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Sapucaia do Sul/Porto Alegre, RS, Brazil
Sócio e divulgador do Clube de Cinema de Porto Alegre, frequentador dos cursos do Cine Um (tendo já mais de 100 certificados) e ministrante do curso Christopher Nolan - A Representação da Realidade. Já fui colaborador de sites como A Hora do Cinema, Cinema Sem Frescura, Cinema e Movimento, Cinesofia e Teoria Geek. Sou uma pessoa fanática pelo cinema, HQ, Livros, música clássica, contemporânea, mas acima de tudo pela 7ª arte. Me acompanhem no meu: Twitter: @cinemaanosluz Facebook: Marcelo Castro Moraes ou me escrevam para marcelojs1@outlook.com ou beniciodeltoroster@gmail.com

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quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Cine Curiosidade: Atrizes Suzy Rego, Cris Lopes e amigos prestigiam inauguração do Viva La Vida Beauty SPA nos Jardins

No coquetel de inauguração realizado esta semana do novo espaço de beleza e cuidados com o bem-estar Viva La Vida Beauty Spa na Alameda Lorena nos Jardins, marcaram presença artistas, amigos, familiares e fornecedores. 
 atriz internacional Cris Lopes e Liliane Daquino
 
A atriz Suzy Rego prestigiou o evento assim como a atriz internacional de cinema Cris Lopes que está em 2 longa-metragens estrangeiros: o canadense "Freer" em lançamento Canadá & USA e protagonista do longa argentino em pré-produção de N. Rosendo) e a atriz Adriana Ferrari da peça - Um espirito baixou em mim no teatro Bibi Ferreira.
O Viva La Vida Beauty SPA oferecerá serviços diversos de cuidados com a beleza e bem-estar, indo além do conceito que outros espaços tradicionais oferecem. Segundo sua proprietária administradora Liliane Daquino o espaço foi reformado para atender a necessidade da mulher contemporânea que não tem tempo a perder e precisa otimiza-lo fazendo diversos serviços em um único local, mas também quer relaxar em quanto recebe os cuidados de beleza.
Diversos serviços foram distribuídos nos três pavimentos. No primeiro piso você encontrará 8 cadeiras para atendimento de cabeleireiros, copa, espaço para manicure e loja de produtos nacionais e importados na recepção. Já no segundo piso você encontrará a o espaço de esmalteria, spa dos pés e mãos, espaço noiva, maquiagem, designer de sobrancelha, micropigmentação e depilação com
linha. O terraço foi preparado um lounge intimista, aconchegante, pronto para receber um grupo de pessoas para comemorar momentos especiais, relaxar, receber clientes que queiram ser atendidos com privacidade, onde disponibilizam uma estrutura com lavatório, cadeira de cabeleireiro, manicure e espaço de estética para procedimento rápidos como limpeza de pele, depilação com cera, massagem express e relaxantes.
Os lavabos foram decorados com tecidos florais nas paredes, deixando os espaços encantadores. Muitos elementos de madeira foram usados na decoração para deixar o ambiente mais acolhedor. As plantas dão maior frescor e leveza ao ambiente. O nome do local foi escolhido propositalmente para transmitir o conceito de viver a vida, comemorar a vida, afinal cuidar da beleza e bem-estar é tudo de bom, e só se cuida quem se ama.
Na lista de convidados constam nomes de personalidades e formadores de opinião conhecidos da proprietária e empreendedora Liliane Daquino que há 20 anos trabalha na área de comunicação e marketing, gerindo negócios para outros empreendedores e agora resolveu investir na área também. 
 Suzy Rego e Liliane Daquino
 atrizes Suzy Rego e Cris Lopes
 
*SERVIÇOS*
*Viva La Vida Beauty Spa*

Alameda Lorena, 2116 - Jardim Paulista
Próximo a Rua Melo Alves e Oscar Freire
Telefone - 11 3064.7944
 
Divulgação:  Imprensa CL  imprensacl@terra.com.br
Cris Lopes Oficial: Fan Page @crislopesoficial  Instagram @crislopes.oficial Twitter @crislopesOFC
Brasil/SP: (11) 3835.7205

terça-feira, 29 de agosto de 2017

Cine Dica: Em Cartaz: Bingo - O Rei das Manhãs



Sinopse: Nos anos 1980, Arlindo Barreto (Vladimir Brichta) consegue um emprego que o coloca na frente dos holofotes. Sob uma pesada maquiagem, peruca vermelha e roupa de palhaço ele se transforma no apresentador de TV Bingo, que todas as manhãs anima as crianças. Mas longe das câmeras, Arlindo precisa manter sua identidade em segredo e mergulha no mundo das drogas, até que encontra em seu filho e na religiosidade as forças para se reerguer na vida.


