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Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Cine Clássico Contemporâneo: DISTRITO 9

 COM A CHEGADA DE ELYSIUM NOS CINEMAS, VAMOS RELEMBRAR DO PRIMEIRO GRANDE SUCESSO DE PUBLICO E CRITICA DO DIRETOR NEILL BLOMKAMP.  

Sinopse: A humanidade esperava por um ataque hostil ou por gigantes avanços tecnológicos, nada disso veio. Os alienígenas chegam à Terra como refugiados e se instalam em uma área da África do Sul, o Distrito 9, enquanto os humanos decidem o que fazer com eles. A Multi-National United (MNU) é uma empresa contratada para controlar os alienígenas e mantê-los em campos de concentração e deseja receber imensos lucros para fabricar armas que tenham como "matéria-prima" as defesas naturais dos extraterrestres. Mas a MNU falha na tentativa de fabricação das armas e descobre que para que elas sejam ativadas, o DNA dos aliens é necessário. O tensão entre humanos e aliens aumenta quando Wikus van der Merwe espalha um misterioso vírus que modifica o DNA das criaturas impedindo a poderosa MNU de colocar em prática seus planos de exploração sobre as criaturas de outro planeta. Então o homem que se torna o mais procurado do mundo, tem que fugir, e sem casa e sem amigos, só tem um lugar onde se esconder: Distrito 9.

É curioso como certos filmes que gastam milhões, milhões de dólares em termos de orçamento somente para criar um filme para entreter (e que às vezes nem diverti), que simplesmente não transmite nenhuma mensagem, algo que faça pensar e que torna a produção esquecível quando se sai da sala de cinema. Agora o que acontece quando um dos mais poderosos produtores atualmente decide pegar um de seus discípulos para a direção, criar uma historia que mescla realidade/ficção e cria algo original com um orçamento bem modesto? A resposta é “Distrito 9” que com certeza irá figurar para muitos como um dos melhores filmes dos últimos anos!
Com apenas 30 milhões de dólares no bolso, Neill Blomkamp criou uma trama a partir de um curta metragem que fez algum tempo, e com ele, criou-se esse longa metragem em que mostra os seres humanos como dominantes e os alienígenas como parte do terceiro mundo, diferente de tudo que já vimos no gênero, mas que ao mesmo tempo é um retrato da realidade atual e do passado. Pode-se muito bem enxergar nos extraterrestres uma representação das minorias que ao longo dos séculos foram massacradas pelas classes dominantes, referencias ao holocausto (do distrito 9, os aliens iriam para o distrito 10, que nada mais é que um campo de concentração), faz também uma critica a desastrosa política que foi de Bush, e isso sem contar que podemos enxergar em Distrito 9, um pequeno manifesto contra as condições miseráveis em que vive boa parte da população do Terceiro Mundo: ver os aliens procurando comida pelo lixo e serem explorados pelas gangues da favela é uma clara referencia que nos vemos todos os dias, nos telejornais e outros meios de comunicação.
E isso tudo é apresentado no primeiro ato da trama em forma de documentário (algo explorado recentemente em filmes como REC), que curiosamente é numa forma realista sem precedentes. Os alienígenas se movimentando em meio ao lixão da favela com os humanos são dignos de nota, mas isso sem contar à espaçonave que fica parada sobre a cidade, sendo que eu nunca tinha visto uma nave tão real e tão assustadora quando aparece de cima. E é nesta primeira parte que nos é apresentado o personagem Wikus Van De Merwe, (Sharlto Copley) um burocrata a serviço do governo para colocar pra fora os alienígenas, mas que graças à ironia do destino, o personagem irá aprender na pele o que os ETs sentem a partir do inicio do segundo ato.
É ai que não faltam referências aos filmes como Robocop e principalmente A Mosca (em uma cena idêntica). Alias, devo reconhecer que ator Merwe, Sharlto Copley faz um ótimo trabalho na trama: de um personagem chato, ambicioso, e convencido, para um personagem complexo, trágico e cheio de camadas há serem descobertas. Isso faz com que o publico se simpatize com ele e reconhecendo como mocinho no terceiro ato da trama.
E é no terceiro ato que os efeitos correm soltos, mas usados para o melhoramento da trama e ao mesmo tempo para uma diversão de primeira. Se muitas pessoas andavam reclamando que não se fazem mais filmes de ficção violenta ao estilo Robocop, então fiquem atentos para o terceiro ato que é sangue e corpos estourando a todo o momento e (porque não) uma referencia a Aliens o Resgate. Com um final que fecha a trama, mas deixa um gancho para uma possível continuação, Distrito 9 foi um sopro de vida para esse gênero que andava meio esquecido nos cinemas mas que provou que historias boas não faltam a serem contadas, seja com um orçamento generoso ou modesto.
O que importa é uma boa historia para o publico assistir e sair do cinema com o filme ainda na cabeça para se fazer então uma boa reflexão.

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