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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Cine Especial: 'Encurralado' - 50 Anos Depois

Sinopse: David Mann, um educado vendedor de eletrônicos, está dirigindo em uma estrada de duas pistas quando encontra um caminhão-tanque que está sendo guiado por um motorista invisível, o qual parece gostar de irritá-lo com brincadeiras perigosas. 

Os anos setenta foi a década que o cinema norte americano perdeu de vez a sua inocência, ao abordar em seus filmes temáticas muito mais voltadas com as questões que ocorriam em nosso mundo real. Essa nova leva de obras reflexivas se tornou o melhor período da sétima arte por lá e se tornando o que hoje é conhecida como a "Nova Hollywood", da qual foi inaugurada por jovens novos talentos que foram surgindo naqueles tempos, como no caso de Francis Ford Coppola, Martin Scorsese, Brian de Palma, George Lucas e Steven Spielberg. Esse último, aliás, foi o primeiro ao inaugurar o termo blockbuster com o seu clássico "Tubarão" (1975), porém, o diretor já havia se consagrado antes com a sua pequena obra prima "Encurralado" (1971).

A trama é simples: Homem de negócios (Dennis Weaver) dirige sozinho em uma estrada secundária, quando de repente se vê perseguido por um motorista de caminhão (Lou Frizzell). Depois de algum tempo, ele chega à conclusão de que aquele homem pretende matá-lo. Não demora muito para que a trama se torne uma verdadeira perseguição de gato e rato.

Rodado em apenas 13 dias nas estradas da California, além de um orçamento minúsculo, o jovem Steven Spielberg, com apenas 25 anos de idade, criou um filme de suspense de estrada eletrizante, com direito há vários planos-sequências, montagem de cenas eletrizantes e que não deve nada para outros filmes de grande orçamento da época. O filme foi rodado para ser exibido diretamente para a  tv norte americana, em uma época em que os canais estavam cheio de filmes melodramáticos e coube ao jovem diretor quebrar esse tabu. O sucesso foi tão grande que não demorou muito para sua obra ser lançada nos cinemas e se tornando um cult instantâneo na época.

O roteiro é de Richard Matheson, que por sua vez criou a história se inspirando em um caso real que ele mesmo havia participado. Curiosamente, por muito tempo o público achava que o filme era baseado em alguma obra de Stephen King, o que não é surpresa nenhuma, já que o escritor tem vários romances com essa mesma temática. Portanto, não me surpreenderia se o próprio "Encurralado" tenha servido de inspiração para o escritor criar um dos seus clássicos literários que foi "Christine" (1983), que contava a história de um carro que criava vida e que teria a sua adaptação para o cinema no mesmo ano.

No caso do clássico de Spielberg, se percebe que há várias mensagens subliminares na trama e que revisto hoje em dia se tornam ainda mais explicitas. Para começar o filme se passa no início dos anos setenta, época em que os norte-americanos ainda sofriam da ressaca com relação a guerra do Vietnã, crise econômica e a turbulência política nas mãos de Richard Nixon. A trama foca somente dois personagens, o cidadão de bem David Mann interpretado por Weaver e o caminhoneiro, interpretado por Carey Loftin, que jamais vemos o seu rosto e fazendo dos personagens os dois lados da mesma moeda com relação ao sentimento do norte americano daqueles tempos.

Enquanto David seria a representação do cidadão de bem norte americano, o caminhoneiro, por sua vez, seria aquele cidadão frustrado com os tempos que estava convivendo e colocando o seu ódio contra o primeiro que apareceria em sua frente. Já David insiste em não usar a violência durante esse duelo psicológico, principalmente na cena do bar onde ele tenta adivinhar quem é o dono do caminhão e que pode estar dentro do estabelecimento naquele momento. Antes disso, ele tem um curioso diálogo com a sua esposa pelo telefone e dando a entender que os dois estão brigados, já que ele não a defendeu de um quase estupro.

