria empresa de produção, Diagonal de 1976. Vecchiali realizou mais de cinquenta filmes, abordando temas como a sexualidade, a pena de morte e a religião. Dirigiu, entre outros, os longas-metragens O Estrangulador (1970), Femmes Femmes (1974) Drugstore Romance (1978), Rosa la rose, publique fille (1985), Once More (Encore) (1988), Bareback ou la Guerre des Sens (2006) e Faux accords (2014).


PROJETO RAROS
FEMMES FEMMES
(FRANÇA, 1974, 114 MINUTOS)
DIREÇÃO: PAUL VECCHIALI
ELENCO: HÉLÈNE SURGÈRE, SONIA SAVIANGE, NOËL SIMSOLO, MICHEL DELAHAYE
EXIBIÇÃO EM DVD COM LEGENDAS EM PORTUGUÊS

 
Sala P. F. Gastal
Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia

Av. Pres. João Goulart, 551 - 3º andar - Usina do Gasômetro
Fone 3289 8133

www.salapfgastal.blogspot.com

terça-feira, 7 de abril de 2015

Cine Dica: Em Cartaz: Era Uma Vez Em Anatólia



Sinopse: Nas planícies da Anatólia, na Turquia, um grupo composto de um policial, um médico legista e um advogado conduz dois prisioneiros em busca do local onde enterraram sua vítima. Já é tarde da noite e, em meio à escuridão, eles não conseguem mais encontrar o local exato onde foi colocado o cadáver. Entre as divagações e os deslocamentos, o advogado e o médico começam a se conhecer melhor, percebendo que eles têm pontos de vista muito diferentes sobre a vida.
Ao assistir Era Uma Vem em Anatólia no a recém reinaugurado Cine Capitolio de Porto Alegre, é de se lamentar que quase nada veio para cá do cineasta Nuri Bilge Ceylan. Tanto CLIMAS (2006) quanto 3 MACACOS (2008), foram obras que eu vi somente em DVD. Trabalhos que não tiveram tanta aceitação por parte da crítica, que em geral achava seus trabalhos ultra-estilizados. Porém, creio que depois de Era Uma Vez Em Anatólia, vale uma conferida na obra anterior desse cineasta cheio de criatividade.
Este seu filme mais reconhecido, com seus longos, mas preciosos  150 minutos de duração, apresenta uma narrativa sem pressa alguma e carregada de um clima de apreensão, com a morte rondando a trama e tornando a experiência incomum. A maior parte de sua metragem envolve um grupo de policiais na busca e um cadáver, mas para encontrá-lo, recorrem ao possível assassino. O corpo está enterrado em algum lugar da zona rural da cidade de Keskin que, aliás, o lugar é belamente fotografado em scope e cada tomada externa parece uma pintura em movimento.
A busca pelo cadáver não é tarefa das mais fáceis durante a trama. O assassino, cujo rosto não esconde uma vida marcada, pode estar jogando conversa fora com a  polícia, como pode estar como ele mesmo diz, confuso com relação ao local em que o corpo foi enterrado. Enquanto isso, tanto o médico legista, quanto o promotor e o próprio homicida ganham momentos de pausa e conversa que fazem o filme ganhar inúmeras camadas subliminares. São momentos que acabam sendo tão inspirados quanto à cruzada deles em busca do corpo.
Há um momento interessante, que é quando todos os homens são hospedados na casa de um amigo em comum de um deles e ficam pasmados com a beleza de uma linda jovem, até então a única mulher a aparecer durante a projeção. Ela é como uma jóia escondida num território selvagem. Era Uma Vez Na Anatólia, talvez tenha a intenção de ser uma metáfora de seu próprio país  (Turquia), dirigindo no escuro, tendo dificuldades de desenterrar o seu próprio passado e de caminhar para um futuro melhor, em que o país se tornaria tão moderno quanto os seus irmãos mais bem sucedidos da Europa.
Mas para isso ainda precisam lutar contra as próprias superstições e a falta de habilidade profissional, representado principalmente pelos  policiais despreparados com relação ao que estão encarando. Mas o filme é muito mais do que isso. Trata-se de uma das obras-primas desta década e que certamente merece ser revisto, repensado e dissecado diversas vezes para melhor compreende-lo.




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