Quando eu olho para trás eu vejo um passado mais colorido, ousado e politicamente incorreto. Por ter nascido exatamente em 1980, eu cresci assistindo um tempo em que a TV brasileira não tinha limite em buscar audiência a todo custo, ao ponto de apresentadoras seminuas em programas infantis, ou filmes de terror inadequados para menores exibidos á luz do dia, dominavam a grade da programação aberta. O que eram somente lembranças agora ganha corpo através de Bingo – O Rei das Manhãs que, não só retrata os altos e baixos do interprete de Bozo, como também sintetiza uma década em que todos se lembram com uma alta dose de nostalgia.
Dirigido pelo estreante na direção, o talentoso montador Daniel Rezende (Cidade de Deus), acompanhamos a vida do ator Augusto Mendes (Vladimir Brichta) que vive em decadência quando percebe que os seus filmes do gênero pornochanchada não fazem mais o sucesso como antes. Ele pensa em trabalhar em novelas, porém, sua atenção se volta na possibilidade de ser um palhaço e apresentador de um programa infantil. O sucesso é estrondoso, mas que acaba lhe custando um alto preço, tanto em sua carreira como também em sua vida pessoal.
Inspirado na vida e na obra do ator (atualmente pastor) Arlindo Barreto, que atuou por anos como o inesquecível Bozo (devido a direitos autorais, o personagem aqui se torna Bingo), o filme é um prato cheio para aqueles que cresceram naquele período, quando a TV era mais rica em conteúdo, mas contendo uma ousadia que hoje iria corar qualquer pai de família. Eram outros tempos, em que o Brasil estava aos poucos se livrando da ditadura e de sua famigerada censura, mas se esquecendo por completo do freio de mão. Quase tudo era permitido, ao ponto em que era comum, por exemplo, vermos todos os dias Xuxa pelas manhãs, seminua em meio a inúmeras crianças em volta dela, mas que nunca parávamos para refletir sobre isso.
Era nessa guerra pela audiência de “quem dá mais” é que surge Bozo (ou Bingo) na pele de Arlindo Barreto (ou Augusto Mendes). O filme pode até ter simplificado um pouco os seus primeiros dias como palhaço, mas ao mesmo tempo, sintetiza o sucesso meteórico e colorido que foi tudo aquilo. O filme simplesmente readapta inúmeras situações que fizeram do programa uma verdadeira mania, ao ponto das brincadeiras, os palhaços ajudantes e as verdadeiras saias justas ao vivo (o vai tomar no c.. pelo telefone é clássica) serem fielmente adaptadas e gerando uma verdadeira sensação nostálgica.
Como tudo aquilo era uma verdadeira guerra nos bastidores pela audiência, Daniel Rezende, usando todo o seu talento de anos na área da montagem, cria um filme dinâmico, em que cada sequência de cenas nos transmite uma verdadeira guerra à campal para se conseguir o topo do sucesso. O cineasta consegue também o feito de fazer um belíssimo casamento entre cenas e trilhas sonoras de sucessos que remetem aquele tempo, criando um verdadeiro balé visualmente coreografado, sedutor e com cores vibrantes.
Mas se o cineasta recria o corpo daquela década, Vladimir Brichta se torna o espírito do longa. Visto em filmes recentes e autorais como Real Beleza de Jorge Furtado, Brichta tinha todas as chances de ir muito além do que já apresentava e aqui ele atinge o seu ápice. O seu Augusto Mendes (ou Bingo) é uma entidade da natureza em busca de luz própria, onde não pensa duas vezes ao usar todas as suas energias para conseguir os seus objetivos, nem que para isso tenha que extrapolar os seus próprios limites.
Mendes é um retrato de muitas peças de um tabuleiro de xadrez em guerra pela audiência, das quais elaboravam situações imprevisíveis, mas sem pensar em suas consequências. Só assim para explicar a presença da cantora Gretchen (Emanuelle Araújo) que surge na trama rebolando, deixando a mostra a sua calcinha em pleno palco em meio às crianças e sintetizando a ganância e a imprevisibilidade da qual eles usavam sem pestanejar para conseguir o topo do sucesso. Dito isso, a produtora crente Lucia (Leandra Leal), se torna não somente o interesse romântico do protagonista, como também a voz da razão para ele, mesmo em meio a luzes, cores, drogas e bebidas.
Esses vícios dos quais o protagonista experimenta estão presentes, mas não sendo eles exatamente os principais vilões da trama. Aliás, o filme é bem corajoso ao colocar duas conhecidas emissoras do Brasil, mesmo com nomes readaptados para trama, como os verdadeiros algozes da descida do protagonista para o inferno. Portanto não deixa de ser irônica a presença do apresentador Pedro Bial, interpretando o dono de uma dessas emissoras e sendo que responsável, mesmo que indiretamente, pelo momento mais difícil da vida do protagonista.
Infelizmente o cineasta pecou ao explorar muito pouco da redenção em que o personagem busca em alcançar. Quando o personagem se encontra na corda bamba, a situação rapidamente se estabiliza e tornando um momento importante como esse meio que inverossímil. Contudo, isso não destoa o resto do filme, mas que se tivesse sido mais bem trabalhado teria sido então um ato final perfeito. 
Apesar deste deslize, Bingo - O Rei das Manhãs é um filme brasileiro perfeito, do qual retrata uma década de 80 cheia de luzes, cores e de uma aura politicamente incorreta e sedutora. 




