Sinopse: O filme conta a
história de Linda Lovelace atriz que foi abusada pela indústria pornô a mando
de seu marido opressor Chuck Traynor e ficou mundialmente conhecida ao
protagonizar Garganta Profunda. Mais tarde tornou-se ativista contra a
indústria pornográfica.
O problema às vezes das
cinebiografias é que elas tentam passar a vida de uma determinada pessoa famosa
de uma forma tão bem mastigada, que por vezes acaba decepcionando os fãs pelo
fato de não explorar mais há fundo certos pontos da vida de seus ídolos. No
caso de Lovelace, a situação não é diferente, já que o filme é baseado no livro
The Complete, que por sinal, possui muito mais detalhes pesados, profundos, da
vida de Linda Lovelace e que na adaptação para o cinema acabou sendo deixado de
lado. Contudo o filme possui inúmeros acertos que nos fazem às vezes esquecer
que o filme poderia ter ido mais longe.
Talvez o maior acerto do
filme tenha sido na escolha de Amanda Seyfried. Conheci-a na série televisiva
Big Love e quando ela decidiu a partir da terceira temporada sair de cena para
então embarcar no cinema, sabia que aos poucos viria ela crescer, mas de uma
forma gradual em determinados títulos como: Mamma Mia! - O Filme, O Preço da
Traição, A Garota da Capa Vermelha e por fim Os Miseráveis. Porém somente com Lovelace
ela provou que consegue levar todo um filme nas costas e deixando os demais do
elenco no segundo plano. Sua caracterização de Linda Lovelace é digna de nota,
pois a sua personagem passa tanto um ar de inocência, como também a consciência
de que meteu os pés pelas mãos, no momento que conheceu o outro lado da moeda
do seu marido Chuck Traynor (Peter Sarsgaard) que a fez embarcar no mundo da
pornografia.
Por um momento, o filme nos
engana pelo fato de agilizar demais os
fatos que levaram Linda ao estrelar o filme Garganta Profunda, para logo em
seguida apresentar sua consagração meteórica e se transformar num símbolo de liberdade
sexual daquele período. Mas é ai que do segundo ato em diante, é mostrado os
bastidores por trás da cortina, onde Linda sofreu o diabo nas mãos de Chuck e
que não levou praticamente nada do filme que arrecadou mais de R$ 600 milhões
de dólares na época. Com uma montagem engenhosa, somos levados a revisitar por outro
olhar, determinadas cenas vistas anteriormente, para então encararmos o lado
cru, não somente da vida sofrida que ela passava nas mãos do marido, como
também de uma mãe desnaturada, vivida de uma forma surpreendente por Sharon
Stone cujo seu desempenho cria um verdadeiro contraste se comparado ao papel
que a consagrou anos atrás em Instinto Selvagem.
Visualmente, o filme possui
uma incrível reconstituição de época, onde cenários, figurinos e penteados
remetem com perfeição aquele período já distante. Aliás, a fotografia é outro
ponto chave, pois com uma imagem granulada, mas que ao mesmo tempo possui inúmeras
cores quentes, nos faz com que tenhamos a sensação de que o filme foi realmente
rodado nos anos setenta e é algo que eu não sentia desde Munique de Steven
Spielberg. Com todos esses pontos a favor, é uma pena, portanto que o filme não
se arrisque mais em adentrar nesse submundo que foi a pornografia dos anos 70,
que com certeza se diferenciava e muito da pornografia atual e que ela era completamente
livre dos olhos da lei daquele tempo.
Com pouco mais de uma hora e
meia, Lovelace é ótimo, mas que poderia ter sido ainda melhor. Talvez faltasse um
pouquinho mais de coragem para os diretores Rob Epstein, Jeffrey Friedman em adentrar nesse
universo de altos e baixos que é para as pessoas que embarcam no mundo do sexo
explicito. Se a produção tivesse sido dirigida por um Paul Thomas Anderson, o
resultado poderia ter sido bem melhor, pois quem viu o seu filme de estréia (Boogie
Nights) sabem muito bem que ele não se intimidaria em vasculhar ainda mais esse
universo que foi para Linda Lovelace.
5 comentários:
Tinha esquecido desse filme, tenho que colocar na minha lista! Gostei muito do post e do blog, você escreve de um jeito ótimo! :D
Beijos, Carol
Assista Carol, pois vale a pena
Víxi... fiquei meio com o pé atrás com esse filme agora q vc falou q parecem ter amenizado um pouco as coisas (eu esperava algo na linha mais cua e barra-pesada de "Boogie Nights" - q é excelente)!!!
mas verei assim mesmo (qdo sair em DVD)...
e vc sabe alguma coisa sobre o andamento da outra produção similar ("Inferno") sobre a Lovelace?
Gosto do filme Garganta profunda. Quero ver Lovelace para descobrir mais sobre a vida e a carreira de Linda Lovelace. Abraços.
Leo a situação desse outro filme vc encontra no site Adoro cinema:
http://www.adorocinema.com/filmes/filme-60250/
Assista Gilberto pois vale a pena.
Postar um comentário