Na minha 30ª
participação no Cena Um, essa atividade ministrada pelo escritor e editor César
Almeida, que irá ocorrer nos dias 07 e 08 de setembro no Santander Cultural,
irá desvendar um pouco mais sobre o universo das artes marciais no cinema e que
conquistou o ocidente durante as décadas de 70 e 80. Enquanto os dois dias da
atividade não chegam, irei postar aqui um pouco mais desse gênero, cuja a sua
influencia é sentida até hoje.
O Grande Mestre Beberrão
Sinopse: Uma perigosa
quadrilha de bandidos sequestra um jovem oficial para exigir a libertação de
seu líder. Vespa Dourada (Pei-pei Cheng), extremamente habilidosa nas artes
marciais e irmã da vítima, é incumbida de fazer o resgate. Ela conta com a
ajuda de Gato Bêbado (Hua Yueh), um mestre do kung fu disfarçado de mendigo,
para executar o arriscado plano.
Considerada um dos maiores
clássicos de todos os tempos no cinema de artes marciais, esta é a produção que
inaugurou uma linha que até hoje é explorada em filmes como O Tigre e o Dragão
e O Clã das Adagas Voadoras, a dos vôos alegóricos. O filme foi realizado por
King Hu, considerado o melhor do gênero e que em mais de uma ocasião trouxe
inovações e influenciou toda uma geração de cineastas, tanto orientais quanto
do Ocidente.
O ESPADACHIM DE UM BRAÇO SÓ
Sinopse: One-Armed Swordsman
conta a história de Fang Gang (interpretado por Wang Yu, uma das grandes
estrelas lançadas por Chang Cheh). Seu pai morreu para salvar o mestre, que
então adotou o pequeno Fang para criar e treinar. Já mais velho, ele sofria as
provocações dos discípulos-irmãos por ser filho de um servente; estes acabam
desafiando-o num acerto de contas que termina em tragédia.
Pei-er, a filha do mestre, num gesto de raiva
insensata, corta o braço direito de Fang. Delirante em sua dor, ele se afasta
pela floresta, até uma ponte sobre um riacho; cambaleante, desmaia e cai num
barco que ali passava naquele exato instante. Xiaoman, a moça que remava, leva
Fang para casa e se ocupa dele. Logo cresce entre os dois um profundo afeto e a
decisão de morarem juntos e ajudarem um ao outro. A mágoa de Fang pela perda do
braço e conseqüentemente de sua vida como espadachim é duramente rebatida por Xiaoman,
que também perdeu o pai em sacrifício pelo mestre. Com a mãe, ela aprendeu que
as artes marciais se interpõem entre o homem e sua vida, que não devem ser
louvadas porque sempre acarretam morte, em geral pela obrigação de honrar
preceitos e responder a juras de lealdade. Todo esforço de Fang por desenvolver
suas habilidades para seu braço restante com intuito de auto-proteção é visto
com maus olhos pela moça, que defende firmemente sua posição de camponesa
pacífica. Através de uma série de qüiproquós e movido por seu senso de vingança
em nome da honra e de justiça, Fang acaba envolvido numa armação que visava
destruir o clã do seu mestre e todos os seus discípulos. Contrariando Xiaoman,
ele parte para defender o que acredita, em gesto notadamente humanitário. Com a
espada cortada herdada do seu pai, Fang escapa da geringonça criada pelo clã
inimigo para bloquear as longas espadas forjadas por seu mestre, salvando a
este e a seus discípulos do extermínio. Mas tal ato de heroísmo não é seguido,
ao contrário do que se poderia esperar, por uma volta ao seio da casa que lhe
acolheu e fez dele um exímio espadachim, e sim por uma partida para o campo, ao
lado de Xiaoman. São as regras do coração que comandam o filme; o afeto
dispensado pela moça a Fang, sua dedicação em salvar sua vida e cuidar dele,
mesmo com poucos meios, é o na verdade o grande ato heróico que merece
admiração. E pelo reconhecimento de Fang, enorme é o peso que Xiaoman ganha no
desenrolar da trama. Suas preocupações, seus sentimentos, suas palavras, são na
verdade o motor que articula as ações do herói e o sentido do filme. É para
protegê-la que ele incansavelmente treina seu braço esquerdo e desenvolve uma
técnica própria e é por sua relação com ela que ele se vê enredado com o clã
que ameaça o do seu mestre. Optando por seguir se envolvendo, como que absorto
em obrigações que depassam sua vontade, Fang – e nós também – carrega consigo
as preocupações de Xiaoman, de forma que toda a batalha travada parece uma
batalha travada pela preservação de um amor.
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