É neste ponto da trama que o filme me fez lembrar de uma outra obra lançada naquele mesmo ano, que foi "Sob o Domínio do Medo" (1971), do qual o protagonista, interpretado por Dustin Hoffman, procura usar a lógica para conter a onda de violência que invadirá a sua casa, mesmo suspeitando que um dos invasores tenha estuprado anteriormente a sua esposa. Nos dois casos, são protagonistas que temem pelas consequências de suas ações caso respondam contra a violência que estão os afligindo. Logicamente, a razão dá lugar para ação, pois os personagens se encontram encurralados e cabem agir para sobreviverem antes que seja tarde demais.

Há quem goste de simplificar o clássico de outras diversas formas, como na possibilidade do caminhão ter sido possuído por uma força demoníaca, ou que o veículo seja um monstro que só Deus sabe da onde veio. Não é de se admirar, portanto, que muitos consideram "Tubarão" como uma espécie de continuação de "Encurralado", já que ambos os casos vemos os protagonistas sendo perseguidos implacavelmente por uma força tenebrosa e que jamais descansa até ela ser eliminada. Curiosamente, o grito de um Tiranossauro Rex ouvido na cena final do caminhão que cai direto para um precipício é o mesmo grito que ouvimos após a morte do tubarão.

"Encurralado" é a semente que Spielberg plantou em Hollywood em 1971 e que mudaria em grande escala o cinema norte americano para sempre e cujo os seus efeitos são sentidos até hoje. 

Onde Assistir: Em DVD ou Telecine. 

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quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Cine Dica: Em Cartaz: 'SARS-CoV-2 / O Tempo da Pandemia'

Sinopse: O documentário reúne depoimentos de sete importantes especialistas da saúde que contribuíram para o enfrentamento da maior crise sanitária já vivida no Brasil. 

Uma coisa é a gente ter lido nos livros de histórias sobre vários acontecimentos trágicos que a humanidade sofreu ao longo dos séculos, desde terremotos, ou pandemias como a peste negra ou a gripe espanhola. Porém, mesmo a gente ter lido todos esses livros parece que não foi o suficiente para estarmos preparados para o pior que estava por vir. "SARS-CoV-2 / O Tempo da Pandemia" (2021) nos revela profissionais na área falando sobre esse cenário, sendo que os próprios tiveram que encarar o que antes parecia até então impossível.

Dirigido por Eduardo Escorel e Lauro Escorel, o filme entrevista médicos e especialistas em saúde pública que, sob a liderança de Paulo Chapchap, aceitam a missão de colaborar no combate ao coronavírus e integrar a iniciativa Todos pela Saúde. Chapchap convida Drauzio Varella, Eugênio Vilaça, Gonzalo Vecina, Maurício Ceschin, Pedro Barbosa e Sidney Klajner para decidir que medidas tomar com o objetivo de salvar vidas.

Os médicos avaliam o caráter trágico e inesperado da pandemia, além dos altos índices de mortes que assolaram a população. As dificuldades de gestão também são pauta do debate, bem como a dificuldade em se manter otimista. Gonçalo Vecina avalia que “o vírus veio nos mostrar como nós somos uma sociedade desigual e o que mata não é ele, é a desigualdade”, assim como Drauzio Varella ressalta a necessidade de “entendermos que a desigualdade social não é um destino final do Brasil”. Já Paulo Chapchap relembra a colapso da saúde ocorrido em Manaus devido à falta de um simples equipamento.

Todas as palavras dos especialistas sendo ditas ao longo documentário se tornam uma espécie de resumo dos quase dois anos de pandemia que o Brasil e o mundo sofreram nas mãos do Covid 19. Mais do que uma recapitulação, o documentário foi criado no calor do momento, mais precisamente quando morriam mais de dois mil brasileiros por dia e cuja a crise de Manaus foi o ápice dessa calamidade. Ao mesmo tempo, os especialistas não escondem o fato que esse cenário poderia ter sido facilmente evitado.

