Sinopse: Johannes Van Almeida, um pintor que acaba de sair da prisão, quer recomeçar sua vida, mas tudo muda quando a negociante de arte, Antoinette, e a atriz internacional em crise, Florence Lizz, ficam em seu caminho.
Do pouco que eu sei sobre a história de diversos pintores famosos há sempre um lado excêntrico com relação ao modo de como eles viam o mundo e servindo de influência para a realização de suas obras. "No Portal da Eternidade" (2018), por exemplo, vemos as motivações que levaram Vincent van Gogh em cometer suicídio, mas nunca fica exatamente claro, pois a sua própria arte se torna o único meio para termos uma noção do que foi a sua real pessoa como um todo." Vermelho Monet" (2022) fala sobre pessoas com grande talento, mas que são sugadas pelas suas verdadeiras paixões e que as levam na divisa entre a insanidade e lucidez.
Dirigido por Halder Gomes, o filme conta a história de Johannes Van Almeida (Chico Díaz) um pintor especialista em arte de corpos femininos que acabou de sair da prisão e precisa recomeçar a sua vida para tentar ser reconhecido pela sua arte. Porém, Johannes encontra com a atriz estrangeira em crise profissional, Florence Lizz (Samantha Heck Müller), e vê nela uma fonte de inspiração devido aos seus cabelos vermelhos e por se parecer com a sua esposa enferma interpretada por Gracinda Nave. Além do artista, a negociante de arte, Antoinett Léfèvre (Maria Fernanda Cândido), se aproxima da atriz para obter uma relação ardente, mas não escondendo as suas ambições com relação a pintura que se pode nascer através dela.
Pensado para ser o início de uma trilogia sobre as cores, Halder Gomes procura dar aqui o destaque principalmente ao vermelho, a cor da vida e do qual se torna a obsessão do pintor dentro da trama. Curiosamente, o artista não consegue enxergar as cores devido ao seu problema de visão, sendo o vermelho é o mais próximo do que ele se lembra e fazendo com que isso se torne uma obsessão dentro de sua arte do começo ao final dela. Acima de tudo, o filme fala sobre as obsessões do ser humano, seja através da arte ou até mesmo do dinheiro que ele pode proporcionar e não escondendo as segundas intenções de determinados personagens dentro da história.
Antoinett Léfèvre, possui um olhar aguçado com relação ao que tudo vê em volta, com o direito de não medir esforços para obter certo lucro através até mesmo de artes falsificadas. Uma vez que ela conhece Florence Lizz ficamos sempre na dúvida se o que nasceu ali é paixão ou tudo não passa de uma grande fachada para que ela obtenha algum lucro através de sua beleza. Maria Fernanda Cândido dá um verdadeiro show de atuação, onde a sua personagem nos transmite certa ambiguidade em um primeiro momento, para logo depois escancarar as suas verdadeiras ambições dentro da trama como um todo.
Samantha Heck Müller também se sai muito bem ao dar vida a uma personagem disposta a se entregar para um papel que pode ser a sua grande consagração e usando os altos e baixos de sua jornada em Lisboa como ferramentas para se entregar ainda mais ao seu trabalho. Tanto ela como Maria Fernanda Cândido possuem uma ótima química em cena, cuja as cenas de amor não escondem segunda intenções de ambas as partes e fazendo a gente se perguntar até onde isso vai dar. Porém, Chico Díaz é o coração do filme como um todo, ao despejar em suas palavras todo um simbolismo sobre o universo das artes e cuja sua obsessão chega até mesmo assustar os demais personagens em cena.
Halder Gomes, por sua vez, surpreende com uma direção dinâmica, cuja a sua câmera rodeia os atores em cena e fazendo com que a mesma se torne o nosso olhar perante os atos e consequências daqueles personagens em conflito constante. Com uma fotografia deslumbrante, o filme é um verdadeiro jogo de cores em que se revela a real faceta daqueles personagens nutridos pelas suas obsessões, mas que a qualquer momento irão cair devido as suas próprias escolhas, seja através da ambição, do amor ou da arte como um todo. Ao final, ficamos hipnotizados pelos desdobramentos da obra e todos moldados pelas cores fortes que rodeiam aqueles personagens.
"Vermelho Monet" é sobre amor e obsessão pela arte, sendo que esses sentimentos se batem a todo momento e se encaminhando para momentos irreparáveis como um todo.
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