COM A CHEGADA
DE ELYSIUM NOS CINEMAS, VAMOS RELEMBRAR DO PRIMEIRO GRANDE SUCESSO DE PUBLICO E
CRITICA DO DIRETOR NEILL BLOMKAMP.
Sinopse: A humanidade
esperava por um ataque hostil ou por gigantes avanços tecnológicos, nada disso
veio. Os alienígenas chegam à Terra como refugiados e se instalam em uma área
da África do Sul, o Distrito 9, enquanto os humanos decidem o que fazer com
eles. A Multi-National United (MNU) é uma empresa contratada para controlar os
alienígenas e mantê-los em campos de concentração e deseja receber imensos
lucros para fabricar armas que tenham como "matéria-prima" as defesas
naturais dos extraterrestres. Mas a MNU falha na tentativa de fabricação das
armas e descobre que para que elas sejam ativadas, o DNA dos aliens é
necessário. O tensão entre humanos e aliens aumenta quando Wikus van der Merwe
espalha um misterioso vírus que modifica o DNA das criaturas impedindo a
poderosa MNU de colocar em prática seus planos de exploração sobre as criaturas
de outro planeta. Então o homem que se torna o mais procurado do mundo, tem que
fugir, e sem casa e sem amigos, só tem um lugar onde se esconder: Distrito 9.
É curioso como certos
filmes que gastam milhões, milhões de dólares em termos de orçamento somente
para criar um filme para entreter (e que às vezes nem diverti), que
simplesmente não transmite nenhuma mensagem, algo que faça pensar e que torna a
produção esquecível quando se sai da sala de cinema. Agora o que acontece
quando um dos mais poderosos produtores atualmente decide pegar um de seus
discípulos para a direção, criar uma historia que mescla realidade/ficção e cria
algo original com um orçamento bem modesto? A resposta é “Distrito 9” que com
certeza irá figurar para muitos como um dos melhores filmes dos últimos anos!
Com apenas 30 milhões
de dólares no bolso, Neill Blomkamp criou uma trama a partir de um curta
metragem que fez algum tempo, e com ele, criou-se esse longa metragem em que
mostra os seres humanos como dominantes e os alienígenas como parte do terceiro
mundo, diferente de tudo que já vimos no gênero, mas que ao mesmo tempo é um retrato
da realidade atual e do passado. Pode-se muito bem enxergar nos extraterrestres
uma representação das minorias que ao longo dos séculos foram massacradas pelas
classes dominantes, referencias ao holocausto (do distrito 9, os aliens iriam
para o distrito 10, que nada mais é que um campo de concentração), faz também uma
critica a desastrosa política que foi de Bush, e isso sem contar que podemos
enxergar em Distrito 9, um pequeno manifesto contra as condições miseráveis em
que vive boa parte da população do Terceiro Mundo: ver os aliens procurando
comida pelo lixo e serem explorados pelas gangues da favela é uma clara
referencia que nos vemos todos os dias, nos telejornais e outros meios de
comunicação.
E isso tudo é
apresentado no primeiro ato da trama em forma de documentário (algo explorado
recentemente em filmes como REC), que curiosamente é numa forma realista sem
precedentes. Os alienígenas se movimentando em meio ao lixão da favela com os
humanos são dignos de nota, mas isso sem contar à espaçonave que fica parada
sobre a cidade, sendo que eu nunca tinha visto uma nave tão real e tão
assustadora quando aparece de cima. E é nesta primeira parte que nos é
apresentado o personagem Wikus Van De Merwe, (Sharlto Copley) um burocrata a
serviço do governo para colocar pra fora os alienígenas, mas que graças à
ironia do destino, o personagem irá aprender na pele o que os ETs sentem a partir
do inicio do segundo ato.
É ai que não faltam
referências aos filmes como Robocop e principalmente A Mosca (em uma cena
idêntica). Alias, devo reconhecer que ator Merwe, Sharlto Copley faz um ótimo
trabalho na trama: de um personagem chato, ambicioso, e convencido, para um
personagem complexo, trágico e cheio de camadas há serem descobertas. Isso faz com
que o publico se simpatize com ele e reconhecendo como mocinho no terceiro ato
da trama.
E é no terceiro ato
que os efeitos correm soltos, mas usados para o melhoramento da trama e ao
mesmo tempo para uma diversão de primeira. Se muitas pessoas andavam reclamando
que não se fazem mais filmes de ficção violenta ao estilo Robocop, então fiquem
atentos para o terceiro ato que é sangue e corpos estourando a todo o momento e
(porque não) uma referencia a Aliens o Resgate. Com um final que fecha a trama,
mas deixa um gancho para uma possível continuação, Distrito 9 foi um sopro de
vida para esse gênero que andava meio esquecido nos cinemas mas que provou que
historias boas não faltam a serem contadas, seja com um orçamento generoso ou
modesto.
O que importa é uma
boa historia para o publico assistir e sair do cinema com o filme ainda na
cabeça para se fazer então uma boa reflexão.
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