Embora nomes não sejam ditos, os especialistas direcionam a culpa desse cenário aos governantes, principalmente ao Presidente atual do país, do qual o mesmo não fez nada para evitar o avanço do vírus, mas sim repassando medidas ineficazes, apoiando aglomerações, nunca defendendo o distanciamento e tão pouco apoiando o uso de mascaras. Foi graças a esses especialistas que, ao longo de vários meses, trabalharam fortemente na campanha pela vinda das vacinas, mas até lá fizeram de tudo em ajudar os enfermos além de conscientizar as demais pessoas para se protegerem.

No terceiro ato do documentário observamos a maioria desses especialistas um tanto que cansados de toda essa situação e colocando para a fora as dores por terem perdido pessoas próximas, desde parentes e amigos. O projeto em si é uma denúncia contra a desigualdade que cada vez aumenta no Brasil atual e que colaborou no número elevado de mortes. Atualmente a tempestade parece que está diminuindo, mas não podemos esquecer o quanto fomos ingênuos no passado.

"SARS-CoV-2 / O Tempo da Pandemia" é um registro histórico sobre temos nebulosos que ainda todos nós estamos convivendo. 



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Cine Dicas: Estreias do Final de Semana (18/11/21)

 Noite Passada em Soho

Sinopse: Noite Passada em Soho acompanha Eloise (Thomasin Mckenzie), uma jovem apaixonada por design de moda que consegue, misteriosamente, voltar à década de 1960. Lá, ela encontra Sandy (Anya Taylor-Joy), uma deslumbrante aspirante a cantora por quem é fascinada.


A Crônica Francesa

Sinopse: "A Crônica Francesa" (The French Dispatch) de Wes Anderson é uma carta de amor aos jornalistas. Ambientado na redação de uma revista americana em uma cidade fictícia francesa do século XX, o filme apresenta uma coleção de histórias publicadas na The French Chronicle, a revista em questão.


Ghostbusters: Mais Além

Sinopse: Em Ghostbusters: Mais Além, quando uma mãe solteira e seus filhos se mudam para uma pequena cidade, eles começam a descobrir sua conexão com os caça fantasmas originais e o legado secreto que seu avô deixou para trás. Classificação indicativa 12 anos, contém violência e linguagem imprópria.


A NOITE DO FOGO


Sinopse:Em uma cidade solitária situada nas montanhas mexicanas, onde três amigas ocupam as casas daqueles que fugiram e se vestem de mulheres quando ninguém está olhando. Enquanto magia e alegria abundam no próprio universo impenetrável delas, suas mães treinam as três garotas para se protegerem dos grupos de sequestradores que atuam na região, até que um evento altera a rotina do povoado.


Chernobyl: o Filme - os Segredos do Desastre

Sinopse: Em 1986, uma tragédia sem precedentes tirou a vida de muitos moradores e trabalhadores da Usina Nuclear de Chernobyl. O filme aborda o trabalho dos bombeiros e daqueles que lutaram para conter o vazamento e a contaminação.

LUTAR, LUTAR, LUTAR

Sinopse: Documentário que conta a história centenária do Clube Atlético Mineiro, desde sua fundação, em 1908, até o título da Copa do Brasil de 2014, passando pela épica conquista da Libertadores de 2013. 


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quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Cine Dica: Em Cartaz: '8 Presidentes 1 juramento - A história de um tempo presente'

Sinopse: Através de materiais de arquivo de diferentes mídias, nacionais e internacionais, o filme revive o período da redemocratização brasileira, do movimento das Diretas Já à posse de Jair Bolsonaro. 

Não há dúvida que Carla Camurati tem um papel importante dentro da história do nosso cinema. Se por um lado já no início de carreira ela estrelou clássicos como "O Olho Mágico do Amor" (1980), por outro, ela se arriscou na cadeira de cineasta e dirigindo "Carlota Joaquina, Princesa do Brasil" (1995) e abrindo assim a retomada do cinema brasileiro naquela época. De forma inevitável acabou explorando a história da nossa política conturbada e lançado como produtora executiva o filme "Getúlio" (2014).