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Cine Dica: Exibição e debate de curtas gaúchos premiados em Gramado

CINEMATECA CAPITÓLIO PETROBRAS PROMOVE DEBATE SOBRE CURTAS GAÚCHOS PREMIADOS NO FESTIVAL DE GRAMADO
Sob Águas Claras e Inocentes (2016) – Porto Alegre Direção: Emiliano Cunha

Na terça-feira, 29 de agosto, às 20h, a Cinemateca Capitólio Petrobras promove uma sessão especial com os seis curtas premiados pelo júri oficial na Mostra Gaúcha do 45º Festival de Gramado. Serão exibidos Secundas, de Cacá Nazário, Yomared, de Lufe Bollini e Mariana Yomared, Sob Águas Claras e Inocentes, de Emiliano Cunha, Temporal, de Gabriel Honzik, 1947, de Giordano Gio, e Solito, de Eduardo Reis. Após a exibição, acontece um debate com realizadores e integrantes das equipes. A sessão tem entrada franca.
A sessão é composta por filmes que receberam prêmios do júri formado pelo diretor de fotografia Alziro Barbosa, a cineasta Lara Lima, a documentarista Isabela Cribari, o ator João Campos e o cineasta, pesquisador e montador Geraldo Veloso.

Troféu Assembleia Legislativa

Melhor filme: “Secundas”, de Cacá Nazario
Melhor direção: Emiliano Cunha por “Sob Águas Claras e Inocentes”
Melhor ator: João Pedro Prates em “1947”
Melhor atriz: Mariana Yomared em “Yomared”
Melhor roteiro: Gabriel Honzik por “Temporal”
Melhor fotografia: Carine Wallauer por “Temporal”
Melhor direção de arte: Eduardo Reis por “Solito”
Melhor música: Mariana Yomared e Banda da Convenção de Malabares de Florianópolis em “Yomared”
Melhor montagem: Lufe Bollini em “Yomared”
Melhor edição de som: Ivan Lemos e Thiago Gautério por “Temporal”
 Melhor produtor (produtor-executivo): Ausang, Davi De Oliveira Pinheiro, Emiliano Cunha e Pedro Guindani por “Sob Águas Claras e Inocentes”
Menção honrosa: ao elenco do filme “Sob Águas Claras e Inocentes”, de Emiliano Cunha

FILMES

1947 (2017) – Porto Alegre Direção: Giordano Gio/ 20' O jovem Hermes, isolado em seu sótão, envolve-se em uma insólita espiral emocional depois de flagrar o suicídio de seu avô, de quem herdou o nome, a curiosidade, as contradições e uma estranha obsessão por tudo que aconteceu no ano de 1947.

