"AS VEZES PRECISAMOS FAZER COISAS RUINS PARA NÃO FAZERMOS COISAS PIORES"
India Stoker
Sinopse: No dia do
aniversário de 18 anos de India Stoker (Mia Wasikowska), seu pai sofre um
acidente de carro e morre. A convivência desta garota tímida com a sua mãe
(Nicole Kidman) torna-se ainda mais problemática, fato agravado pela visita dos
parentes durante o funeral. Entre os familiares presentes, está o tio Charlie
(Matthew Goode), um aventureiro que passou a vida inteira entre as cidades da
Europa, sem dar sinal de vida. India nunca soube da existência desse homem, mas
logo a sua presença traz à tona o sombrio passado da família Stoker.
Na
maioria das vezes, um diretor estrangeiro de grande prestigio em seu país de
origem, acaba não tendo uma estréia satisfatória quando filma pela primeira vez
em território americano. Felizmente esse não é o caso do sul coreano Park Chan-wook,
cineasta consagrado graças a sua “trilogia da vingança”, conhecida
principalmente pelo filme do meio, Old Boy, que fez o mundo ter um olhar mais
atento, não somente pelo cineasta como também dos filmes que vinham de lá. O
resultado final em território gringo não é só satisfatório, como também
surpreende ao criar um ótimo filme, com uma trama que não trás muitas
novidades.
Escrito pelo ator Wentworth Miller (da série de TV Prison Break)
a historia poderia ser filmada por qualquer um, mas que acabaria correndo o risco de ter um resultado pra lá de
desastroso. Porém, Park Cahn Wook injeta ao máximo originalidade no modo em que
é conduzido essa trama, começando na forma em que ele filma: sua câmera esta
sempre acompanhando os protagonistas, assim como também ela própria apresenta a
trama para o espectador(por vezes em simetria), sem que alguém fale sobre o que esta
acontecendo.
O inicio do filme, já
da uma pista do que virá a seguir, pois tudo começa com a morte do patriarca da
família. Habilidoso como ninguém, o cineasta somente apresenta sons do tal acidente,
enquanto apresenta os demais personagens e as letras dos créditos iniciais vão
surgindo em lugares pouco convencionais. Imediatamente surge Charlie (Matthew
Goode, de Watchmen) que se diz irmão do falecido e que aos poucos vai se
infiltrando na forma de sedução, nas vidas da mãe e filha, que são
interpretadas por Nicole Kidman e Mia Waskowska (Alice no País das Maravilhas).
Basicamente o filme é
voltado somente nesta trindade, cheios de ambigüidade, onde aos poucos se é
descascado quem são eles realmente por dentro e por fora. India, aliás, é a
personagem mais complexa, pois se isola dentro de sua mente cheia de mistério e
fazendo com que ela não tenha uma relação muito amistosa com a mãe, sendo que
essa ultima não se mostra muita afetada pela morte do marido e começa há ter
suas atenções voltadas para Charlie. Interessante é a forma como esse
personagem se infiltra na vida das duas, de uma forma sedutora, perigosa e que faz
principalmente India descobrir coisas de si própria que antes desconhecida.
Além da ótima direção
autoral que Wook passa para nos, o filme também ganha pontos graças ao ótimo desempenho
dos três astros principais, ao começar Mia
Wasikowska: consagrada no filme de Tim Burton, Wasikowska a
principio vivia sofrendo criticas devido a suas atuações por vezes inexpressivas.
Mas bastou atuar em filmes de qualidade, em que desafiassem o seu modo de
interpretar, que fez com que ela chegasse aqui surpreendendo com sua personagem
Stoker, que chega há ser mais assustadora do que seu próprio tio. Isso se deve
graças à frieza que ela passa em seu rosto e fazendo com que tenhamos um grau
cada vez mais elevado de tensão no decorrer do filme.
O mesmo vale pelo ótimo
desempenho de Matthew Goode, que embora já desde o começo seu personagem não
esconde que é um louco com segundas intenções, é graças à ótima interpretação
do ator que faz com que o personagem se torne mais interessante do que tem a
oferecer. Nicole Kidman por sua vez quase é eclipsada pelo desempenho dos seus
parceiros de cena. Porém, sua personagem realmente cresce no ato final da trama,
onde ela bota para fora tudo que sente pela filha, num momento de desabafo e
sinceridade crua.
Embora a origem da
historia no qual move todos os personagens da trama possa soar um tanto que previsível,
o ato final felizmente nos entrega momentos com que faz que a gente se encolhe
na poltrona, esperando pelo pior e faz com que a gente enxergue os melhores
momentos de Park Chan-wook quando
apresentou a sua "trilogia da vingança" para o mundo. Um começo bem promissor
para esse genial cineasta, num país que cada vez menos se está valorizando a
visão autoral dos diretores que querem passar algo de original para o
espectador que assiste.
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