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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Cine Dica: Em Cartaz: O ROUBO DA TAÇA


Sinopse:Rio de Janeiro, 1983. O corretor de seguros Peralta está atolado em dívidas e tem a ideia de invadir a sede da CBF (Confederação Brasileira de Futebol). Com a ajuda do amigo Borracha, ele rouba a Taça Jules Rimet, que o Brasil venceu na Copa do Mundo de Futebol do México, em 1970.

Muitas vezes surgem casos em que a situação é tão absurda que supera qualquer filme de ficção. O roubo da taça Jules Rimet é um desses casos de situações que beiram ao absurdo, ao ponto de se tornar tragicômico. Não é de se surpreender que, mais cedo ou mais tarde, haveria uma adaptação que levasse para as telas aquela história cabeluda e O Roubo da Taça veio para nos brindar com uma comédia caprichada e nostálgica.
Estamos em 1983, onde o Brasil ainda sofre nas mãos de um governo golpista, mas que começa a dar sinais de despedida. Nesse cenário de cores quentes, mas sem muita esperança com relação ao futuro, o brasileiro aposta as suas fichas de felicidade no futebol, mas não se dando conta que a própria CBF, nada mais era do que uma representação do próprio governo falido do país. Isso acabou gerando o desaparecimento da Taça Jules Rimet dentro da própria sede, sendo que poderia ter sido evitado, se não fosse um erro grotesco e fora do normal vindo das mãos do Presidente da época (Stepan Nercessian).
Vindo de documentários, Caio Ortiz cria uma ácida comédia de humor, por vezes pastelão, onde vemos a figura do malandro carioca, representada pelo personagem Peralta (Paulo Tiefenthaler) tentar a sua última jogada desesperada para pagar suas dividas de vida ou morte. Roubar a replica da taça seria até uma boa idéia. Porém, ela se torna má, no momento que o protagonista descobre que roubou justamente a taça verdadeira, mas graças a um erro criado pelo próprio Presidente da CBF.
O roteiro não poupa os personagens centrais ao se meterem em situações absurdas graças à batata quente que tem em mãos. Segundo o próprio cineasta, as situações que mais beiram ao surreal na trama, são momentos que realmente aconteceram na vida real. Por mais que isso possa ser questionado, os personagens e suas motivações vistos na tela são de um grau de verossimilhança que nos convence e o absurdo acaba se tornando convincente.
Claro que o roteiro somente funcionária graças a um ótimo elenco e é exatamente isso que a produção tem. Paulo Tiefenthaler faz do seu Peralta uma espécie de malandro do RJ marcado pela decadência, mas não deixando de lado a persistência em se dar bem, mesmo quando faz de tudo para só se dar mal. Mas é Tais Araujo, que ao fazer Dolores, esposa de Peralta, que dá um verdadeiro show de humor, sensualidade e nos surpreendendo até mesmo nos minutos finais da trama.
Tecnicamente o filme é um colírio para os olhos, pois Ortiz caprichou na reconstituição da época. A RJ de 1983 é vista aqui com cores quentes, exalando um frescor de uma época já distante, mas que nos cria uma deliciosa sensação de nostalgia. Moda, costumes e política se cruzam nessa reconstituição de época e sintetizando muito bem o principio do fim daquele período de tempos de chumbo. 
O Roubo da Taça é uma deliciosa comédia brasileira que, diferente de outras descartáveis, nos faz rir da situação absurda, mas bem convidativa. 


 
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