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quarta-feira, 23 de agosto de 2023

Cine Dica: Em Cartaz - 'Besouro Azul'

Sinopse: O adolescente Jaime Reyes ganha superpoderes quando um misterioso escaravelho se prende à sua coluna e lhe fornece uma poderosa armadura alienígena azul. 

O gênero de super-heróis para o cinema enfrenta neste momento um certo desgaste bem acentuado e colocando em xeque as futuras produções. O problema talvez esteja pelo fato de o público esperar por demais destes tipos de filmes, sendo que muitos esperam que determinado título revolucione, quando na verdade são obras criadas que na maioria dos casos somente para entreter. Curiosamente" Besouro Azul" (2023) não nos passa nenhuma ambição de mudar o curso da história, mas sim nos apresentar uma aventura divertida e com forte carga de representatividade latina.

Dirigido por Angel Manuel Soto, a trama segue o jovem mexicano Jaime Reyes (Xolo Maridueña) que, recém-formado, volta para casa cheio de aspirações para o futuro. Em meio a uma busca por seu propósito no mundo - e um emprego - o destino o surpreende ao colocar em seu caminho uma antiga relíquia de biotecnologia alienígena, conhecida como Escaravelho. O besouro alienígena azul escolhe Jaime para ser seu hospedeiro simbiótico - o que lhe dá uma armadura superpoderosa e lhe garante poderes.

O filme possui todos aqueles clichês de filmes de origem de super-herói, sendo que quando o protagonista se transforma pela primeira vez me lembrou os melhores momentos do primeiro filme do "Homem de Ferro" (2008). Porém, é através da representatividade que mora o coração do filme, onde a cultura latina é apresentada em abundância e fazendo com que muitos da América Latina se identificarem com ela. Por conta disso, a família do protagonista é quem rouba a cena, sendo que cada um ali tem uma personalidade distinta e servindo de elemento principal para a formação do herói em cena.

Não tem como não se emocionar, por exemplo, com as lições passadas pelo pai, ou nos divertir com as estripulias do tio. Porém, a força da avó surpreende até mesmo nas cenas de ação e que fará antigos guerrilheiros que combateram no passado contra o imperialismo obterem um largo sorriso no rosto. Com tudo isso é até mesmo surpreendente um filme como esse ser realizado em um grande estúdio de Hollywood, não sendo uma coisa estereotipada, mas sim que nos respeita.

Como se já isso não é o bastante ainda há referências com relação a cultura pop que nós do Brasil e demais dos países latinos irão se identificar. Aguarde para ouvir referências de novelas como "Maria do Bairro", ou então do clássico Chapolin, uma das obras máximas criadas pelo mestre Roberto Gómez Bolaños. São momentos que dificilmente um jovem norte americano atual irá entender, mas que facilmente iremos identificar e aproveitar.

Quanto ao lado de cá, é muito bom ver Bruna Marquezine estreando no cinema norte americano com o pé direito. Ela não é uma mera coadjuvante de luxo, sendo que ela se torna a peça principal para a movimentação da trama e tendo parentesco direto com o primeiro Besouro Azul dos quadrinhos e fazendo com que muitos fãs antigos vibrarem com a referência. Sua atuação é realmente digna de nota, surpreendendo até mesmo nas cenas de ação que exigem dela e fazendo a gente imaginar sobre qual será o próximo projeto que ela irá participar.

Infelizmente o filme está longe de ser perfeito, pois ele se sustenta com tudo o que eu disse acima, menos com relação aos vilões descartáveis. A personagem vivida pela veterana Susan Sarandon, por exemplo, poderia ter sido vivida por qualquer outra atriz que o resultado seria o mesmo, pois Victoria Kord não passa de um vilão megalomaníaca que tem somente interesse em explorar os poderes do escaravelho e obter a chance de criar armas de ponta. Isso talvez seja outro grande Déjà vu dentro do gênero e do qual, convenhamos, já cansou.

Curiosamente, o vilão brucutu vivido pelo ator e dançarino Raoul Max Trujillo até que não faz feio, pois o roteiro lhe dá espaço para nos apresentar um personagem trágico e sendo um de muitos latinos vítimas do grande sistema do imperialismo. Porém, o ato final se entrega aquelas típicas cenas de ação cheias de efeitos visuais, muito embora eles não me incomodaram muito e cuja fotografia moldada por incríveis cores de neon dão o seu charme na medida certa.  O resultado final pesa mais para o positivo, mesmo quando há deslizes que poderiam ter sido evitados.

"Besouro Azul" não é o filme que irá revitalizar o gênero de super-heróis para o cinema, mas sim irá somente entretê-lo e quem sabe se tornar um típico clássico Sessão da Tarde em um futuro próximo.   

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