Do pouco que eu a conheço como pessoa eu acredito que ela procura não escolher um lado da história, mas sim ser neutra e assistir aos fatos que ocorrem em sua volta e no resto do país. Por conta de ela somente assistir aos fatos eu acredito que ela tenha uma opinião de que todo governo tem as suas turbulências e que para mantê-lo nos eixos é preciso saber jogar dentro desse cenário, por vezes, corrompido. "8 Presidentes 1 juramento - A história de um tempo presente" é mais ou menos isso, ao exibir os principais fatos dos oito governos Presidenciáveis do nosso país e não escondendo as corrupções que sempre vieram a estourar.

Através de materiais de diferentes mídias, nacionais e internacionais, Carla Camurati reúne diversas cenas de arquivos para revisitarmos o período da redemocratização brasileira, do movimento das Diretas Já, eleições, os governos de cada um até a posse de Jair Bolsonaro. Se tem aqui uma história sobre a democracia brasileira e que já perdura há trinta e cinco anos.

Assistir ao ato inicial do documentário é como recobrar os meus primeiros anos de infância, já que eu assisti ao funeral de Tancredo Neves em 1985, mas pouco entendia sobre o que estava acontecendo. Após o governo Sarney foi aí que eu tive uma noção sobre o que é democracia, onde as pessoas vão votar pelo seu candidato favorito e que para assim ele possa ser eleito. É mais ou menos assim que Carla Camurati joga tudo isso na tela, ao mostrar a extinção dos tempos de chumbo e dando lugar a um cenário onde o povo que decide os rumos do país através das urnas.

diretora não entrevista em nenhum momento algum político de determinado período, mas sim somente nos passando as principais cenas de cada época, além de letreiros explicando a situação de cada governo naquele exato momento. O documentário em si é uma espécie de grande retrospectiva dessas mais de três décadas de democracia brasileira e fazendo até mesmo eu recobrar certas passagens da história que havia me esquecido até agora. Curiosamente, não deixa de ser interessante que as mesmas crises, desde ao aumento da alimentação, gás, luz e gasolina são um cenário que vem e vai a todo momento em nossa história.

Além disso, a cineasta procura colocar um equilíbrio em cada período, ao mostrar tanto os acertos, como também os erros de cada governo. É fácil, portanto, dizer que ela não procurou se colocar de um lado da história, muito embora alguns pontos dessa linha de tempo ficaram um tanto que obscuras. Para os historiadores de nossa política o documentário se torna um prato cheio sobre o que não foi mostrado na tela, muito embora isso não seja uma situação muito explicita.

O ato final do documentário é o que talvez ela tenha pisado em um terreno mais delicado, principalmente que é uma linha do tempo em que ainda estamos vivendo. Há uma retrospectiva do governo Lula, Dilma, além dos casos de corrupção com relação ao mensalão e o esquema da Lava Jato vindo de Curitiba. Se por um momento achamos que a cineasta irá endeusar para um determinado lado da história, eis que ela mostra exatamente o que acontece desde o dia em que ocorreu o impeachment de Dilma Rousseff, onde vemos um povo dividido, entre a razão e a  ingenuidade daqueles que acreditavam que teríamos um futuro melhor.

Os minutos finais da projeção é uma mostra do resultado daqueles que brincaram com a democracia brasileira e nos levando à beira de uma possível nova ditadura, da qual não foi conseguida com tanques nas ruas, mas através de fake news, ideologia fascista e que estava escondida a muito tempo e mais perto do que imaginávamos. Os créditos finais ouvimos as falas do Presidente atual, sendo que nada mais são do que um puro retrocesso e nos colocando a beira do limbo.

"8 Presidentes 1 juramento - A história de um tempo presente" é um retrato sobre os altos e baixos de uma democracia e da qual se torna fragmentada a partir do momento em que alguns anseiam por tempos mais retrógrados. 


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Cine Dica: PROGRAMAÇÃO DE 18 A 24 DE NOVEMBRO DE 2021 na Cinemateca Paulo Amorim

Os Intocáveis 
 

SEGUNDAS-FEIRAS NÃO HÁ SESSÕES


SALA 1 / PAULO AMORIM

(SESSÃO SOMENTE NOS DIAS 19, 23 E 24 – SEXTA, TERÇA E QUARTA)


15h – UMA HISTÓRIA DE FAMÍLIA Assista o trailer aqui.