Secundas (2017) – Porto Alegre Direção: Cacá Nazario / 16’ Uma fagulha pode incendiar uma pradaria.

Sob Águas Claras e Inocentes (2016) – Porto Alegre Direção: Emiliano Cunha/ 17’21’’ As últimas horas de um sujeito numa cidade que não mais o aceita. Sozinho e irrelevante, se despede daqueles que ama, enquanto reconstrói sua identidade e encontra a redenção e o renascimento ao mergulhar, livre, em águas claras e inocentes. Uma carta para nossa pátria mãe em seu leito de morte.

Solito (2017) – Porto Alegre Direção: Eduardo Reis / 5’ A Solidão segue um Morador de rua pela cidade.

Temporal (2016) – Porto Alegre Direção: Gabriel Honzik / 13’ No passado, uma mulher canta sobre saudade. No presente, uma menina tem um encontro inesperado. A torre do clube viu tudo desde o início.

Yomared (2017) – Porto Alegre Direção: Lufe Bollini e Mariana Yomared/ 15’00’’ O curta se estabelece na relação entre o diretor-montador e a bambolista Mariana Yomared, que convivem nos espaços do Palacete Bertiolli, onde atualmente (re)existe o Estúdio Lâmina. Uma relação afetuosa em que a câmera foi o dispositivo para uma singela observação sobre o feminino. O filme ainda é livremente inspirado no capítulo “O segredo como assassinos” do livro Mulheres que Correm Com os Lobos, da escritora e psicanalista Clarissa Pinkola Estés.

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Cine Dica: Em Cartaz: Monsieur & Madame Adelman



Sinopse: Victor e Sarah vivem um amor de altos e muitos baixos. Ela sempre está à sombra do marido e o relacionamento dos dois é permeado por traições, segredos e desentendimentos. Mesmo assim, Victor e Sarah estão juntos há 45 anos e ninguém entende como conseguiram ficar juntos durante todos esses anos.
Quando sinto falta de rir dentro do cinema me dou conta que o gênero se sustenta atualmente através de outros gêneros e acaba que perdendo a sua própria identidade. Porém, dentro do gênero, ainda existe os subgêneros, como no caso comédia dramática e comédia romântica. Se essa última anda atualmente desgastada, principalmente dentro do território americano, é através França que vem Monsieur e Madame Adelman para provar que o cruzamento de comédia com romance ainda pode gerar grandes frutos. 
Dirigido por Nicolas Bedos, acompanhamos as idas e vindas do casal Victor (o próprio Nicolas Bedos) e Sarah (a estreante Doria Tillier) que, através do mundo da literatura, acabam se apaixonando e se casando. Contudo, Sarah se vê na sombra do marido, do qual ganha frutos através dos seus livros, mas faz com que ao mesmo tempo transforme o seu casamento numa montanha russa de altos e baixos. Isso acaba desencadeando a verdadeira natureza da personalidade de ambos e culminando em revelações surpreendentes ao longo dos anos de relacionamento.
Para começo de conversa, é preciso tirar o chapéu para o cineasta Nicolas Bebos, pois mesmo estando atrás câmeras e atuando ao mesmo tempo, consegue criar um filme dinâmico e delicioso de se assistir. Mais do que uma cruzada sobre a vida de um casal, o cineasta é habilidoso ao colocar os principais eventos políticos e do mundo como pano de fundo e fazê-los com que eles façam parte fundamental da trama. Por conta disso, o cineasta consegue passar um perfeccionismo nas reconstituições de época que, embora apareçam sempre às datas dos períodos da história, nós conseguimos nos localizarmos através da moda, dos cabelos dos personagens e de uma fotografia que sintetiza cada período.
Mas toda essa parte técnica não funcionaria se o casal central não nos conquistasse de imediato e é exatamente isso o que acontece. Através de um grande flashback, conhecemos quando eles se conheceram, se apaixonaram, mas ao mesmo tempo conhecendo as ambições de ambos. Logo de cara percebemos que Victor é um amante da literatura e do qual sofre quando não consegue adquirir os seus sonhos através da escrita. Já Sarah, não só se torna o seu amor na trama, como também uma pessoa que o inspira para que ele consiga alcançar os seus objetivos.
Porém, diferente da maioria das comédias românticas, principalmente se formos comparar com as comédias previsíveis norte americanas de hoje, o filme se envereda para um contexto que mais lembra, por exemplo, os melhores momentos da carreira de Woody Allen. O divertido é assistirmos a perspectiva de ambos com relação ao relacionamento: de um lado temos Victor desabafando sempre com o seu psiquiatra e do outro vemos Sarah, já envelhecida, contando inúmeras verdades sobre o seu casamento para um jornalista e revelando inúmeras situações que beiram a um humor negro caprichado e que nos faz rir do começo ao fim.
Mas são nos desdobramentos da trama que é revelado as verdadeiras facetas do casal central e fazendo com que isso se torne o maior trunfo do filme. Se por um lado Victor demonstra todos os sinais frágeis de um homem em busca de um relacionamento e de uma carreira perfeita, por outro lado, temos Sarah que, aos poucos, dá sinais de que desde o principio tinha controle com relação ao que queria no relacionamento e em sua vida profissional. Posso estar sendo precipitado em dizer isso, porém, não me surpreenderia se Sarah viesse a ser uma das personagens femininas mais complexas do cinema atual e muito se deve ao magnífico desempenho de Doria Tillier. 
É graças ao desempenho dela, aliás, que ficamos tendo inúmeros sentimos em conflito com relação à Sarah. Não sabemos se amamos ou a odiamos com relação aos caminhos que ela trilhou tanto para tanto manter o relacionamento com Victor, como também ao contornar os obstáculos que nasceram desse relacionamento e sair da história de uma forma limpa e sem nenhum remorso. Os minutos finais ficam na memória de quem assiste e que com certeza gerará inúmeros debates após a sessão terminar. 
Com uma maquiagem e reconstituição de época primorosa, Monsieur & Madame Adelman é uma comédia que lhe faz rir, se emocionar e refletir sobre os relacionamentos conflituosos de ontem e hoje.

