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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

Cine Dica: Em Cartaz - 'Folhas de Outono'

Sinopse: Ansa e Holappa são duas almas solitárias cujo encontro casual em um bar enfrenta vários obstáculos. 

Ao longo do ano passado o Clube de Cinema de Porto Alegre revisitou o gênero da "Comédia romântica", sendo que os principais títulos vistos foram aqueles que deram um passo à frente para que a fórmula de sucesso se mantivesse viva. Atualmente, ao menos na minha visão, o gênero se encontra enfraquecido, sendo que o último grande título foi "Encontros e Desencontros" (2003), de Sofia Coppola, e do qual melhor sintetizou os relacionamentos amorosos atuais que se encontram vazios perante o movimento constante de um mundo movido por números. "Folhas de Outono" (2023) talvez seja o mais novo título desse gênero que ousa algo além da conhecida fórmula e destacando os protagonistas em meio ao sistema que faz de a humanidade ficar mais estagnada.

Dirigido por Aki Kaurismäki, de "Crime e Castigo" (1983), o longa acompanha a história de Ansa (Alma Pöysti) uma estoquista de supermercado, e Holappa (Jussi Vatanen), um ex-alcoólatra. Completamente desconhecidos, os caminhos dos dois acabam se cruzando acidentalmente em um bar de karaokê numa noite qualquer em Helsinki. Automaticamente atraídos um pelo outro, eles decidem sair em um encontro e, talvez, começar um relacionamento improvável que pode ser a solução para afastar a solidão existencial de ambos - mas uma série de adversidades e mal-entendidos faz com que os dois acabem se afastando.

Aki Kaurismäki procura apresentar os dois protagonistas de uma forma particular, sendo que ambos se encontram no piloto automático devido ao trabalho do dia a dia, mas não escondendo em seus olhares o desejo de extravasarem. Se Ansa procura não descartar aquilo que o mundo não mais deseja, por outro lado, Holappa procura desafiar o sistema em que vive através do seu sarcasmo mórbido e pelo vício com a bebida. Nota-se que os personagens em volta não são muito diferentes, mas que basta um certo contato com o próximo para que eles soltem o que se escondem dentro deles.

São personagens que buscam por algum significado de continuarem em frente em meio ao sistema capitalista e de um mundo cada vez mais afundando em guerras sem um menor sentido. Neste último caso, por exemplo, é sempre anunciado o conflito entre a Rússia e a Ucrânia no rádio, sendo que o velho recurso de comunicação seria uma forma de nos dizer que as guerras de ontem e hoje possuem as mesmas consequências, sendo que o mundo mudou somente na tecnologia, mas a imbecilidade da raça humana continua intacta. Nota-se também uma realidade que se passa em nossos tempos, mas moldada com um visual retro, como se aqueles personagens convivessem com tempos mais coloridos, mas não escondendo as mazelas do mundo.

Assim como toda comédia romântica, os dois protagonistas se conhecem de forma simples, mas que logo vão se interessando um pelo outro e para assim obterem algum sentido. Porém, o filme é cheio de encontros e desencontros, seja devido ao vício de Holappa ou pela esperança cega de Ansa que vê nele alguma coisa que faça algum sentido para ela. Em meio a isso é notório que os personagens se envolvem na fantasia que a arte nos brinda, principalmente quando o cinema se torna uma peça central da obra. Portanto, aguarde por referências muito bem-vindas, que vai desde aos melhores momentos do cinema francês, italiano e até mesmo ao grande mestre Charles Chaplin.

Desses desencontros nota-se que os personagens continuaram perdidos em seus afazeres, mas logo as fórmulas da velha comédia romântica surgem para que ambos voltem a se encontrarem. Se isso soa um pouco clichê, ao menos se diferencia se formos compará-lo ao demais títulos dentro do gênero. Afinal,  Aki Kaurismäki não descarta o universo que aqueles personagens se encontram, pois o amor sim é possível, mas sempre perante um mundo frio e cheio de obstáculos.

"Folhas de Outono" é uma comédia romântica diferente do que nós imaginamos, pois o lado humano perante uma realidade implacável torna o relacionamento amoroso atual muito mais complexo. 

Nota: O filme também estreou no MUBI. 


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