(Family Romance, LLC - Estados Unidos/Japão, 2020, 90min). Direção de Werner Herzog, com Ishii Yuichi, Mahiro Tanimoto. Arteplex Filmes, 14 anos. Drama.

Sinopse: Em tempos de fake news e relações virtuais, por que não contratar amigos e familiares? Na empresa Family Romance LLC, há locações para todos os tipos de necessidades, inclusive seguidores para redes sociais e substitutos para reuniões de trabalho. Entre as muitas contratações da empresa, Ishii é chamado para representar o pai desaparecido de uma menina de 12 anos.


(SESSÃO SOMENTE NOS DIAS 18 E 19 – QUINTA E SEXTA)


17h – UMA HISTÓRIA DE FAMÍLIA Assista o trailer aqui.

(Family Romance, LLC - Estados Unidos/Japão, 2020, 90min). Direção de Werner Herzog, com Ishii Yuichi, Mahiro Tanimoto. Arteplex Filmes, 14 anos. Drama.

Sinopse: Em tempos de fake news e relações virtuais, por que não contratar amigos e familiares? Na empresa Family Romance LLC, há locações para todos os tipos de necessidades, inclusive seguidores para redes sociais e substitutos para reuniões de trabalho. Entre as muitas contratações da empresa, Ishii é chamado para representar o pai desaparecido de uma menina de 12 anos.

SALA 2 / EDUARDO HIRTZ


14h30 – DE VOLTA À ITÁLIA Assista o trailer aqui.

(Made in Italy - Reino Unido/Itália, 2020, 95min). Direção de James D'Arcy, com Liam Neeson, Micheál Richardson, Valeria Bilello, Lindsay Duncan. California Filmes, 14 anos. Drama.

Sinopse: Robert e Jack são pai e filho, mas nunca conseguiram lidar com a perda da esposa e mãe, morta num acidente de carro. Agora, ambos viajam para a região da Toscana, na Itália, com a intenção de vender uma antiga casa da família. Em meio às reformas que o lugar exige e ao cenário de extrema beleza, pai e filho precisam aprender a expressar os seus sentimentos e buscar uma maneira de recomeçar.


16h30 – BOB CUSPE, NÓS NÃO GOSTAMOS DE GENTE Assista o trailer aqui.

(Brasil, 2021, 90min). Direção de Cesar Cabral, com vozes de Milhem Cortaz, Paulo Miklos, André Abujamra. Animação, Vitrine Filmes.14 anos.

Sinopse: Um dos personagens mais famosos dos quadrinhos dos anos 1980, o punk mal-humorado Bob Cuspe aparece agora num deserto pós-apocalíptico onde alguns seres insuportáveis do mundo pop estão tentando matá-lo. Tudo, na verdade, é fruto da imaginação do cartunista Angeli, criador do personagem – numa combinação de stop-motion com documentário, comédia, road-movie e muito rock´n´roll.


18h30 – A NOITE DO FOGO *ESTREIA* Assista o trailer aqui.

(Noche de Fuego - México-Alemanha-Brasil, 2021, 110min). Direção de Tatiana Huezo, com Norma Pablo, Mayra Batalla, Olivia Lagunas. Vitrine Filmes, 14 anos. Drama.

Sinopse: Em uma cidade solitária situada nas montanhas mexicanas, os homens não estão mais em suas casas: ou foram mortos, ou fugiram, ou foram cooptados pelas milícias. Com medo, as mulheres se protegem e tentam esconder as meninas dos grupos de narcotraficantes que atuam na região – sendo que uma estratégia é vesti-las como garotos. Indicado pelo México ao Oscar de melhor filme internacional, o filme é adaptado do livro "Reze Pelas Mulheres Roubadas", da escritora mexicana-americana Jennifer Clement.


