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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

Cine Dica: Streaming - 'Saltburn'

Sinopse: Felix Catton convida seu amigo Oliver Quick para passar as férias de verão na mansão de sua família, na região de Saltburn. Com a chegada do garoto, uma série de eventos perturbadores atinge os Cattons. 

Emerald Fennell poderia muito bem ter construído uma bela carreira somente como atriz, mas ela optou em fazer barulho na direção em seu primeiro longa, "Bela Vingança" (2021) e o resultado foi o suficiente para a mesma ganhar um Oscar de Roteiro Original. até aqui, se percebe que ela gosta de construir personagens sendo apresentados de forma gradual, onde não temos uma exata certeza sobre até que ponto eles podem irem com os seus objetivos. Eis que "Saltburn" (2023) chega para fazer novamente um grande barulho, pois o filme tem todos os ingredientes para obter a nossa atenção como um todo.

A trama se passa nos anos 2000 e acompanha o estudante universitário Oliver Quick (Barry Keoghan), que tem dificuldades para se encaixar na Universidade de Oxford. Após conhecer Felix Catton (Jacob Elordi), Oliver é imediatamente atraído pelo mundo aristocrático do jovem - que o convida para passar uma temporada na casa de sua família. Mas o que começa como uma amizade aparentemente inocente logo envereda para uma crescente obsessão.

Emerald Fennel já se arrisca em sua abertura, pois obtemos uma informação vinda do protagonista em narração off e fazendo a gente se perguntar como o filme poderá nos surpreender já com essa revelação jogada em nosso colo. Para isso a realizadora apresenta Oliver como alguém deslocado da realidade de Oxford, um peixe fora do mar, mas que busca um meio de se enturmar. Até aí tudo bem, já que até nós meros mortais temos esse desejo de sermos sociáveis, mas aqui a situação não é bem o que aparenta ser.

Uma vez que Oliver se torna amigo de Felix imediatamente conhecemos o universo aristocrático desse último e do qual é um tanto que peculiar para dizer o mínimo. Se no passado o mestre Luís Buñuel tinha certa predileção de satirizar o universo aristocrático vide "O Discreto Charme da Burguesia" (1972), aqui a diretora Emerald Fennel extrapola sem dó, ao apresentar cada um daqueles personagens vistos no castelo de uma forma que a gente duvide da saúde mental deles, ou ao menos tenhamos dúvidas se estão realmente felizes. Vale destacar que todos são interpretados por grandes intérpretes, sendo que Richard E. Grant e principalmente Rosamund Pike roubam a cena sempre quando surgem, sendo que essa última nos assombra com as suas interpretações desde "Garota Exemplar" (2014) de David Fincher.

Tecnicamente o filme é um show de luzes e neon, sendo que a fotografia de cores quentes se alinha nos momentos em que o longa se envereda para situações mais sombrias e peculiares. O ápice disso é quando ocorre uma festa fazendo referência ao poema clássico "Sonhos de Uma Noite de Verão" de William Shakespeare e é quando os ânimos dos personagens se encontram na maior ebulição. Até lá, existe um jogo psicológico entre Oliver e Felix e do qual se torna ainda mais intenso graças a interpretação dos respectivos atores.

Visto recentemente em "The Batman" (2022) e "Os Banshees de Inisherin" (2022) Barry Keoghan vem construindo uma carreira exemplar com personagens excêntricos e, por vezes, imprevisíveis para dizer o mínimo. O seu Oliver parece uma fusão entre Coringa e Talentoso Ripley, onde o mesmo consegue obter cada um daquela família a sua maneira, de um modo que os mesmos acabam ficando nus e revelando as suas principais falhas humanas. Aos poucos ele revela as suas garras e fazendo com que as suas vítimas fiquem na dúvida em recuar ou seguir em frente para conhecer esse Oliver ainda desconhecido diante dos seus olhos.

Porém, Jacob Elordi não fica muito atrás ao nos surpreender com uma atuação digna de nota. Seu Felix é alguém que tem tudo, mas que somente sente isso quando todos se encontram em sua volta, mesmo quando se percebe que a maioria só o deseja por interesse e para ter a chance de entrar no castelo onde mora. Visto recentemente também em "Priscilla", Jacob Elordi parece que aos poucos vai demonstrando que não possui somente uma carinha bonita e relevando um talento que ainda pode ser ainda mais explorado.

Com uma edição de cenas caprichadas, onde cada uma possui algo a ser analisado posteriormente em uma segunda revisão, o filme possui um terceiro ato surpreendente, mesmo quando já tínhamos obtido uma importante informação no início da história. Uma vez que acontece aquela família que sempre possuía a faca e o queijo na mão se veem completamente fora dos trilhos e agindo das formas mais peculiares para dizer o mínimo. É então que Oliver dá a sua jogada de mestre e culminando em uma das cenas finais mais polêmicas do cinema recente.

"Saltburn" é aquele filme que após ser assistido irá incomodar muita gente, mas cuja intenção é exatamente essa e a diretora Emerald Fennell obtêm isso com honras.  

Onde Assistir: Prime Vídeo 

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