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Sócio e Diretor de Comunicação e Informática do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Cine Dica: Em Cartaz: '8 Presidentes 1 juramento - A história de um tempo presente'

Sinopse: Através de materiais de arquivo de diferentes mídias, nacionais e internacionais, o filme revive o período da redemocratização brasileira, do movimento das Diretas Já à posse de Jair Bolsonaro. 

Não há dúvida que Carla Camurati tem um papel importante dentro da história do nosso cinema. Se por um lado já no início de carreira ela estrelou clássicos como "O Olho Mágico do Amor" (1980), por outro, ela se arriscou na cadeira de cineasta e dirigindo "Carlota Joaquina, Princesa do Brasil" (1995) e abrindo assim a retomada do cinema brasileiro naquela época. De forma inevitável acabou explorando a história da nossa política conturbada e lançado como produtora executiva o filme "Getúlio" (2014).

Do pouco que eu a conheço como pessoa eu acredito que ela procura não escolher um lado da história, mas sim ser neutra e assistir aos fatos que ocorrem em sua volta e no resto do país. Por conta de ela somente assistir aos fatos eu acredito que ela tenha uma opinião de que todo governo tem as suas turbulências e que para mantê-lo nos eixos é preciso saber jogar dentro desse cenário, por vezes, corrompido. "8 Presidentes 1 juramento - A história de um tempo presente" é mais ou menos isso, ao exibir os principais fatos dos oito governos Presidenciáveis do nosso país e não escondendo as corrupções que sempre vieram a estourar.

Através de materiais de diferentes mídias, nacionais e internacionais, Carla Camurati reúne diversas cenas de arquivos para revisitarmos o período da redemocratização brasileira, do movimento das Diretas Já, eleições, os governos de cada um até a posse de Jair Bolsonaro. Se tem aqui uma história sobre a democracia brasileira e que já perdura há trinta e cinco anos.

Assistir ao ato inicial do documentário é como recobrar os meus primeiros anos de infância, já que eu assisti ao funeral de Tancredo Neves em 1985, mas pouco entendia sobre o que estava acontecendo. Após o governo Sarney foi aí que eu tive uma noção sobre o que é democracia, onde as pessoas vão votar pelo seu candidato favorito e que para assim ele possa ser eleito. É mais ou menos assim que Carla Camurati joga tudo isso na tela, ao mostrar a extinção dos tempos de chumbo e dando lugar a um cenário onde o povo que decide os rumos do país através das urnas.

diretora não entrevista em nenhum momento algum político de determinado período, mas sim somente nos passando as principais cenas de cada época, além de letreiros explicando a situação de cada governo naquele exato momento. O documentário em si é uma espécie de grande retrospectiva dessas mais de três décadas de democracia brasileira e fazendo até mesmo eu recobrar certas passagens da história que havia me esquecido até agora. Curiosamente, não deixa de ser interessante que as mesmas crises, desde ao aumento da alimentação, gás, luz e gasolina são um cenário que vem e vai a todo momento em nossa história.

Além disso, a cineasta procura colocar um equilíbrio em cada período, ao mostrar tanto os acertos, como também os erros de cada governo. É fácil, portanto, dizer que ela não procurou se colocar de um lado da história, muito embora alguns pontos dessa linha de tempo ficaram um tanto que obscuras. Para os historiadores de nossa política o documentário se torna um prato cheio sobre o que não foi mostrado na tela, muito embora isso não seja uma situação muito explicita.

O ato final do documentário é o que talvez ela tenha pisado em um terreno mais delicado, principalmente que é uma linha do tempo em que ainda estamos vivendo. Há uma retrospectiva do governo Lula, Dilma, além dos casos de corrupção com relação ao mensalão e o esquema da Lava Jato vindo de Curitiba. Se por um momento achamos que a cineasta irá endeusar para um determinado lado da história, eis que ela mostra exatamente o que acontece desde o dia em que ocorreu o impeachment de Dilma Rousseff, onde vemos um povo dividido, entre a razão e a  ingenuidade daqueles que acreditavam que teríamos um futuro melhor.

Os minutos finais da projeção é uma mostra do resultado daqueles que brincaram com a democracia brasileira e nos levando à beira de uma possível nova ditadura, da qual não foi conseguida com tanques nas ruas, mas através de fake news, ideologia fascista e que estava escondida a muito tempo e mais perto do que imaginávamos. Os créditos finais ouvimos as falas do Presidente atual, sendo que nada mais são do que um puro retrocesso e nos colocando a beira do limbo.

"8 Presidentes 1 juramento - A história de um tempo presente" é um retrato sobre os altos e baixos de uma democracia e da qual se torna fragmentada a partir do momento em que alguns anseiam por tempos mais retrógrados. 


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