Sinopse: Um grupo de amigos descobre uma mão embalsamada que lhes permite conjurar espíritos. Viciado na emoção, um deles vai longe demais e abre a porta para o mundo espiritual.
Ninguém questiona que atualmente o gênero de horror vive a sua melhor fase principalmente através do cinema independente. Claro que sempre há um desgaste nas fórmulas de sucesso, principalmente quando os estúdios se enveredam para franquias intermináveis e seus derivados como é no caso de "Invocação do Mal". "Fale Comigo" (2023), por sua vez, usa velhas fórmulas de sucesso, mas surpreendendo ao renová-las e falando um pouco de uma sociedade cada vez mais alienada.
Dirigido pelos estreantes Danny Philippou e Michael Philippou, o filme conta a história de Mia, interpretada pela estreante Sophie Wilde, que ao lado de um grupo de amigos encontra uma misteriosa mão embalsamada e descobre que ela permite invocar espíritos. Como é de se esperar, todos ficam muito empolgados com a nova descoberta, mas não demora muito até que a brincadeira tome um rumo extremamente perigoso quando um deles acaba indo longe demais e, por acidente, abre uma porta para o mundo espiritual.
O filme tinha todas as chances de cair nos velhos clichês do gênero de horror principalmente quando é sobre possessão que sempre é revisitado. Porém, os estreantes Danny Philippou e Michael Philippou criaram uma trama que mescla elementos de nossa realidade e que fala um pouco sobre alienação da sociedade atual cada vez mais presas em seus celulares e que, ao invés de ajudar o próximo, preferem fazer uma selfie ou filmar determinada tragédia que está a caminho. Nada mal para realizadores que vieram justamente do mundo do Youtuber, mas pelo visto eles tem consciência de que é preciso as vezes fazer uma crítica acida com relação a desumanidade cada vez mais crescente do mundo.
Portanto, a protagonista Mia é uma jovem que busca companhia mesmo quando as pessoas próximas a elas se encontram em outra sintonia. O desejo é tanto em adentrar o círculo de amizades que decide então participar da brincadeira macabra, mas mal sabendo o que viria em seguida. É curioso observar que nestes momentos nós dá uma noção clara que a possessão se tornou banal para essa geração atual, sendo que isso é uma espécie de chance de escapar do mundo real e ter a chance de obter sensações incomuns.
Curiosamente, a possibilidade do filme se tornar uma espécie de terror teen logo se esvai no momento que a brincadeira perde o controle e tudo fica cada vez mais tenso e claustrofóbico. Portanto, ficamos ao lado de Mia a todo momento, seja para ela conseguir uma chance de compreender sobre o que está acontecendo, como também ter a chance de entender algo misterioso vindo do passado. Estreando no cinema pela primeira vez Sophie Wilde surpreende em uma atuação poderosa e cujo peso da tragédia que a sua personagem convive sentimos a todo momento na medida em que a trama avança.
Já a direção de Danny Philippou e Michael Philippou é realmente curiosa, principalmente vinda de dois jovens saídos dos canais do youtubers, mas fazendo trabalho de gente grande e cuja cenas de suspense são muito bem filmadas e, por vezes, claustrofóbicas. Além disso, a edição de cenas é primorosa, fazendo com que acompanhemos as situações pela perspectiva da protagonista, quando na verdade a situação pode ser inversa. Atenção para a sequência envolvendo o pai dela e que desencadeia um caminho sem volta.
Apesar de um final imprevisível, para não dizer anti hollywoodiano, o minuto final somente derrapa ao entregar uma possível possibilidade de continuação, para não dizer que pode se tornar o nascimento de uma nova franquia. Portanto, por mais que os realizadores se esforçam para lançar algo original, os engravatados já se aprontam para criar a sua nova galinha dos ovos de ouro. Polêmicas à parte, "Fale Comigo" entrega um horror de primeira, onde a criatividade se sobressai em meio as fórmulas já manjadas.
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