FILME DE ESTREIA DO CINEASTA DANIEL ARAGÃO, SERÁ LEMBRADO COMO UM DOS MELHORES EXEMPLOS DO NOSSO BOM CINEMA VINDO DE PERNAMBUCO.
Sinopse:
Recife, Pernambuco. Dirceu (Vinícius Zinn) tem 30 anos e vem de uma família
aristocrata do sertão nordestino. Ele trabalha em uma empresa de demolição,
ajudando nas diversas transformações que a cidade tem passado nos últimos anos.
Ao encontrar Maria (Christiana Ubach), uma estudante de música com alma de
artista, ele passa a sentir a urgência por mudanças em sua própria vida.
A Globo Filmes que me perdoe, mas é de
Pernambuco que está vindo o cinema brasileiro de verdade e que com certeza é a
mais nova onda do nosso cinema. Enquanto a Globo Filmes e outros estúdios de porte
optam por filmes mais voltados para o lado comercial (vide as comedias descartáveis),
os cineastas pernambucanos decidiram ir contra essa maré, ousando mais na
narrativa, se arriscando até mesmo no modo de se filmar e buscando algo de original.
Boa Sorte, Meu Amor, se destaca
justamente ao convidar o publico em assistir algo fora dos padrões do nosso
cinema e surpreendentemente sendo um filme de estréia de Daniel Aragão.
Todo rodado em preto e branco, o
longa-metragem leva o espectador em uma história aparentemente simples, mas
graças ao modo de se apresentar a trama, que faz com que ela se torne incomum. O
romance entre o arquiteto Dirceu (Vinicius Zinnto) e a estudante Maria
(Christiana Ubach, ótima), é apresentado em três atos distintos, o que acabou
me lembrando muito os últimos filmes de Lars Von Trier. Curiosamente, não
ficamos muito interessados sobre o destino do casal Dirceu e Maria, mas sim
durante o seu desenvolvimento, que nos hipnotiza e da à sensação de que alguns
momentos estarmos presenciando um sonho ou outro plano de uma realidade dentro
da historia.
A bela fotografia, onde Luz e sombras
criam um verdadeiro mosaico de imagens, nos remete aos melhores momentos do nosso
cinema como Vidas Secas e Noites Vazias. Por muitas vezes, a trilha sonora soa
em alto impacto, trazendo ao filme uma sensação de duvida e sem se preocupar em
nos dar grandes explicações sobre o do porque dela surgir em determinado
momento. Cabe então o próprio espectador que assiste em tirar suas próprias conclusões,
de acordo com as imagens que ele vê na tela.
Se formos para um lado mais simples
para compreendermos, Boa Sorte Meu Amor, é uma obra cuja suas raízes se
encontram no Cinema Noir, Cinema Expressionista Alemão e obviamente algo que
nos lembra o nosso próprio Cinema Novo. Contudo, o primeiro exemplo é mais fortalecido,
principalmente pela primeira aparição de Maria, que mais lembra uma dama fatal
dos filmes policiais antigos. Sua primeira cena do filme é com certeza um dos
momentos mais lembrados da obra, pois o diretor focaliza somente o seu rosto,
com o seu olhar penetrante e sem nos apresentar o que ela esta fazendo
exatamente naquele determinado momento.
Curiosamente, Maria acaba se tornando
uma espécie de "Hosebud" do filme de Aragão: quem é ela e de onde realmente veio?
São perguntas que nos assombra, não só o espectador como também o personagem
Dirceu que se apaixonou por ela.
As perguntas que ficam em torno sobre a protagonista, por muitas vezes se torna uma espécie de pano de fundo para explorar os temas atuais de Recife, cenário onde se desenvolve a trama. A maneira como é apresentado à cidade, me fez lembrar muito as outras obras já conhecidas como O Som ao Redor e Era uma Vez Eu Verônica, que com certeza daqui nos próximos anos serão lembrados como pilares desse novo movimento do nosso cinema.
As perguntas que ficam em torno sobre a protagonista, por muitas vezes se torna uma espécie de pano de fundo para explorar os temas atuais de Recife, cenário onde se desenvolve a trama. A maneira como é apresentado à cidade, me fez lembrar muito as outras obras já conhecidas como O Som ao Redor e Era uma Vez Eu Verônica, que com certeza daqui nos próximos anos serão lembrados como pilares desse novo movimento do nosso cinema.
O ato final nos reserva momentos
primorosos, onde o personagem Dirceu, em busca de sua amada, acaba na realidade
dando de encontro com suas raízes e que por sua vez, esse momento de “descubra
a si mesmo”, acaba por enlaçando com os primeiros minutos da trama, onde é revelada
sua verdadeira origem. De quebra, o diretor aproveita para fazer uma divertida
homenagem aos faroestes dirigidos por Sergio Leone, que alias, foi lembrado
anteriormente no filme Faroeste Caboclo neste ano. Após a sessão, fica a duvida
no que Daniel Aragão irá nos apresentar em seu próximo filme, pois se em sua
primeira obra que ele dirige surpreende, imagine o que virá depois. Isso vale
também para os próximos filmes Pernambucanos que estarão chegando em breve e
nos cinéfilos temos mais que agradecer.
Aprenda como se faz Globo Filmes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário