Sinopse: Uma ruptura interdimensional bagunça a realidade e uma inesperada heroína precisa usar seus novos poderes para lutar contra os perigos bizarros do multiverso.
Atualmente os filmes da Marvel do cinema se encontram, como sempre lógico, interligados para explorar realidades alternativas, ou melhor dizendo o multiverso, e por conta disso estamos diante de inúmeras possibilizardes, desde ao testemunhar três Homens Aranhas na mesma tela como também diversas realidades alternativas. Recentemente, por exemplo, tivemos "Doutor Estranho - No Multiverso da Loucura" (2022), do qual o mesmo abriu um leque para se explorar bastante esse terreno, mas não correspondendo com os cem por cento que o público estava imaginando. Neste último caso o estúdio não se apressou o suficiente, pois "Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo" (2022) sai na frente ao nos provocar um giro de 360º graus em nossas mentes e fazendo a gente pensar sobre os nossos próprios caminhos que nós trilhamos ao longo do nosso próprio percurso.
Dirigido por Daniel Scheinert e Daniel Kwan, a trama fala sobre Evelyn (Michelle Yeoh) que parte rumo a uma aventura onde, sozinha, precisará salvar o mundo, explorando outros universos e outras vidas que poderia ter vivido. Contudo, as coisas se complicam quando ela fica presa nessa infinidade de possibilidades sem conseguir retornar para casa. A solução pode estar entre o seu marido e sua filha, além de uma contadora (Jamie Lee Curtis) que deseja multa-la.
O multiverso já é algo bastante explorado há bastante tempo, principalmente para aqueles que acompanharam HQ dos anos oitenta como no caso, por exemplo, de "Crise Nas Infinitas Terras". Dos últimos anos para cá, os estúdios de cinema e série de tv começaram a explorar essa possibilidade com o intuito de elaborar histórias criativas, muito embora a maioria termine de uma forma convencional e não aproveitando o tamanho potencial. Em um único filme, Daniel Scheinert e Daniel Kwan constroem uma narrativa tão cheia de energia sobre isso que fica até mesmo difícil ser tudo digerido em uma única sessão.
O filme possui ação, cenas de luta, carregado de efeitos visuais e uma edição tão frenética que chega até mesmo provocar vertigem em um ponto da trama. Se em um determinado momento, por exemplo, um personagem diz para o outro respirar fundo ele não somente está dizendo isso para esse último, como também para todos os que estiverem assistindo a trama naquele momento. Parece exagero, mas lembrem de respirar fundo, ou ao menos virar o rosto para lado quando as milhares de cenas virem juntas diretamente para os seus olhos.
Com toda essa parte técnica em potência máxima fica até mesmo difícil imaginar uma história que viesse a nos tocar emocionalmente, mas é exatamente isso o que acontece. Para começar, Evelyn não é muito diferente de todos nós, pois a mesma está se afogando em deveres ao tentar manter a sua lavanderia, enfrentar uma contadora que pode destruir o seu negócio, cuidar de um pai enfermo, manter um casamento desgastado e tendo que compreender a sua filha e aceita-la como ela é por dentro. Quando ela descobre que tem diversas vidas com histórias diferentes ela começa a se enxergar, além de compreender os personagens em sua volta e dos quais os mesmos ela tanto ama sem ao menos se dar conta.
Sendo assim, é uma superprodução, porém, feita de coração, sem se preocupar com aqueles que forem assistir, já que os mesmos irão sair das salas do cinema com as mentes a mil e se perguntando se estão trilhando o rumo certo em suas próprias vidas. Parece muito para um filme com pouco mais de duas horas, mas são muito bem aproveitadas, ao dosar ingredientes como ficção, ação, comédia e até mesmo umas pequenas homenagens inesperadas como no caso da hilária referência ao filme "Ratatouille" (2007).
Desde já, "Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo" é um dos melhores filmes do ano, ao nos fazer questionar sobre os rumos de nossas vidas e tudo embalado com o melhor da técnica atual de se fazer cinema.
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