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sexta-feira, 23 de agosto de 2024

Cine Especial: 'Alien, o 8º Passageiro - 45 Anos Depois'

Os anos sessenta e setenta foram cruciais para o gênero de ficção cientifica sair dos cenários dos filmes B e começar a se destacar através de obras que tem muito a dizer. "2001 - Uma Odisseia no Espaço" (1968) foi ápice dessa mudança, onde o realizador Stanley Kubrick recriou cenas do espaço tão realistas que conseguiam se alinhar com o lado filosófico e existencial proposto pela trama. Porém, da ficção também se tem diversão, mas em doses épicas e foi assim a partir de "Star Wars - Uma Nova Esperança" (1977), comandado pelo diretor George Lucas e que mudaria os rumos do cinema.

Foi através dessa aventura espacial que muitos estúdios decidiram correr atrás de algum roteiro em que a trama se passasse no espaço e para que assim obtivesse algum sucesso. A própria Fox que havia lançado "Star Wars" decidiu ir em busca de novas histórias, mas ao invés de uma nova aventura optou por um filme de horror bem ao estilo de casa mal assombrada, mas que se passasse no espaço. O que parecia a premissa de um verdadeiro filme B acabou se tornando um dos filmes mais importantes do final da década de setenta e esse foi "Alien, o 8º Passageiro" (1979).

A trama se passa em um futuro distante, onde uma nave espacial, que estava retornando para terra, capitou um sinal estranho vindo de outro planeta. Sendo obrigados a investigar, a equipe de mineradores adentra ao local, mas um deles acaba sendo atacado por uma estranha forma de vida que fica grudada no seu rosto. Se tem início a uma inesperada situação, onde os tripulantes precisam enfrentar uma estranha forma de vida que cresceu a partir dessa união.

Ao rever esse filme depois de algum tempo eu fiquei espantando como ele envelheceu tão bem. Claro que tem a questão das câmeras cuja as imagens parecem analógicas, sendo que no nosso mundo real isso ficou para trás agora que convivemos com o mundo digital. Porém, a impressão que me fica é que o filme foi rodado a pouco tempo, pois ele quase não possui nenhum resquício do que era visto nos anos setenta.

Muito desse visual a frente daquela época se deve ao H. R. Giger,  artista plástico suíço com obras no campo da pintura, escultura, design de comunicação e de interiores e cinema. Pode-se dizer que o realizador foi revolucionário ao criar um visual mais sujo, cheio de detalhes e que se diferenciavam dos demais filmes de ficção da época e sendo que a sua obra serviu até mesmo de influência para outros realizadores. Neste filme a sua maior realização foi a criação do visual do Alien e sendo considerado até hoje uma das criaturas mais assustadoras da história do cinema.

Visualmente, H. R. Giger queria criar um ser sem olhos, do qual agisse de acordo com os seus extintos, mas não por maldade, mas sim pela sua sobrevivência. Embora visualmente assustador, a criatura somente funcionaria dentro da trama se houvesse um diretor perfeccionista que soubesse filma-la de uma forma com que testasse a nossa perspectiva com relação a ela. Devemos lembrar que o filme foi lançado posteriormente ao sucesso "Tubarão" (1975), onde Steven Spielberg filmou poucas tomadas do enorme peixe, mas fazendo com que isso se torne ainda mais tenso diga-se de passagem.

Tudo é mais assustador quando não vemos os monstros desses filmes de horror, pois não temos uma noção de sua aparência e fazendo da situação se tornar muito mais claustrofóbica. Para obter esse feito coube ao jovem realizador Ridley Scott comandar o espetáculo. Se destacando na época a partir de filmes como "Os Duelistas" (1977), Scott não é exatamente para mim um cineasta autoral do qual identificamos de imediato o seu modo de filmar em seus filmes. Porém, uma coisa perceptível é o seu perfeccionismo, com o direito de sempre fazer cenas cujo enquadramento possui inúmeros detalhes e dos quais sempre haverá um novo a ser descoberto em seus filmes.

