Nos dias 11 e 12 de
março eu estarei participando do curso de cinema Ettore Scola: Um Cineasta
Muito Especial, criado pelo Cine Um e ministrado pela pesquisadora e professora
nas áreas de Análise, Teoria, Crítica e História do Cinema Fatimarlei
Lunardelli. Enquanto os dias da atividade não chegam, por aqui eu irei falar um
pouco desse cineasta que, através dos seus filmes, soube prestar homenagem ao
melhor da história do cinema Italiano e do seu próprio país.
Nós Que Nos Amávamos Tanto (1974)
Sinopse:Três
italianos, Gianni (Vittorio Gassman), Nicola (Stefano Satta Flores) e Antonio
(Nino Manfredi) se tornam muito amigos durante o ano de 1944 enquanto combatem
os nazistas. Cheio de ilusões, eles se estabelecem depois da guerra. Os três
amigos idealistas precisam lidar com a inevitável desilusões da vida no
pós-guerra da Itália.
Nós que nos Amávamos
Tanto é uma das obras máximas de Ettore Scola. O filme retrata trinta anos na história da Itália (1945-1975) e na vida de três grandes
amigos: Gianni, Antonio e Nicola. Da resistência à ocupação nazista ao
engajamento político nos anos 60, acompanhamos as aventuras, desventuras e desilusões
amorosas de uma geração que sonhava em mudar o mundo. Com uma linda homenagem a
Federico Fellini, Nós que nos Amávamos Tanto tem como destaque ainda as
atuações memoráveis de Vittorio Gassman, Nino Manfredi e Stefania Sandrelli. Um
filme para ver e rever muitas vezes.
Feios, sujos e
malvados (1976)
Sinopse:Roma, Itália.
Giacinto Mazzatella (Nino Manfredi) vive em um barraco com sua esposa, dez
filhos e diversos outros parentes. Devido ao pouco espaço disponível, eles
dormem praticamente um ao lado do outro. Giacinto guarda uma boa quantia em
dinheiro mas, temendo ser roubado, sempre o mantém escondido. Isto irrita sua
família, que não pode usá-la para melhorar um pouco de vida. A situação chega
ao limite quando Giacinto leva para casa sua amante, o que faz com que a
família passe a planejar seu assassinato.
Resistindo com vigor
à passagem do tempo, Feios, Sujos e Malvados traz uma visão claustrofóbica e
cruel da miséria revelada com frescor político e social. Ettore Scola é um
cineasta de características neo-realistas, com abordagem crítica da realidade
italiana, cuja maestria fílmica transforma a produção em obra envolvente para
todos os espectadores. O elemento que serve de guia para dinamizar o enredo é a
relação conflituosa dessa família extremamente pobre.
Nesse aspecto, outros
aspectos são tratados como a questão da violência doméstica, o machismo, a
banalização da vida e a idéia do individualismo. Embora fosse uma família o
único momento em que há uma “confraternização” digna desse nome é o almoço com
Giacinto em que todos se reúnem para uma macarronada em que pese a do velho
estivesse temperada com veneno de rato. Cenas que traduzem em cinema a brutalizarão do homem pelo homem, e a
violência indistinta entre os membros da família.
O filme convida também a uma
reflexão por analogia. Ele ensina que seja na Itália da década de 70, seja nas
favelas do Brasil do século XXI, essa realidade persiste intocada. E a resposta
da sociedade também se mantém a mesma, isto é, repressão, estigmatizarão social
e descaso político.
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