Sinopse: O astronauta
norte-americano Neil Armstrong está prestes a fazer história. Sua jornada para
se tornar o primeiro homem a pisar na Lua exigirá sacrifícios e custos para ele
e toda uma nação durante uma das mais perigosas missões espaciais.
Mesmo com sua pouca idade
Damien Chazelle já vem sendo apontado como um dos melhores cineastas recentes
do cinema norte americano. Com Whiplash - Em Busca da Perfeição e La La Land -
Cantando Estações ele já obteve três indicações ao Oscar e uma vitória para
melhor diretor, sendo que o primeiro filme, em minha opinião, é uma das
melhores obras cinematográficas desses últimos dez anos. Eis que então esse
jovem diretor decide embarcar em O Primeiro Homem, um filme ambicioso e muito
bem filmado.
O filme conta sobre uma
parte da vida de Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar na lua. Após uma
perda familiar, Armstrong decide se dedicar de corpo e alma no seu trabalho
pela NASA. Do seu sacrifício há grandes chances de ir para a lua, mas também um
alto preço e do qual terá que enfrenta-lo.
Assim como inúmeros eventos
históricos, a viagem a lua ocorrida no dia 22 de Julho de 1969 é uma história
que todos nós já conhecemos, tanto que, para alguns, existe até mesmo dúvidas
sobre a autenticidade desse tal feito. Sendo assim, como se poderia criar uma
reconstituição de uma história da qual todos nós já sabemos como ela termina e
nos atrair para a sala do cinema? Eis que a solução está em não romancear o tal
feito para não correr o risco de torná-lo piegas, mas sim se concentrar na
jornada do homem comum perante algo até então inalcançável.
Damien Chazelle acerta a mão
em não transformar Neil Armstrong num herói para a massa norte-americana, mas
sim num homem comum que tenta encontrar sua paz de espírito em meio a essa
jornada. O primeiro ato, aliás, há uma construção singela na apresentação dele
e de sua família, ao ponto do cineasta, por exemplo, usar a sua câmera de uma
forma quase documental, trêmula e realista ao focar os sentimentos dos
personagens através dos seus olhares. Embora criticado pela sua falta de
expressão, Ryan Gosling se sai bem como Neil Armstrong, já que, através de seu
olhar, ele consegue transmitir doçura, dor e uma raiva contida no decorrer da
obra.
Outro fator determinante
para o bom desempenho do filme é que ele não se envereda para a propaganda
plástica do sonho americano, mas sim fazendo até mesmo uma crítica dura, numa
época em que o governo usava todos os recursos para tal feito, mas esquecendo
dos problemas existentes do resto do mundo. Além disso, o cineasta foi até mesmo
corajoso no retrato com relação ao papel da mulher daqueles anos, onde muitas
viviam numa bolha dentro de suas casas, mas não escondendo suas dores e raivas
contidas. Ao interpretar a esposa de Neil Armstrong, Claire Foy (da série The
Crown), é a que, talvez, tenha o melhor desempenho de cena, já que, embora viva
sempre em casa, não se intimida em dar a sua opinião e até mesmo enfrentar o
seu marido em momentos críticos da trama.
Mas embora o lado humano
seja o coração do filme como um todo, ao mesmo tempo, os efeitos visuais e
sonoros dão um verdadeiro show nas reconstituições das viagens especiais.
Curiosamente, em boa parte do filme, não há uma preocupação em mostrar o espaço
a todo o momento, mas sim o lado interior das espaçonaves e focando nas expressões
desses viajantes. Com isso, Damien Chazelle consegue a proeza de fazer com que
a gente se sentisse lado a lado desses personagens e obtendo um alto grau de
verossimilhança em determinados ápices da trama.
O ato final, aliás, pode
entrar facilmente na lista dos melhores momentos do cinema neste ano. Embora
todos nós saibamos como a história termina, Damien Chazelle consegue o grande
feito de transformar a chegada do homem a lua numa forma lírica, poética e
cinematograficamente bonita. Aqui não é sobre uma grande conquista obtida pelo
poderio norte americano, mas sim sobre a busca do homem conseguindo, em fim, a
sua redenção pessoal em vida.
Com uma belíssima fotografia
de época, O Primeiro Homem é uma superprodução feita de coração e que enche os
nossos olhos pelo seu riquíssimo ato final.
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