Sinopse: Três meninas britânicas saem de férias naquele que deve ser o melhor verão de suas vidas.
Adolescência é uma fase de transformação, onde o jovem vai descobrindo o seu corpo e desejando desfrutar de prazeres antes nunca realizados. Porém, nem tudo o que a gente deseja culmina com o que a gente quer e as vezes em algumas situações pode ser traumática e fazendo a gente levar para o resto da vida. "How to Have Sex" (2023) é sobre a juventude livre, leve e solta, mas que toda essa liberdade pode ser cobrada futuramente.
Dirigido pela estreante Molly Manning Walker, o filme acompanha as três adolescentes britânicas Tara (McKenna-Bruce) Em (Enva Lewis) e Skye (Lara Peake) passando um feriado de verão juntas na Europa. Entre festas, danças em boates e namoros, o que deveria ser um dos melhores momentos de suas vidas, revela as complexidades da amizade feminina e da sexualidade adolescente. Caminhando e dançando pelas ruas de Mália, na Grécia, elas mergulham em um processo de consentimento e autodescoberta.
Embora seja o seu filme de estreia Molly Manning Walker se sai muito bem em sua primeira investida na direção, cuja forma de filmar me lembrou bastante o maravilhoso "Projeto Flórida" (2017) de Sean S. Baker. Em ambos os casos são filmes independentes, onde os realizadores usam e abusam do uso da câmera e nos revelando uma realidade que transita entre as cores quentes e um clima mórbido em algumas passagens. No caso de "How to Have Sex" ele exala todo o clima quente e cheio de êxtase que aquele trio de garotas surge na tela e fazendo a gente adentrar junto e ter a curiosidade de como isso vai terminar.
Embora sejam três personagens o roteiro se concentra em Tara, sendo que a mesma possui a mesma energia de suas amigas, mas não escondendo uma certa inocência perante a vida. Entre uma balada e outra se percebe em seu olhar e nas demais certas curiosidades, ciúmes e até mesmo raiva transitando com a tristeza. Neste último caso, por exemplo, isso afetará em cheio Tara, principalmente após uma noite na praia que irá afetá-la de forma psicológica.
Embora muito jovem McKenna-Bruce nos brinda com uma ótima atuação, sendo que ela nos passa toda a confusão mental, frustração e dor que Tara nos passa na tela. A direção, por sua vez, colabora para que o seu desempenho se torne ainda mais forte perante os nossos olhos, principalmente nos momentos em que determinado enquadramento fica por mais de um minuto extraindo toda a sua expressão que fala mais do que meras palavras. Um belo casamento entre direção e atuação e que poucas vezes o cinema nos brinda.
Mais do que tudo, o filme vem em um momento em que as jovens de hoje não são obrigadas a terem que carregar o peso da dor provocada por certos abusos, ou pela frustração de não ter obtido o que realmente queria alcançar, mas sim se abrir para o seu próximo mais íntimo e que vale a pena confiar. Ao final vemos uma Tara mais madura, tendo que conviver com que já foi feito, mas não significa que nada possa ser revolvido. Sempre haverá uma nova chance enquanto ela não se calar pelo que aconteceu e o que irá acontecer em um futuro próximo.
"How to Have Sex" é sobre desejos, descobertas e frustrações da transição da inocência para a vida adulta e de como certas descobertas podem ser doloridas, porém, combatidas.
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