Nos dias 25 e 26 de
março eu estarei participando do curso Literatura Policial no Cinema, criado
pelo Cine Um e ministrado pelo crítico de cinema César Almeida. Enquanto
atividade não chega, por aqui eu irei fazer uma pequena investigação sobre os
principais clássicos envolvidos nesse gênero cinematográfico.
Os Infiltrados (2006)
Sinopse: A polícia trava uma verdadeira guerra
contra o crime organizado em Boston. Billy Costigan (Leonardo DiCaprio), um
jovem policial, recebe a missão de se infiltrar na máfia, mais especificamente
no grupo comandado por Frank Costello (Jack Nicholson). Aos poucos Billy
conquista sua confiança, ao mesmo tempo em que Colin Sullivan (Matt Damon), um
criminoso que foi infiltrado na polícia como informante de Costello, também
ascende dentro da corporação. Tanto Billy quanto Colin sentem-se aflitos devido
à vida dupla que levam, tendo a obrigação de sempre obter informações. Porém
quando a máfia e a polícia descobrem que entre eles há um espião, a vida de
ambos passa a correr perigo.
Na primeira vez que vi Os Infiltrados (numa
sessão inesquecível), fiquei me perguntando por que o cineasta não trabalhou
antes com Jack Nicholson, pois o seu personagem Costellho está entre os
melhores desempenhos da carreira do ator. Claro que muitos vão dizer que ele já
fez personagens melhores (como em Um Estranho no Ninho), ou até alguns dizendo
que, Jack Nicholson sempre faz um personagem parecido, se comparados as suas
atuações anteriores. Mas não há como negar que, sempre quando ele surge em
cena, ele domina a tela, graças ao seu tom sarcástico e psicótico.
A produção em si, é
um dos melhores jogos de gato e rato do cinema recente, onde ninguém é
confiável. Sendo assim, tanto o personagem de Dicaprio (policial infiltrado na
gangue), como de Matt Damon (informante de Costello, infiltrado na policia),
passam para o espectador todo o peso que sentem devido ao seu serviço, onde a
cada momento, podem levar um tiro na cabeça (literalmente). O filme também é
lembrado pelo ótimo desempenho de praticamente todos do elenco, como no caso
Mark Wahlberg (indicado ao Oscar) e Martin Sheen, que exercem momentos
fundamentais e peças chaves durante a trama. O ato final reserva momentos
imprevisíveis para história, em que deixa o espectador de queixo caído,
principalmente para aquele pouco familiarizado ao cinema de Scorsese, mas isso
foi essencial, para o sucesso do filme e pela (finalmente) consagração do
cineasta no Oscar, onde produção levou os prêmios de melhor filme e melhor diretor.
DRIVE (2012)
Sinopse: Ryan Gosling
interpreta neste filme um piloto profissional que trabalha em cenas de perseguição
de carros em Hollywood. Além disso, ele usa sua habilidade e precisão no
volante como motorista em assaltos. Dentro do seu mundo solitário ele conhece
Irene (Carrey Mulligan), cujo marido sairá da prisão em poucos dias. Disposto a
ajudar essa família a pagar uma antiga dívida, ele se dividirá entre usar todas
as suas habilidades para salva-lá ou embarcar em uma fulminante paixão.
De novo, a trama de
Drive não tem nada, mas a forma que o diretor Colas Winding Refn (Guerreiro
Silencioso) dirige, faz com que a história nos soe fresca e contagiante. Há
claros elementos que nos lembram outros filmes como Taxi Drive, Carga Explosiva
e até mesmo Os Brutos também amam. Porém, Winding faz a diferença ao usar
câmera para capturar a cada momento os sentimentos dos seus personagens, sendo
que consegue puxar para fora todo o peso que os personagens carregam durante a
história, em especial do motorista. Ryan Gosling (Namorados para Sempre) faz
aqui o personagem da sua vida, onde ele passa uma carga de sentimentos múltiplos
na tela, onde por vezes, só temos uma idéia exata de quais suas intenções,
quando conhece Irene (Carrey Mulligan). A partir daí, sabemos que o personagem
busca um pouco de paz consigo mesmo, para então. quem sabe, possa se livrar de
certos serviços que usa com o seu carro.
Mas a partir do
momento em que o marido de Irene surge, já temos um palco armado para a queda
de cada um dos personagens no decorrer do filme. Para não soar familiar (embora
aconteça realmente) Winding Refn faz de cada sequência crucial, um momento em
que a imagem (com uma bela câmera lenta) se misture com os sentimentos que rola
na cabeça dos personagens, em especial do motorista. Momentos, como a famosa
cena do elevador, ou quando o protagonista usa uma mascara para ir à caça de um
determinado personagem, são momentos em que uma direção segura e a competência
do elenco fazem a diferença. É interessante também como o diretor foca
determinados detalhes que, embora banais para uns, possam ser uma pista do que
está por vir, como o desenho de um escorpião na jaqueta do motorista, sendo que
ela representa toda a ambiguidade do personagem.
Saído consagrado em
Cannes (como o premio de melhor direção) e com uma trilha sonora que crava na
mente de quem assiste, Drive é um daqueles casos raros do cinema atual, onde
todas as peças estão lugar, para então funcionar de forma redondinha e ser
aceito positivamente ao longo do tempo de sua exibição. Pode ter sido esnobado
no Oscar, mas ganhou o premio principal, que é o reconhecimento gradual ao
longo do tempo, mesmo num espaço tão curto de tempo.
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