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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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sexta-feira, 25 de agosto de 2023

Cine Especial: Conhecendo 'Z'

Sinopse: O assassinato real de um político liberal (Yves Montand), cometido como se fosse um acidente, é retratado no caso Lambrakis. Fato acontecido na Grécia no início da década de 60, a investigação sobre a morte do político foi escandalosamente encoberta por uma rede de corrupção e ilegalidade na polícia e no exército. 

A revolução Cubana realizada nos anos cinquenta foi algo que pegou o mundo capitalista desprevenido e fazendo que as potências como os EUA, que sempre gostam de usar os seus países vizinhos como quintais, decidissem arquitetar meios para que a revolução comunista não se espalhasse pelo mundo. O resultado foi diversos países, principalmente os da América do Sul, sofressem diversos golpes arquitetados pelo próprio exército e dando início aos Governos Ditatoriais mesmo quando os mesmos diziam que defendiam um País Democrático. Vários anos após o encerramento dessa fase opressora é interessante observarmos que não sofremos somente ameaçadas de golpes vindas do exército a todo momento, como também de seguidores cegos que apreciavam aquele período e sendo sempre persuadidos a todo momento por diversas fake news que são disparadas nas redes atualmente.

O cinema, por sua vez, sempre procurou retratar esse período, mesmo quando os governos tentavam censurá-lo. Recentemente, por exemplo, tivemos o argentino "1985" (2023), onde retratava o julgamento contra aqueles que colocaram em prática atos contra a humanidade em tempos da ditadura e cujo Brasil, infelizmente, não seguiu por essa mesma linha optando pela anistia. Nestes tempos em que a Extrema Direita sempre tenta adquirir o poder através de golpes decidi finalmente conhecer "Z" (1969) de Costa Cravas e perceber como o passado e o nosso presente estão mais próximos do que nunca.

O filme acompanha o assassinato real de um político liberal (Yves Montand), cometido como se fosse um acidente, é retratado no caso Lambrakis. Fato acontecido na Grécia no início da década de 60, a investigação sobre a morte do político foi escandalosamente encoberta por uma rede de corrupção e ilegalidade na polícia e no exército. Porém, o Juiz (Jean-Louis Trintignant) tenta fazer a diferença em busca pelos culpados, mesmo que isso lhe custe a sua carreira como um todo.

Costa Cravas se formou no cinema através da realidade política de inúmeros países que ele conviveu ao longo de sua vida. Por conta disso, ele nunca optou em seguir um cinema mais comercial, mas sim em fazer uma reconstituição sobre os fatos que moldam a nossa realidade e, querendo ou não, o mundo político é algo que nos afeta quase sempre e mesmo que indiretamente. "Z" surgiu em um momento em que a França, por exemplo, havia passado a pouco pelos movimentos de "maio de 68" e do qual se estendeu ao redor do mundo.

Portanto, um levante contra Governos Ditatoriais, ou que se dizem democráticos, não é algo de novo, tanto é que é interessante observar como a trama nos soa familiar a cada minuto. Temos dois políticos liberais que são gravemente feridos através de uma arquitetação de um grupo de policiais e do exército que querem a todo custo livrar o país de um possível movimento Comunista. É interessante, por exemplo, testemunharmos na abertura homens do exército comparando comunistas, esquerdistas e demais movimentos há um vírus para ser eliminado e eles se achando como anticorpos.

Costa Cravas explicita muito bem quem são os culpados desta artimanha, ao ponto que constatamos que o exército retratado no filme não é muito diferente de outros países como o nosso de ontem e hoje, dos quais somente tem títulos, mas que nada fazem pelo povo, a não ser em querer preservar as suas ideias conservadoras e retrógradas. Outro fator determinante para o sucesso da obra se encontra em seu ritmo, cuja edição é quase frenética, mas fazendo com que a gente compreenda a trama e tendo merecido a sua vitória no Oscar pela categoria. Neste último caso, o filme levou também o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, além dos prêmios de Melhor Filme e Melhor ator no Festival de Cannes.

Revisto hoje é impressionante como o filme não envelheceu em hipótese alguma, principalmente em tempos em que o Brasil, por exemplo, vive na sombra de uma tentativa de golpe no último dia 8 de janeiro. Como não poderia ser diferente, o dedo do exército se encontra na cena do crime e cabe a Justiça de hoje colocar as instituições realmente para funcionar antes que seja tarde demais. O filme de Costa Cravas, portanto, está aí para dar o exemplo e basta assisti-lo para entendermos o que deve ser feito.

"Z" é um filme a frente do seu tempo, mas que também fala sobre o nosso e que, infelizmente, os erros do passado continuam sendo colocados em prática e assombrando o mundo democrático. 


Onde Assistir: A venda em DVD 

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