*NÃO HAVERÁ SESSÃO NO DIA 23 (TERÇA)

SESSÕES ESPECIAIS DA SEMANA


Sessão do ciclo Clássicos na Cinemateca – 35 anos.

DIA 21 DE NOVEMBRO ÀS 15h

SENHORITA JULIA

(Suécia, 1951, 90min). Direção de Alf Sjoberg.

Sinopse: Baseado na peça de August Strindberg, o filme é ambientado em fins do século XIX e conta a história de Julie, uma jovem de família aristocrática que se envolve com um ambicioso serviçal. 

Sessão da oficina “Escola de Cinéfilos”

DIA 23 DE NOVEMBRO ÀS 19h

OS INTOCÁVEIS

(EUA, 1987, 120min). Direção de Brian de Palma.

Sinopse: Adaptado do livro homônimo, o filme acompanha os esforços do agente norte-americano Eliot Ness para prender o gângster Al Capone durante o período da Lei Seca nos Estados Unidos.


FESTIVAL CINEMA NEGRO EM AÇÃO

Mostra competitiva de curtas-metragens, videoclipes, videoartes e longas-metragens assinados por realizadores negros, além de filmes do diretor Jeferson De, homenageado do festival. A curadoria da programação é da cineasta Camila de Moraes.

Acesse a programação aqui.


PREÇOS DOS INGRESSOS:

TERÇAS, QUARTAS e QUINTAS-FEIRAS: R$ 12,00 (R$ 6,00 – ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS). SEXTAS, SÁBADOS, DOMINGOS, FERIADOS: R$ 14,00 (R$ 7,00 - ESTUDANTES E MAIORES DE 60 ANOS). CLIENTES DO BANRISUL: 50% DE DESCONTO EM TODAS AS SESSÕES. 

Professores tem direito a meia-entrada mediante apresentação de identificação profissional. Estudantes devem apresentar carteira de identidade estudantil. Outros casos: conforme Lei Federal nº 12.933/2013. Brigadianos e Policiais Civis Estaduais tem direito a entrada franca mediante apresentação de carteirinha de identificação profissional.

*Quantidades estão limitadas à disponibilidade de vagas na sala.

A meia-entrada não é válida em festivais, mostras e projetos que tenham ingresso promocional. Os descontos não são cumulativos. Tenha vantagens nos preços dos ingressos ao se tornar sócio da Cinemateca Paulo Amorim. Entre em contato por este e-mail ou pelos telefones: (51) 3136-5233, (51) 3226-5787.

Acesse nossas plataformas sociais:

https://linktr.ee/cinematecapauloamorim

terça-feira, 16 de novembro de 2021

Cine Especial: Clube de Cinema de Porto Alegre: 'Um Corpo que Cai'

Sinopse: O detetive aposentado John Scottie sofre de um terrível medo de alturas. Certo dia, um amigo pedem a John que siga sua esposa. Ele aceita a tarefa e começa a segui-la por toda parte.  

Alfred Hitchcock era um estranho no ninho dentro da fábrica de sonhos de Hollywood, da qual os seus produtores criavam filmes para gerar lucro, independente do filme ser ou não relembrado nos próximos anos. Hitchcock ia contra maré nesta questão, ao comandar os seus próprios filmes e sempre injetar neles a sua visão autoral, que vai desde a personagens duplos, planos-sequências mirabolantes e um suspense que beira ao psicológico que somente Freud explica. Dando sempre carta branca para si, ele resolveu se arriscar em um filme complexo e a frente do seu tempo que foi "Um Corpo que Cai" (1958).

A trama se passa em São Francisco, onde um detetive aposentado John 'Scottie' Ferguson (James Stewart) sofre de um terrível medo de alturas. Certo dia, encontra com um antigo conhecido, dos tempos de faculdade, que pede que ele siga sua esposa, Madeleine Elster (Kim Novak). John aceita a tarefa e fica encarregado da mulher, seguindo-a por toda a cidade. Ela demonstra uma estranha atração por lugares altos, levando o detetive a enfrentar seus piores medos. Ele começa a acreditar que a mulher é louca, com possíveis tendências suicidas, quando algo estranho acontece nesta missão.

