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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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terça-feira, 27 de agosto de 2024

Cine Especial: Clube de Cinema - 'Testamento'

 Nota: Filme exibido para os associados no último Domingo (25/08/24).  

Sinopse: Em uma era politicamente correta, evolução de identidade, protestos e outras disputas, um homem de 70 anos vive em um lar de idosos e descobre novos marcos e felicidade.  

Em tempos em que a Direita e a Esquerda se enfrentam ao extremo ao redor do globo me parece que chegou o ponto que os seus discursos não se diferem muito um do outro. Se por um lado temos uma Extrema Direita que briga pelo retorno da idade da pedra, por outro lado, a própria esquerda prega a censura com relação as artes feitas no passado, sendo que as próprias são pertencentes de um período e da qual as mesmas contam a sua história. "Testamento" (2023) fala desta crise de identidade de ambos os lados e dos quais acabam se esquecendo do porque estão brigando.

Dirigido por Denys Arcand, do já clássico "Invasões Barbaras" (2003), o cineasta retorna com sua marca registrada de humor ácido ao centrar na vida de Jean-Michel (Rémy Girard), um homem culto e aposentado. Vivendo em um lar para idosos, Jean-Michel desfruta de uma vida tranquila ao lado de sua amiga Suzanne (Sophie Lorain) que é diretora da instituição. Porém, não demora muito para que um grupo de jovens começarem a protestar contra uma pintura antiga que se encontra dentro do local.

Denys Arcand capricha com o seu humor refinado, porém, satírico em alguns momentos, principalmente em seu primeiro ato onde vemos o protagonista Jean meio que deslocado perante uma geração que se diz intelectual, mas que não sabe como compreender um passado cuja história tem muito a oferecer. Jean, por sua vez, procura alguma razão de continuar existindo nesta realidade cheia de informação, mas das quais são consumadas somente na superfície enquanto o mesmo vê a sua geração partindo aos poucos da maneira mais estupida possível. Neste ponto, por exemplo, o filme ganha a nossa atenção de imediato, principalmente pelo fato de nos identificarmos com o protagonista devido aos seus dilemas e dos quais não são muito diferentes dos nossos.

O estopim de todo o conflito de ambos os lados se encontra em uma curiosa pintura antiga, que retrata a chegada do homem branco em terras desconhecidas, mas das quais já eram pertencentes pelos Índios da época. A imagem em si pode até ser politicamente incorreta para os padrões daqueles que defendem os primeiros habitantes do país, mas desejando que a peça seja destruída é o mesmo que desejar que uma parte da história seja arrancada. Imagine, por exemplo, se todas as lendas sobre as perversões que Leonardo da Vinci praticava fossem realmente verdadeiras daí então lhe perguntaria: Você teria coragem de destruir a pintura "Última Ceia" que é tão venerada pela igreja Católica?

O filme vem em um momento em que se deve separar o artista de sua pessoa cheia de falhas, de saber manter o passado intacto, mesmo quando ele é hediondo, para que assim os erros daqueles tempos não se repetirem em nosso presente. Assim é usada a cultura, mas da qual se encontra nas mãos de uma sociedade que se movimenta somente através de suas redes e cuja verdade já não é mais o suficiente. Diante disso, o protagonista Jean seria um observador que contesta todo esse circo de horrores, mas que não vê uma razão plausível para lutar, pois a sua batalha já havia passado e tendo que somente se contentar com essa realidade cujo status se mantém confusa para dizer o mínimo.

Suzanne, por sua vez, é uma sobrevivente dentro de um sistema capitalista que a fez se sustentar através de uma realidade cheia de regras, mas das quais são controladas por empresários e políticos que mal entendem o significado da arte ou da história. Esses mesmos, por exemplo, são retratados de forma caricata, onde Denys Arcand não os poupa com um humor ácido e contestador na medida certa. Ao final, tudo que resta para a Jean e Suzanne é se darem em conta que possuem algo em comum, mas até lá o circo prossegue naquele local.

Em resumo, contatamos que Denys Arcand acerta novamente ao falar sobre uma sociedade atual dividida e que se encontra cada vez mais perdida nesta terra. Se isso já era percebido em tempos de Pandemia, logo constatamos que nenhum dos lados aprendeu com as adversidades perante aquela doença e seguindo com uma briga incessante que nunca acaba. Sendo assim, a cena que surge durante os créditos é incrivelmente pesada, pois ela não está muito longe da realidade que iremos entregar para as gerações futuras.

"Testamento" é o retrato de uma sociedade alienada, cujo politicamente correto ao extremo está emburrecendo boa parte das pessoas e sendo que os seus discursos sem nenhum embasamento já não mais se sustentam. 

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