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Cine Especial: Filmes e Sonhos: Parte 4



Nos dias 16 e 17 de setembro eu estarei na Cinemateca Capitólio de Porto Alegre, participando do curso Cinema e Sonhos, criado pelo Cine Um e ministrado pelo Psicanalista Leonardo Della Pasqua. Enquanto os dias da atividade não chegam, estejam por aqui comigo, para mergulhar nos melhores exemplos cinematográficos e dos quais tentam retratar um pouco esse nosso universo do sonhar.


Suspense, Sonhos, Delírios e o  lado mais Fundo do nosso Subconsciente

Numa das postagens anteriores eu havia destacado Quando Fala o Coração (1945), filme de Alfred Hitchcock, do qual ele obteve ajuda do artista Salvador Dali, onde juntos criaram uma cena e da qual ela poderia ser um retrato fiel de um sonho ou de uma representação do cenário mais fundo do subconsciente do ser humano. Porém, essa exploração dos significados dos sonhos, ou até mesmo de uma mente complexa ou febril, acabou não sendo a última vez que o mestre do suspense exploraria. Abaixo, cito quatro filmes, dos quais ele vai novamente a fundo dentro da mente, das fantasias do ser humano e que com certeza um desses será destaque no curso do Cine Um.           



 Rebecca: A Mulher Inesquecível (1940)



Sinopse: Uma jovem de origem humilde (Joan Fontaine) se casa com um riquíssimo nobre inglês (Laurence Olivier), que ainda vive atormentado por lembranças de sua falecida esposa. Após o casamento e já morando na mansão do marido, ela vai gradativamente descobrindo surpreendentes segredos sobre o passado dele.


Primeiro grande sucesso de Alfred Hitchcock nos EUA em 1940 (e único da sua carreira a ganhar Oscar de melhor filme) explora os significados das verdades e mentiras através das sombras do passado. Um dos maiores méritos desse filme seja pelo fato da protagonista nunca aparecer de fato. Rebecca está morta, mas os restantes dos personagens trama vivem, para o bem e para o mau, sobre sua sombra. Até o final da projeção fica a pergunta quem foi realmente essa mulher? 
Joan Fontaine e Laurence Olivier esbanjam talento a todo o momento, mas é Judith Anderson que consegue criar uma das mais assustadoras vilãs da historia do cinema interpretando Sra. Danvers empregada de Rebecca no passado.