Com um visual mórbido na abertura dos créditos, o cineasta já deixa claro para o seu público que eles não irão assistir a um filme fácil, principalmente ao vermos o protagonista pendurado em um prédio e vendo seu parceiro cair diante dos seus olhos. É neste ponto que Hitchcock dá um salto revolucionário em termos técnicos, ao criar a sequência de zooms e afastamento da câmera, que dá ao público a sensação de vertigem sentida por John 'Scottie' Ferguson. Por apenas alguns segundos utilizando esta sequência foi pago cerca de US$ 19 mil e nestes momentos serviriam de inspiração para outros cineastas posteriormente, como no caso de Steven Spielberg com o seu clássico "Tubarão" (1975).

Embora conhecido por preferir dirigir cenas em estúdio, Hitchcock opta aqui em sair com a sua câmera e filmar o personagem John de James Stewart vigiando a personagem Madeleine de Kim Novak nas ruas de San Francisco. As cenas, aliás, são as melhores que sintetizam a beleza da cidade dentro da história do cinema, sendo que o ápice delas ocorre próximo a ponde de Golden Gate. Mas se o seu visual impressiona a trama não fica atrás de forma alguma.

Embora conhecido como o mestre do suspense, o diretor quase nunca criou um filme cuja a temática era o sobrenatural em si, mas a própria sendo usada como uma cortina de fumaça para ocultar o verdadeiro segredo da trama. Ele já havia usado isso de forma perfeita no seu primeiro filme em solo americano que foi "Rebecca - A Mulher Inesquecível" (1940), sendo que naquela obra Rebecca já se encontra morta, mas o passado da própria ainda assombra os protagonistas. Aqui acontece algo similar, onde vemos a personagem Madeleine ser, aparentemente, possuída por um espirito vindo do passado, mas a verdade se encontra muito mais embaixo.

Além do caso sobrenatural servir como distração existe a questão do duplo, onde Hitchcock gosta de construir personagens que constroem para si outra pessoa e assim enganar a próxima. Neste caso, o protagonista cai em uma profunda depressão após não ter conseguido salvar Madeleine do, aparentemente, suicídio e ficando obcecado pelo seu retorno mesmo ela já tendo falecido. É aí que ele conhece Judy, uma mulher extremamente semelhante com a Madeleine e deseja ficar com ela para sentir de volta o seu amor perdido.

É aí que chegamos ao ponto mais surpreendente do filme, já que John deseja ressuscitar a sua amada morta através de Judy, fazendo com que ela se vista e fique com os cabelos loiros. É um caso de amor necrófilo, onde o ápice acontece no momento em que Judy se transforma por completo, fazendo com que John abrace uma lembrança morta e fazendo com que o mesmo se dê conta disso, mas ignorando o fato. A cena, aliás, serviu de inspiração anos mais tarde para Brian de Palma criar o seu "Duble de Corpo" (1984), sendo que o mesmo usaria também "Um Corpo que Cai" de inspiração anos antes para a construção do filme "Vestida para Matar" (1980).

Embora o espectador saiba da verdade antecipadamente, é somente no ato final que John descobre que Judy e Madeleine eram na verdade a mesma pessoa e se viu envolvido em uma grande armação ao longo da história. Em seu final, John venceu os seus medos enfrentando a verdade, mas pagando um alto preço nos segundos finais da obra e fazendo disso um final justo, porém, não menos mórbido. Não é à toa que na época o filme quase não se pagou, pois o público não estava preparado para uma obra tão complexa, cheia de camadas e que fala sobre paixões e medos na mesma medida.

Em duas ocasiões, o crítico de cinema e escritor Luiz Carlos Merten apontou o filme como a obra prima do diretor nos seus livros "Cinema - Um Zapping de Limiere a Tarantino" e "Cinema - Entre a Realidade e o Artifício". Em 2011, eu havia escrito um texto intitulado "Rei Kane. Não tão rei assim", onde eu fiz uma lista de possíveis filmes que poderiam pegar o título de melhor filme de todos os tempos no lugar de "Cidadão Kane" (1941). Um ano depois, a revista Sight and Sound lançou a lista dos cem melhores filmes de todos os tempos e "Um Corpo que Cai", enfim, aparece em primeiro no pódio.