Se isso eu sempre senti ao sempre rever "Blade Runner" (1982) aqui não é muito diferente, sendo que a nave Nostromo é tão rica de detalhes que fico imaginando como eram os desenhos desses cenários elaborados antes no papel pelo artista H. R. Giger. Para filmar o Alien, Scott optou em sempre o filmar nas sombras, fazendo um enquadramento que somente aparecia mais o seu horrendo rosto e cujo os cortes bruscos fazem a gente não ter uma exata noção do seu visual como um todo. O resultado acaba se tornando mais do que positivo, principalmente quando os efeitos práticos da época fazem com que tudo obtenha mais peso e sendo algo que nenhum CGI terá a chance de alcançar tal feito.

Mas talvez o ápice do perfeccionismo de Ridley Scott se encontra na famosa cena onde os protagonistas estão almoçando, para logo em seguida o personagem de John Hurt começar a ter uma violenta convulsão. O seu peito logo em seguida explode, sangue é expirado para todos os lados e saindo dele o pequeno, porém, assustador Alien. Reza a lenda que somente John Hurt sabia o que aconteceria com o seu personagem, sendo que os demais interpretes não faziam ideia do que aconteceria ali e fazendo com que as suas ações perante a situação se tornem ainda mais verossímeis.

Falando do elenco, é interessante observar que Scott não dá exatamente o protagonismo para um personagem, sendo que cada um em cena obtêm o seu destaque. Na abertura inicial do filme, por exemplo, o primeiro que surge em cena é John Hurt, que acorda da câmara criogênica aos poucos e fazendo a gente entender que ele seria o protagonista. Eis que então constatamos que não é isso exatamente, pois os personagens possuem personalidades bem construídas e fazendo com que cada um obtenha a nossa atenção na medida em que a trama avança.

Por conta disso, ninguém imaginava que dentre eles a personagem que mais se destacaria seria a tenente Ripley, interpretada com intensidade pela até então jovem e talentosa Sigourney Weaver e se tornando, talvez, a primeira grande heroína da história do cinema. Inicialmente a personagem seria interpretada pela atriz Verônica Cartwright, mas depois de vários testes Scott percebeu que Weaver possuía uma expressão que conseguisse passar medo, frustração e raiva ao mesmo tempo em passagens da trama em que esses sentimentos eram mais do que necessários. Porém, Verônica Cartwright também não faz feio em cena ao interpretar a segunda personagem feminina do grupo e cuja sua expressão de pavor na cena mais impactante do filme lhe valeu o prêmio Saturno de melhor atriz coadjuvante na época.

Contudo, o personagem mais misterioso e interessante da trama seja realmente Oficial de Ciências Ash, interpretado pelo ator britânico Ian Holm, sendo que desde a sua cena inicial ele nos transmite certa ambiguidade vinda do seu personagem e fazendo com que não saibamos ao certo suas reais intenções. Isso aumenta consideravelmente quando ele demonstra desejo em levar a criatura para terra na intenção de estuda-la e cujo seu olhar suspeito na cena do almoço antes da tragédia acontecer sintetiza muito bem isso. Porém, a grande surpresa fica por conta quando se é revelado que Ash é um robô e cuja sua atuação alinhada com efeitos práticos na cena em que se revela isso se torna outro grande momento do filme como um todo.

Grande sucesso de público e de crítica, o filme de Ridley Scott levou diversos prêmios, dentre eles o Oscar de melhor efeitos visuais dado a R. Giger merecidamente. O longa daria início a uma longeva franquia de altos e baixos, com três continuações, sendo que "Aliens - O Resgate" (1987) dirigido pelo até então jovem James Cameron é apontado por muitos como uma das melhores continuações da história. Ridley Scott retornaria a essa franquia em "Prometheus" (2012), "Alien: Covenant" (2017) e mais recentemente como produtor em "Alien - Romulus" (2024).

Porém, por melhor que seja algumas dessas continuações, o filme de 1979 continua ainda hoje sendo o melhor de todos, sendo um sobrevivente ao teste do tempo e provando que o perfeccionismo, alinhado com um grande elenco e ideias construtivas pode sim se criar algo que vai além do seu próprio tempo. Surgiram, logicamente, até mesmo imitações desse grande feito, mas jamais tendo o mesmo impacto e fazendo que somente uma nova geração de cinéfilos adquirisse a curiosidade de conhecer o clássico. Nunca foi tão bom revisitar um clássico de ficção como esse.

"'Alien, o 8º Passageiro" é um filme a frente do seu tempo, perfeccionista em todos os sentidos e sendo ainda hoje uma das obras mais assustadoras de todos os tempos. 

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