Suspeita (1942)



Sinopse: A socialite Lina McLaidlaw está apaixonada. Ela suspeita que Johnnie Aysgarth, o playboy que entrou na sua vida e casou com ela, é um assassino - e que ela poderá ser sua próxima vítima.

 

Suspeita de Alfred Hitchcock combina de maneira inteligente romance, mistério e uma incrível atmosfera (como um estranho e incandescente copo de leite, efeito possível graças a uma lâmpada acesa colocada dentro do vidro). Joan Fontaine vive a vulnerável e neurótica Lina, depois de ser aclamada por seu trabalho em Rebecca, também de Hitchcock, numa incrível desempenho que lhe rendeu o Oscar e o Prêmio de Melhor Atriz segundo o New York Film Critics Award, em 1941. Vivendo um papel bem diferente do seu estilo, Cary Grant interpreta Johnnie, um trapaceiro e charmoso esbanjador. Mas seria ele também um assassino? Como um copo que pode ou não conter veneno, as palavras e atos de Johnnie podem ou não ser bem ameaçadores.

Curiosidades: Alfred Hitchcock originalmente queria Johnnie como o culpado, mas o estúdio achou que o público não aceitaria Cary Grant como um assassino. Alfred Hitchcock parece no filme enviando uma carta no posto dos correios da cidade.

 

Um Corpo que Cai (1958)



Sinopse: Em São Francisco, um detetive aposentado (James Stewart) que sofre de um terrível medo de alturas é encarregado de vigiar uma mulher (Kim Novak) com possíveis tendências suicidas, até que algo estranho acontece nesta missão.


Alfred Hitchcock era um caso raro de diretor que dificilmente fazia um filme ruim (talvez o Terceiro Tiro fosse um deles) criando assim uma infinita lista de ótimos filmes, onde cada um deles possui cenas inesquecíveis. Muitos consideram Psicose sua obra prima, mas acho que Um Corpo que Cai se supera por criar uma trama que possui tantas camadas para serem descascadas que quando chegamos ao verdadeiro enigma da trama, ficamos estupefatos com o fato de termos sido manipulados tanto quanto o próprio personagem de James Stewart.

Curiosidades: O diretor Alfred Hitchcock aparece em cena aos exatos 11 minutos de Um Corpo Que Cai, caminhando com um terno em frente ao estaleiro de Gavin Elster. Na época recebido pela crítica com reservas, hoje Um Corpo Que Cai é considerado a obra-prima de Hitchcock.

 

Marnine: Confissões de uma Ladra (1964)



Sinopse: Mark Rutland (Sean Connery) apaixona-se por uma funcionária (Tippi Hedren) de sua empresa. Ela de fato é linda. Mas sua especialidade é utilizar falsas identidades e disfarces para aplicar grandes golpes em empresários, levando deles somas consideráveis. Ao descobrir que foi roubado, Mark tem uma atitude inusitada: casa-se com a ladra. Ele descobre que seu verdadeiro nome é Marnie, e que ela tem uma profunda aversão por homens. Casou-se apenas para não ser presa. Por trás das estranhas atitudes de Marnie, há um terrível segredo, do qual ela mesma não tem consciência. Mas Mark está disposto a descobri-lo.

 

Outro dos quase insuperáveis suspenses psicológicos de Alfred Hitchcock. Baseado no romance Winston Graham e valorizado pela interpretação de Connery. Apesar de um tanto lento, mais pesado do que o outro filme do mestre do gênero, é bem desenvolvido algumas das suas características como a dubiedade dos comportamentos, das reviravoltas da trama e seu especial sentido da sexualidade. 

Curiosidades: Tippi Hedren, estrela de Hitchcock revelada em "Os Pássaros", é mãe da atriz Melanie Griffith e Bruce Dern, também no elenco, é pai de Laura Dern, de "Parque dos Dinossauros. A música foi composta por Bernard Herrmann, curiosamente o responsável pela maioria das trilhas sonoras do mestre do suspense, como "Psicose", "O homem que sabia demais"e "Festim Diabólico".
 

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