Sinopse: Documentário
acompanha os artistas Alexandre Orion, André Monteiro (Pato) e Bruno Locuras
pelas ruas de São Paulo. O trio usa o espaço público para manifestar sua arte
por meio de grafites, revelando seus olhares instigados.
Eleito como novo prefeito de
São Paulo, João Doria declarou guerra contra os grafiteiros e pichadores da cidade,
ao ponto de cobrir inúmeras obras de arte com tinta cinza e gerando inúmeros protestos
pela cidade e pelo Brasil. Agindo dessa maneira, Doria dá entender que não compreende
o pensamento do jovem contemporâneo, do qual se não é ouvido, ele se expressa através
da escrita e os dos desenhos dos quais coloca nas paredes da cidade. Devido a
esses últimos eventos vistos na cidade atualmente, é impressionante como o
documentário Olhar Instigado acaba tendo um papel relevante nesse momento e
dando voz para os artistas incompreendidos.
Dirigido por Chico Gomes e
Felipe Lion, o filme acompanha a cruzada de três artistas de rua, em diferentes registros
cotidianos: Bruno Locuras faz pichações em prédios e pontes, Alexandre Orion
efetua grandes painéis artísticos misturando pintura e colagem e André
Monteiro, conhecido como Pato, combina o grafite com esculturas interativas. Em
comum, os três procuram dizer alguma coisa em suas atividades, mas ao mesmo
tempo, colocando pouco de vida em um cenário moldado com enormes concretos pálidos
e sem nenhum significado.
Se a pessoa for assistir ao documentário
sem saber do que se trata exatamente ele pode se surpreender no início, já que
os cineastas foram engenhosos ao retratar um dos protagonistas na penumbra da
noite e fazer com que nós não tenhamos certeza do que realmente está
acontecendo. Gradualmente, vamos sendo apresentados aos três protagonistas, cuja
suas narrações se casam com as cenas do dia a dia, onde eles fazem de tudo para
colocar o trabalho deles nas paredes da cidade, nem que para isso corram o
risco de serem presos. Bruno Locuras,
por exemplo, é o que mais se encontra na corda bamba, mas não mede esforços
para se expressar em suas pichações, defendendo o fato de que as ruas pertencem
ao povo, onde fazem o que bem entender, dizer o que pensa e se expressar com
relação ao mundo de hoje do qual vive.
O grande destaque fica por
conta do belo painel do qual Alexandre Orion cria em um prédio. Primeiro ele
desenha a figura de um menino em um quadro, para logo depois construir
gradualmente essa imagem na grande parede de concreto e fazendo com que o ambiente
do local ganhe um novo significado. Isso se fortifica com as palavras de uma moradora
de uma comunidade, tentando enxergar o mural de Orion apesar da vista bloqueada
por uma palmeira. Ela discursa sobre a beleza da imagem, a capacidade de
representar seu cotidiano e a maneira como a obra de arte transforma o
horizonte de um bairro pouco contemplado pelas políticas públicas. É nesse
momento que o longa metragem mostra pelo que veio, pois se há aqueles que criticam
os pichadores ou grafiteiros, acusando eles de estarem poluindo a imagem da
cidade, pelo menos existem pessoas que reconhecem o esforço desses jovens que
procuram um sentido na vida através de suas artes e pensamentos inseridos neles.
Embora curto, Olhar
Instigado tem muito a dizer sobre esses artistas da cidade de São Paulo, cujo
seus empenhos fazem com que eles lutem contra maré, mas ganhando o merecido
reconhecimento, por parte de um olhar mais tolerante de nossa sociedade.
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