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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Cine Especial: Clube de Cinema - 'Os Rejeitados'

Nota: Filme exibido para os associados no última sábado (27/01/24).

Sinopse: Um instrutor rabugento desenvolve um vínculo com um encrenqueiro da escola e o cozinheiro-chefe. 

Alexander Payne é um desses casos de cineastas norte americanos que possuem certo talento na direção para nos chamar atenção, mas que não ganham um espaço necessário no mercado cinematográfico. De sua autoria, por exemplo, temos "Sideways" (2004), "Os Descendentes" (2011) e o genial "Nebraska" (2013). Em "Os Rejeitados" (2023) o realizador retorna com tudo em uma comédia dramática que irá fazer o cinéfilo se emocionar, mas ao mesmo tempo despertando em nós inúmeras risadas ao longo da sessão de cinema.

A trama começa próximo a data mais esperada do fim do ano, onde os alunos e professores do prestigiado internato Barton Academy se preparam para passar suas férias com as famílias e amigos em dias que antecede o Natal. No entanto, um grupo conhecido como Os Rejeitados fica para trás, sem lugar ou pessoas para visitar. Paul Hunham (Paul Giamatti), um professor altamente desgostado pelo corpo docente, sempre fica para trás e contra a sua vontade, é o responsável por cuidar dos estudantes que precisam ficar no colégio no feriado. Durante a tarefa, ele precisa lidar especificamente com Angus (Dominic Sessa), um adolescente rebelde que está lidando de sua própria forma com a morte do pai. Entre gritos, perseguições no corredor, detenções e conversas, os dois acabam descobrindo mais sobre a vida com a ajuda da cozinheira-chefe (Da’vine Joy Randolph) da escola.

Pelo fato da trama se passar no início dos anos setenta, o diretor Alexander Payne não só faz uma bela reconstituição da época, como também molda o filme parecendo que foi rodado naqueles anos. Notem, por exemplo, o símbolo do estúdio Universal quando surge na tela, sendo representação daqueles tempos longínquos, mas que representam a melhor fase do cinema norte americano. A partir daí vamos conhecendo esses personagens excêntricos, mas dos quais nos identificamos.

O filme se passa no período natalino, época em que o capitalismo sempre nos vende a ideia para comemorarmos com a família e amigos. Porém, já naquele tempo, o significado da palavra Natal tem se tornado um símbolo comercial ao invés de se comemorar o verdadeiro significado do dia e fazendo com que a época se torne acelerada e até mesmo cansativa. Os protagonistas da trama, por sua vez, se sentem deslocados e ao mesmo tempo agindo com total sarcasmo perante uma época que está se tornando cada vez mais hipócrita na medida em que o tempo passa.

Por outro lado, uma vez que esses personagens centrais da trama não caem no conto natalino eles se veem livres para colocarem realmente para fora como eles realmente são. Paul Hunham, por exemplo, é um professor recluso internamente, do qual não consegue ser muito sociável com os seus alunos, mas que se vê obrigado a cuidar de alguns deles e fazendo que revele o seu lado mais humano. Já tendo trabalho com o diretor no passado, o ator Paul Giamatti nos brinda com uma ótima atuação, sendo que o intérprete é sempre lembrado como um grande coadjuvante, mas tendo provado já há bastante tempo que consegue carregar um filme nas costas facilmente.

Mas não há como negar que a sua atuação melhora ainda mais quando o seu personagem se interage através do aluno rebelde Angus, mas cujo mesmo se revela alguém muito mais complexo do que se imagina e cuja mentiras são meias verdades e das quais vão sendo descascadas ao longo da história. Dominic Sessa é um nome para ser guardado, pois o seu Angus é o que realmente move as peças da trama e fazendo com que todos os personagens se colidem perante a ele e fazendo com que sejam afetados de formas até mesmo indiretamente. Atenção para a cena em que ele realmente revela algo íntimo, cuja câmera vai se afastando e revelando um dos melhores momentos do filme como um todo.

Já a cozinheira chefe Mary pode-se dizer que ela possui uma espécie de subtrama dentro da história, mas que acaba se casando perfeitamente com a proposta principal da obra. Sendo obrigada a conviver com os poucos que restaram dentro da universidade, a personagem acaba que se abrindo para os personagens principais de uma forma que faz com que a gente sinta toda sua dor que carrega consigo, mas sabendo driblá-lo através um sarcasmo genuíno. Não é à toa que Da’vine Joy Randolph tem grandes chances de levar o seu Oscar na próxima cerimonia e com certeza de forma mais do que merecida.

Curiosamente, o filme pode ser interpretado como uma trama que se passa em duas partes, já que o primeiro e a metade do seu segundo ato se passam na universidade, mas logo eles são obrigados a terem que mudarem de cenário e adentrando ao subgênero de estrada. Embora não se estenda muito, essa passagem da trama se torna crucial para que os personagens principais obtenham a sua transformação, seja ela interna ou externa e fazendo com que eles se olhem uns aos outros e fazendo se darem conta de que cada um tem o melhor a oferecer neste mundo do que se imagina.

Com um final em que os personagens finalmente obtêm as suas redenções, "Os Rejeitados" é uma comédia dramática que nos emociona e ri perante as situações corriqueiras do Natal, mas que sabemos o quanto elas são reais perante nós. 

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