Sinopse:Rogério
(Anderson Di Rizzi) mora com a mãe e nunca se preocupou em ser um homem
responsável. Com a morte do pai, ele se vê forçado a tomar decisões importantes
para seguir com o negócio do pai. No entanto, Rogério resolve ir atrás do sonho
de ser bombeiro.
“Geração Canguru” é o termo que se dá aos
jovens de 25 a 34 anos que permanecem vivendo com os pais ou voltam a morar com
eles por opção. Segundo a pesquisa Síntese de Indicadores Sociais, do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada no último mês de
dezembro, esse comportamento segue avançando no país: subiu de 24,3% para 25,3%
a fatia dos jovens nessa faixa etária ainda morando sob o teto dos pais, entre
2014 e 2015. Esta é a maior parcela registrada em 11 anos.
Muitos fatores levam
a esse índice a crescer, principalmente pelo fato de que as pessoas cada vez
mais se vêem perante uma situação política indefinida e da qual deixa com certo
receio sobre o que realmente fazer no futuro próximo. Num tempo em que o governo
cada vez mais se cria, ou extingue leis que fazem retroceder o país em pelo
menos vinte anos, o quadro acaba se tornando mais desolador quando paramos para
analisar o assunto. Em Eu te Levo, acompanhamos a história de somente um indivíduo
dessa geração, mas onde qualquer um pode se identificar facilmente com ele.
Em sua estréia como
diretor, o roteirista Marcelo Müller nos apresenta a história de Rogério
(Anderson Di Rizzi), rapaz que não sabe ao certo o que quer da vida e, devido a
isso, continua morando na casa dos seus pais. A situação piora quando o seu pai
vem a falecer e se vê obrigado a ter que cuidar dos negócios e ter que tomar decisões
difíceis daqui para frente. Seu sonho na realidade é ser bombeiro, mas para
conseguir realizar o tal feito, Rogério se vê obrigado a passar por provas das
quais testam o seu próprio caráter.
Embora seja uma
ficção, se percebe que estamos diante de uma história realista, da qual
qualquer um se identifica facilmente com ela, principalmente para aqueles que
passaram do período de transição para criar o seu próprio caminho, ou que até
mesmo não conseguiu esse tal feito. Com uma bela fotografia em preto e branco, o
clima das passagens da história sintetiza o conflito interno do protagonista,
que se vê querendo realizar os seus sonhos, mas também tendo a preocupação em não
desapontar a sua mãe. Ao mesmo tempo, se percebe que o protagonista é um
observador, do qual sempre encontra uma situação da qual se identifique, como
no caso ao lado de seus amigos e fazendo com que ele se torne um ouvinte, ou
até mesmo um ombro amigo que clama também por auxílio.
O filme também abre
espaço sobre o papel de servir e proteger atualmente em território brasileiro. Rogério
deseja ser bombeiro, mas precisa ser PM ao mesmo tempo e tendo que ter a consciência
de que pode acabar matando o seu semelhante em uma ação. A trama então
escancara o lado feio da formação daqueles que desejam fazer a diferença a
serviço de um bem maior, mas que se vê obrigado a ter que sujar as mãos até
mesmo numa simples entrevista e fingir ser algo que não se encontra dentro de
si. Anderson Di Rizzi carrega então todo o filme nas costas, ao conseguir o
feito de transmitir através do seu papel todo o conflito e angustia do qual
Rogério se encontra perante uma situação que testa a sua própria identidade
dentro do mundo do qual ele vive.
Com um final em
aberto, Eu te Levo é um pequeno filme, mas que tem muito a dizer sobre o Brasil
de hoje, cuja geração atual se encontra no momento em uma estrada sem rumo.
Nota: Amanhã vocês
encontrarão por aqui a entrevista que eu fiz com o cineasta Marcelo Müller.
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