Curiosamente, "Um Corpo Que Cai" esteve inacessível ao público em geral durante décadas. Isto porque o diretor comprou de volta os direitos de cinco de seus filmes e os deixou de legado para sua filha. Estes filmes receberam o apelido de "os cinco filmes perdidos de Hitchcock" e voltaram ao alcance do público em 1984, quando foram relançados nos cinemas, com uma distância de quase 30 anos desde seu primeiro lançamento. Os demais filmes do pacote eram “Festim Diabólico” (1948), “Janela Indiscreta” (1954), “O Homem Que Sabia Demais” (1956) e “O Terceiro Tiro” (1955).

Mais de sessenta já se passaram, mas "Um Corpo que Cai" ainda é um exercício psicológico sobre paixões e medos reprimidos e fazendo dele uma das maiores obras primas de todos os tempos. 

NOTA: O filme será exibido na retomada do Clube de Cinema de Porto Alegre. Será no próximo sábado (20) na Sala Paulo Amorim, Casa de Cultura Mario Quintana às 10:15 da manhã

Faça parte do Clube de Cinema de Porto Alegre.  
Mais informações através das redes sociais:

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segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Cine Especial: Próximo Cine Debate: 'Cinema Paradiso'

Sinopse: O menino Toto se encanta pelo cinema e inicia uma grande amizade com o projecionista de sua pequena cidade. Já adulto e agora um cineasta bem-sucedido, Toto volta a lembrar de sua infância ao descobrir que seu velho amigo faleceu.

O cinema não vai morrer, não agora e talvez isso nunca venha acontecer. Mas aqui fala alguém que ama a sétima arte, que ama apreciar um belo filme ao lado de pessoas, mesmo quando essas sejam desconhecidas, pois não tem coisa melhor do que apreciar algo ao lado de alguém que tem o mesmo pensamento. Portanto trate de ficar com um pé atrás com relação ao que eu falo, pois sou suspeito, um amante do cinema e que vezes essa paixão cega.

A morte do cinema sempre esteve à espreita, talvez desde quando essa arte foi criada. Os seus criadores, os irmãos Lumière, não deram crédito a sua própria criação, veio então o cinema sonoro, cinema a cores, a televisão, vídeo cassette, DVD, Blu-Ray e, enfim, a Netflix. Tudo isso não foi o suficiente para matar o cinema, pois há um público sempre fiel para manter o seu coração pulsando e não permitindo que isso aconteça. Infelizmente vivemos a sombra do Coronavírus, o que obrigou vários cinemas a fecharem suas portas e fazendo com que muitos cinéfilos fiquem em prontidão pela retomada.

Será como antes? Difícil responder essa pergunta, mas o cinema sempre estará ali a nossa espera, pois a nossa história nos mostra que as artes prevalecem perante aos ventos da mudança, ou até mesmo da ignorância que nos cerca. O próprio cinema já lançou obras primas que são verdadeiras declarações de amor com relação a essa arte de contar histórias. Em um desses casos, o clássico do cinema italiano "Cinema Paradiso" (1988) é sem sombra de dúvida o exemplo mais genuíno.

Dirigido por Giuseppe Tornatore, do filme "Malena" (2001) o filme se passa nos anos que  antecederam a chegada da televisão em uma pequena cidade da Sicília, o garoto Toto (Salvatore Cascio) ficou hipnotizado pelo cinema local e iniciou uma amizade com Alfredo (Philippe Noiret), projecionista que se irritava com certa facilidade, mas tinha um enorme coração. Todos estes acontecimentos chegam em forma de lembrança quando Toto (Jacques Perrin), agora um cineasta de sucesso, recebe a notícia de que Alfredo faleceu.

Participe do próximo Cine Debate e leia essa análise completa sobre o clássico clicando aqui.  


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