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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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sábado, 5 de agosto de 2023

Cine Especial: Revisitando ‘Bonequinha de Luxo’

Embora a "Nova Hollywood" tenha começado oficialmente em 1967 é notório que o cinema norte americano já dava sinais de maior ousadia e mudanças no início daquela década. Embora ainda com o Código Hays na espreita os realizadores foram inteligentes ao comandar obras que fugiam de um lugar comum e falando um pouco sobre o mundo em metamorfose naquele momento."Bonequinha de Luxo" (1961) não é somente um dos melhores filmes de todos os tempos, como também uma síntese sobre a solidão e busca pela felicidade que, por vezes, é árdua até ser alcançada.

Baseado na obra de Thurman Capote e dirigido por Blake Edwards, do clássico "A Pantera Cor de Rosa" (1963), o filme conta a história de Holly Golightly (Audrey Hepburn) uma garota de programa nova-iorquina que está decidida a casar-se com um milionário. Perdida entre a inocência, ambição e futilidade, ela toma seus cafés da manhã em frente à famosa joalheria Tiffany`s, na intenção de fugir dos problemas. Seus planos mudam quando conhece Paul Varjak (George Peppard), um jovem escritor bancado pela amante que se torna seu vizinho, com quem se envolve. Apesar do interesse em Paul, Holly reluta em se entregar a um amor que contraria seus objetivos de tornar-se rica.

Um dos fatores que levam um filme a se tornar um clássico não é somente por possuir um ótimo roteiro, como também cenas que nos passa algum significado. A cena inicial, por exemplo, onde testemunhamos a primeira aparição da protagonista é digna de nota, pois Holly a recém está voltando do seu último cliente e durante o trajeto a mesma começa apreciar a famosa loja Tiffany's de Nova York. Não é apenas apresentação da personagem, como também compreendemos naquele momento os seus sonhos e desejos em obter uma vida melhor, mesmo quando ela foge de alguns casos por medo em não saber ao certo se obterá ou não a felicidade que todos desejam.

Embora possamos rotulá-lo como uma comédia romântica seria o mesmo que facilitar as coisas, pois há uma forte carga dramática nas entrelinhas, principalmente com relação ao passado de Holly e as motivações que a levam a fugir de tudo e a todos. Porém, Paul seria uma espécie de peso para anivelar a balança em que a protagonista se encontra e fazendo com que ela procure enxergar uma outra realidade com relação ao amor, mesmo que na maioria das vezes ela negue para si. Curiosamente, Paul seria uma espécie de outro lado da mesma moeda, já que ele é um escritor fracassado e que acaba sendo sustentado por uma de suas amantes.

Embora tenha ficado marcado por ter realizado a franquia da "Pantera Cor de Rosa" Blake Edwards filmava como ninguém, principalmente quando fugia dos enquadramentos costumeiros do cinema norte americano daqueles tempos e nos brindando com algo que fugia do obvio. Na cena em que Holly e Paul estão caminhando na frente da Tiffany's há um plano-sequência pouco convencional para a época, onde vemos a dupla girar em círculos para somente depois se sentarem para conversar um pouco. É o cinema norte americano já querendo fugir do costumeiro e sendo algo fora do comum para aqueles tempos.

Mesmo com o Código Hays presente é notório que o realizador tenha ainda criado cenas ousadas, mas cujo lado explicito fique ainda na superfície. Há, por exemplo, uma grande festa na casa de Holly, mas da qual sentimos o ar de orgia nas entrelinhas e que certamente fosse refeita hoje tudo ficaria ainda mais ousado diga-se de passagem. O mesmo pode-se dizer sobre a possível bissexualidade da protagonista, da qual é aparentemente omitida, mas dando sinais claros em uma determinada cena em que ela e Paul estão em uma boate.

Mas se por um lado o filme é um clássico por ter sido lançado a frente do seu tempo, infelizmente não deixa de o mesmo estar preso a sua época, principalmente com algumas escolhas um tanto que errôneas. O ator americano Mickey Rooney, por exemplo, interpreta o vizinho japonês Mr Yunioshi, sendo que hoje seria completamente algo inviável para ser feito, mas que está ali encravado e que não pode ser mais retirado. O próprio realizador disse uma vez que se arrependeu da escolha, sendo que o personagem é o principal alvo de críticas negativas que o filme acaba recebendo hoje em dia.

Polêmicas à parte, revisitando o longa atualmente se percebe o do porquê alguns simbolismos terem se tornado tão icônicos. Audrey Hepburn simplesmente nasceu para interpretar a personagem, sendo que o seu figurino se tornou emblemático e fazendo da sua imagem um dos grandes símbolos da história do cinema. Não é à toa que a sua figura é sempre homenageada, seja em filmes e séries como no caso da recente "Big Little Lies" (2017).

Curiosamente, é um filme que possui todos os ingredientes das comédias românticas de sucesso, sendo que já temos uma vaga ideia de como será o encerramento da trama. Porém, é preciso dar os parabéns ao diretor Blake Edwards em saber conseguir cruzar o humor com momentos dramáticos, sendo que o ato final reserva muitos, principalmente quando o passado da protagonista lhe assombra e fazendo com que se dê conta que não adianta mais fugir das pessoas que ela ama. Portanto, a cena final é tocante, pois percebemos que, enfim, ela faz as pazes consigo mesma.

Com a inesquecível música "Moon River" cantada pela própria Audrey Hepburn, “Bonequinha de Luxo" não é somente uma das melhores comédias românticas de todos os tempos, como também uma representação das mudanças comportamentais que o cinema norte americano já estava começando a sentir naqueles tempos. 



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