Por fim, chego ao final de
mais um especial que eu sempre escrevo aqui, com relacionado aos cursos que eu
participo pelo CENA UM. Durante duas semanas, me dediquei há dissecar um pouco
os melhores momentos do gênero filme de ação chinês, onde os protagonistas dão
um verdadeiro show de artes marciais e que conquistaram uma geração inteira.
Mas para encerrar aqui essas postagens ficava me perguntando, qual filme para
encerrar esse especial com relação a esse gênero?
Eis que me lembrei do ano
2000, quando O Tigre e o Dragão aterrissou em nossos cinemas e dos EUA e que
pessoalmente, acho que com ele se encerrou um ciclo de tentativas em que o
cinema Chinês, seja de ação ou de outro gênero, conseguisse o seu espaço
definitivo no ocidente. Com isso, o texto abaixo é dedicado com carinho para
esse incrível filme dirigido pelo cineasta Ang Lee. Lembrando que o curso
começa amanhã, no Santander Cultural de Porto Alegre, das 13h30 as 16horas e ministrado
pelo escritor e editor César Almeida.
Quem já se inscreveu,
participem comigo nessa empreitada desse final de semana e até lá.
O Tigre e o Dragão
Sinopse: história de
duas mulheres, ambas exímias lutadoras, cujos destinos se tocam em meio
Dinastia Ching. Uma tenta se ver livre do constrangimento imposto pela
sociedade local, mesmo que isso a obrigue a deixar uma vida aristocrática por
outra de crimes e paixão. A outra, em sua cruzada de honra e justiça, apenas
descobre as consequências do amor tarde demais. Os destinos de ambas as
conduzirão uma violenta e surpreendente jornada, que irá forçá-las a fazer uma
escolha que poderá mudar suas vidas.
Foi preciso um
diretor de Taiwan para devolver aos fãs de cinema a magia com que a sétima arte
sempre brindou seu público. Depois de bem sucedidas incursões ao cinema de
Hollywood - em especial os belos "Razão e sensibilidade" e
"Tempestade de gelo", que captaram com inteligência as culturas
inglesa e americana, respectivamente - o cineasta Ang Lee não foi feliz com o
pouco visto e muito criticado "Cavalgada com o diabo" e resolveu retornar
às origens. Para isso, assumiu as rédeas da adaptação do quarto volume de uma
pentalogia chamada Crane/Iron, escrita por Du Lu Wang, um conhecido mestre
chinês de kung-fu. Tendo seu habitual parceiro James Schamus entre os
roteiristas, Lee construiu uma fábula majestosa e emocionante que recebeu o
título ocidental de "Crouching tiger, hidden dragon", ou, como
conhecido no Brasil, "O tigre e o dragão".
Não é difícil
compreender o porquê da comoção em torno do filme de Lee desde sua estréia, no
Festival de Cannes de 2000, quando foi ovacionado por uma legião de críticos
deslumbrados. Sua obra simplesmente tira o espectador de sua zona de conforto,
jogando-o em um universo particular, em que personagens ignoram a lei da
gravidade e onde todas as excepcionalmente bem coreografadas lutas não são
apenas desnecessários desvios da ação e sim parte integrante e indispensável da
narrativa, repleta de poesia visual - cortesia da magnífica fotografia de Peter
Pau, vencedor do Oscar da categoria. Não foi à toa que "O tigre e o dragão"
tornou-se o primeiro filme de língua não-inglesa a ultrapassar a barreira dos
100 milhões de dólares de arrecadação em território americano, além de sair
vitorioso em 4 categorias na festa do Oscar de 2001. O filme de Ang Lee é uma
festa para os olhos e um admirável espetáculo para todos que consideram o
cinema como um refúgio.
Dirigido com maestria
por um Ang Lee extremamente à vontade e no auge de sua criatividade como
cineasta, "O tigre e o dragão" tem a seu favor, além de tudo, uma
equipe que transmite paixão a cada polegada de celulóide. O elenco é impecável
- com destaque para Michelle Yeoh, cujo rosto expressivo casa com naturalidade
com uma força física impressionante - e é impossível não admirar a belíssima
trilha sonora (composta em apenas duas semanas por Tin Dau, que acabou com uma
estatueta do Oscar), a fotografia etérea e a direção de arte caprichada. No
fundo uma bela história de amor emoldurada por uma trama que envolve
sentimentos como honra, lealdade e amizade à toda prova - e um discreto discurso
feminista - "O tigre e o dragão" é uma obra-prima incontestável e um
dos melhores filmes já produzidos fora de Hollywood.
2 comentários:
Se eu morasse aí em Porto Alegre, eu iria mesmo.
O Tigre e o Dragão é o meu filme oriental de longa-metragem preferido!
Seria legal se em outras partes do BRASIL tivesse atividades como essa para que então o publico tivesse mais conhecimento da historia do cinema.
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