Sinopse: Depois de um grande terremoto, em Seul, há apenas um prédio em pé. Com o passar do tempo, pessoas de fora começam a entrar para se protegerem do frio extremo. Para lidar com o número crescente, os moradores decretam uma medida especial.
Os filmes catástrofes tiveram a sua força nos anos setenta através de clássicos como "Aeroporto"(1970), "Terremoto" (1974) e "Inferno na Torre" (1974). Porém, Se nos anos noventa eles tiveram uma sobrevida através dos efeitos visuais de ponta, por outro, há de se reconhecer que se tornaram somente entretenimento escapista e sem nenhum aprofundamento. Não é o caso do coreano "Sobreviventes de um Terremoto" (2023), cuja catástrofe natural se torna uma mera desculpa para revelar o melhor e o pior do ser humano.
Dirigido por Um Tae-hwa, o filme se passa logo após que um poderoso terremoto devasta uma cidade e restando apenas as ruínas. O apartamento Hwanggoong é o único lugar que ainda está de pé após a tragédia, se transformando em um ponto de abrigo para os sobreviventes. Young-Tak (Lee Byung-Hun) conduz temporariamente os residentes do apartamento de Hwanggoong. À medida que a crise se desenrola, Young-Tak tenta proteger os residentes de estranhos que começam a chegar aos poucos. Min-Sung (Park Seo-Joon) que era um funcionário público, é escolhido por Young-Tak e se torna seu ajudante e enquanto isso Myeong-Hwa (Park Bo-Young), esposa de Min-Sung é enfermeira a ajuda a cuidar dos feridos.
Se a pessoa for com pouca informação sobre a trama irá pensar que se trama de um mero filme escapista, quando na verdade vai muito além do que aparenta. O filme começa em tom documental, do qual fala sobre os diversos apartamentos das metrópoles coreanas e como as mesmas se tornam fortalezas para aqueles que acham que o perigo está sempre à espreita. Uma vez que um prédio se torna o único intacto após a tragédia o local se torna uma espécie de torre de babel e revelando os costumes e reais intenções de alguns personagens principais.
Com flashback, por exemplo, testemunhamos alguns eventos que ocorreram durante a catástrofe e fazendo com que conheçamos melhor o caráter de algumas figuras centrais da trama. Young-Tak talvez seja o personagem mais complexo da trama, cujo passado sombrio ele procura esconde através de sua liderança, mas que aos poucos vai se descascando a verdade perante aquele mundo em declínio. Lee Byung-Hun nos brinda com uma atuação espetacular, sendo que o seu Tak é alguém que busca transmitir um certo controle, mas que acaba revelando o seu lado selvagem na medida que não consegue mais esconder a sua verdadeira origem.
Como dito acima, o terremoto se torna uma mera desculpa para testemunharmos a divisão entre as pessoas perante uma calamidade vinda da natureza. Os personagens se dividem entre os afortunados e os necessitados, sendo que esses últimos são tratados como baratas e revelando todo o lado preconceituoso que persiste até nos dias de hoje. Esse ponto, por exemplo, pode ser uma espécie de metáfora do conflito entre Coreia do Sul e do Norte estarem até hoje dividida, quando na verdade bastava o diálogo lucido para evitar mais guerras.
O ato final se torna uma verdadeira tragédia Grega, onde ninguém estará a salvo perante seres humanos sedentos por comida e que faram de tudo para obter ela. Ao final resta apenas cairmos na real que essa é a raízes do ser humano e do qual jamais terá remédio. Porém, há sempre esperança no horizonte mesmo quando tudo parece perdido perante o horror vindo do nosso mundo.
"Sobreviventes de um Terremoto" é um filme catástrofe que vai de contramão ao que a gente vê sendo produzido no cinemão norte americano e é por isso mesmo que vale a pena ser conferido.
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